quarta-feira, 26 de agosto de 2020
O PARALÍTICO E SEUS AMIGOS
terça-feira, 18 de agosto de 2020
FIGUEIRA QUE SECOU
Mt. 21.18-22
18-De manhã, quando Jesus estava
voltando para a cidade, ele teve fome.
19-E vendo uma figueira na beira da
estrada, ele foi até lá para ver se achava alguns figos, mas não achou nada,
somente folhas. E ele disse a ela: "Que nunca mais você dê frutos!" E
a figueira secou imediatamente.
20-Os discípulos ficaram maravilhados
quando viram isso e disseram: "Como a figueira secou tão depressa?”.
21-E Jesus respondeu a eles: “Eu falo
a verdade a vocês: Se vocês tiverem fé e não duvidarem, não somente poderão
fazer o que foi feito à figueira, mas até se dizer a este monte: ‘Levante-se e
jogue-se no mar’, e isso acontecerá”.
22-”E qualquer coisa que vocês
pedirem em oração, se crerem, vocês receberão”.
******************************************************************************************Introdução: Esse
acontecimento, narrado nos evangelhos de Mateus e Marcos, é muito rico em
ensinamentos de Jesus. Em uma leitura superficial, podemos ficar surpresos e
até mesmo confusos com a atitude de Jesus perante a figueira sem frutos.
Na narrativa do evangelho de Marcos, uma
informação importante é acrescentada: não era tempo de figos (Mc 11:13).
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I ASPECTO
DO MILAGRE
1-A figueira é um símbolo (Mt. 21.19b).
·
No caso da
figueira, os frutos aparecem antes da árvore ficar repleta de folhas.
·
O fato dessa
figueira apresentar folhas, indicava que ela já teria frutos também.
·
Compreendemos que
Jesus não amaldiçoou a figueira pelo simples fato dela não apresentar frutos,
mas sim pela sua aparência enganosa de “frutífera”.
·
Essa não foi um
ato impensado de indignação, mas uma representação, uma parábola.
·
Jesus estava
demonstrando sua ira diante de uma religião vã.
·
Assim como a
figueira causava boa impressão a distancia, mas se mostrava infrutífera quando
examinada de perto.
·
O templo parecia
imponente à primeira vista, mas seus sacrifícios e outras atividades eram
vazias, porque não visavam adorar a Deus sinceramente (Mt. 21.43).
·
Os
maiores inimigos de Jesus foram os mestres da Lei e os fariseus, que
aparentavam ser algo, que na realidade não eram.
·
Eram
“homens de Deus”, conhecedores da Lei
e religiosos, porém tudo isso não passava de aparência.
2-A figueira deve dar frutos
·
Aqueles que
ostentam sua fé, sem coloca-la em pratica, são semelhantes à figueira que secou
e morreu por não produzir frutos.
·
Tramavam
matar Jesus. Várias vezes, Jesus os chama de hipócritas (Mt 23).
·
Uma pessoa hipócrita é dissimulada, finge ser
algo que não é.
·
Ter uma fé
genuína significa produzir frutos para o Reino de Deus.
·
A
figueira também é usada na Bíblia para representar a nação de Israel (Mq 7:16;
Jr 8:13 e 24:3-7; Mt 24:32-33).
·
Apesar
dessa nação, ao decorrer da história, ter experimentado o sobrenatural de Deus,
Israel não reconheceu Jesus como o Messias.
·
Era uma nação estéril espiritualmente.
3-A figueira alimenta outros (Mc. 11.14).
·
A figueira seca tinha toda a aparência de uma árvore frutífera.
·
Suas folhagens atraíam os desavisados, praticando assim um
tipo de “farisaísmo vegetal”.
·
Tinha aparência de ter, mas não tinha.
·
Parecia ser, mas não
era.
·
E enganava, iludia, passava por algo que não era, que não
possuía.
·
O exterior estava
lindo, cheia de folhas verdinhas, enquanto que as outras árvores, devido a
estação do ano, estavam todas peladas, sem folhas alguma.
·
Interessante que o Mestre, contra as outras
figueiras, que estavam sem folhas e sem frutos, de nada reclama.
·
As outras figueiras estavam sem frutos,
porém apresentavam sua imagem verdadeira, sem querer se
passar por algo que não eram.
·
Estavam sem folhagens; quem as vissem saberiam que
não encontrariam figos nelas.
·
Muitos religiosos Israelitas, apesar de terem testemunhado
tantos favores divinos através dos séculos, tantos milagres e livramentos,
insistiam em apresentar sob sua cultura, uma aparência
religiosa e superficial, mas infelizmente, desprovida de frutos de arrependimento.
·
Eles queriam ser vistos pelos homens como melhores, mais
justos, mais adoradores, que oravam
mais, que
jejuavam mais, que se sacrificavam mais.
II O QUE REVELA SOBRE JESUS
1-Ele tem direito
(Mt. 21.18).
·
A
parábola da figueira estéril nos dá um importantíssimo ensinamento.
·
Somos
todos filhos do nosso Pai celeste, somos iguais.
·
Não há ninguém “melhor do que ninguém”.
·
Se nos
submetermos em amor às águas do Espírito Santo, em igualdade, em irmandade,
Ele o nosso agricultor, cuidará de nós, para que no tempo certo,
apresentemos nossos frutos em amor.
· No tempo certo, de tempos em tempos, frutificai.
·
Ante o susto dos
Apóstolos, o Senhor evita comentar a questão da figueira seca em si, mas lhes
incute o valor da oração.
·
Ela é muito
poderosa quando feita com fé ardente (cf. Mt 17,19), e é atendida não conforme
os nossos caprichos, mas, sim, segundo a vontade de Deus.
·
Ele, por exemplo, não afasta o cálice de
Cristo – a Paixão – como Este pede (cf. Mc 14,36-37), mas Lhe dá algo muito
maior.
·
O faz vencedor da morte e – mais que isso –
Senhor dos vivos e dos mortos (cf. Hb 5,7; Ap 2,8).
2-Ele tem expectativa (Mc. 11.13).
·
Tudo fica mais fácil se interpretarmos a
figueira como o sistema do Templo de Jerusalém, que não respondia mais as
propostas divinas, com seus sacrifícios, prescrições, festas anuais, e
separação de pessoas entre puros e impuros.
·
Esta maldição de Jesus que faz a figueira secar,
está profetizando que Jerusalém será castigada e o castigo atingirá toda a nação escolhida
por Deus.
·
Marcos compara o sistema do Templo a figueira com
exuberante folhagem verde, mas que não produzia mais frutos era estéril.
·
O Judaísmo da época de Jesus, com o esplendor de
Templo, de seus Cultos, com praticas religiosas feitas na perfeição, desejando
ardentemente a chegada do Messias está prevendo uma safra superabundante de
frutos, que seria o amor a Deus, o fazer sua vontade e abertos a salvação do
Messias.
·
A maldição da figueira feita por Jesus
nos fala em uma grande ameaça: Deus não
suporta está situação, Ele vai ferir o povo eleito, com uma punição severa,
pois seu povo não correspondia mais a seus designíos, estava estéril.
·
Marcos nos apresenta mais uma de suas já
conhecidas inclusões, em que intercala dois textos aparentemente independentes,
mas teologicamente implicados.
·
No relato seguinte, Jesus amaldiçoa uma
figueira sem fruto.
·
(A), expulsa os vendedores que simbolizam um sistema
religioso igualmente infrutífero.
·
(B) e finalmente retorna ao destino da figueira
que, sem fruto, não servem para nada.
3-Ele
julga (Mt. 21.20).
·
Pela manhã, novamente no caminho, na intimidade
do discipulado, Jesus e os discípulos passam pela figueira – agora ressecada “até a raiz” (v. 20).
·
Pedro nota o acontecido e interroga Jesus (v.
21).
·
O Mestre
começa sua resposta por aquilo que faltava no Templo e que o fará secar, cedo
ou tarde: “Tem fé em Deus” (v. 22).
·
E
explica o sentido da fé e da oração: é já a realização esperançosa daquilo que
se pede a Deus (v. 23-24); ou o exercício da gratuidade e do perdão, tal como
os experimentamos do Pai (v. 25).
·
Não se
trata de mesquinhez, troca ou usura, como no Templo, há pouco.
·
Mas da generosidade e da misericórdia – frutos genuínos da fé e da oração.
III ENSINAMENTOS
1-Aparencia não serve (Mt. 21.19b).
·
De fato, os sistemas religiosos de todos os
tempos correm o mesmo risco.
·
Por
tratarem daquilo que as pessoas consideram e buscam como mais sagrado, as
religiões e as autoridades religiosas podem se esquecer de seu papel de “dispensadores do mistério” e
“administradores generosos da graça de Deus” (1 Pe. 4,10-11).
·
Em vez
disso, podem se tornar proprietários mesquinhos e gananciosos, disponíveis a
todo tipo de negociata em troca dos bens sagrados; antros de corrupção e
adulteração; distribuidores de culpas e misérias àqueles que buscam refúgio e
misericórdia; focos de poder tirano que esmaga em vez de fazer viver – tudo em
nome do Deus que pretendem representar.
·
Aos
olhos de Jesus, são apenas figueiras sem fruto. E, por mais belas que sejam
suas folhas, seu destino é um só: a
maldição.
2- Frutos sinalizam maturidade
(Mt. 21.21).
·
Também nisso Jesus é um “Messias inesperado”, pois não vem dar novo alento às instituições
clássicas de Israel.
·
Se não é
um “Messias–Rei”, também não é um “Messias–Sacerdote”.
·
O Templo tinha finalidade basicamente
penitencial.
·
Digno de
castigo segundo a Lei, o pecador oferecia no Templo uma vítima em seu próprio
lugar, para expiação da culpa cometida e reconquista do favor de Deus.
·
A execução do sacrifício era condição para
reconquistar a pureza moral e, em certa medida, a cidadania civil.
·
O que Marcos
nos diz é que, a partir de Jesus, todos têm acesso à misericórdia de Deus, sem
pessoas ou instituições que se interponham como condição indispensável e
quantificadora desse perdão divino.
·
A fé e o coração contrito, expressos na oração
sincera, são a única condição para acolher o perdão que Deus sempre concede a
todos quantos os busquem.
·
Há lugar para a instituição religiosa?
·
Sim, desde que em função da manutenção e
aprofundamento dessa Aliança – graça de Deus e acolhida pessoal.
3-Fruto
que Deus quer (Mt. 21.22).
·
Esse versículo não é a garantia de que podemos
obter qualquer coisa se, simplesmente, pedirmos a Jesus e crermos.
·
Deus não concede favores que possam ferir alguém
ou que violem a vontade e a natureza divina.
·
A afirmação de Jesus não é um cheque em branco.
·
Para serem concedidos, nossos pedidos devem
estar em harmonia com os princípios do Reino de Deus.
·
Quanto maior for a nossa fé e quanto mais as
nossas suplicas estiverem de acordo com a vontade de Deus, mais ELE FICARÁ
FELIZ EM ATENDÊ-LAS.
Pr. Carlos Borges (CABB)