Luc 10.30-36
Introdução: “A pior coisa que pode
acontecer a um ser humano é ele se enclausurar dentro do próprio ego. É viver
alheio ao sofrimento do próximo. É viver apenas para sua própria satisfação.”.
I CARACTERÍSTICA DA
PARÁBOLA
1- O Contexto
·
Muitos se dizem religiosos, cristãos, mas não
desejam nenhum comprometimento com os problemas dos outros. Isto é negação de
religião, isto é negar a Cristo.
·
Muitos julgam que devam ajudar aos seus
familiares, seus parentes, colegas e amigos, e nada mais. O seu círculo de amor
é muito limitado, sua atuação muito restrita.
·
Na concepção cristã, o nosso próximo não está
limitado à nossa família, nossas amizades, nossa raça. Nosso próximo é todo
aquele que necessita de auxílio e quem podemos ajudar.
·
A parábola nos ensina que a verdadeira religião
é a prática do amor. É crer fazendo. É viver o que crê, e fazer o bem que se
deve fazer. Tiago diz: "A religião pura e sem mácula, para com o nosso
Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações."
Tiago 1:.27.
·
Não achamos que vale a pena gastar nosso tempo,
energia, disposição.
·
No
fundo, não queremos nos envolver porque pensamos “cada um por si, Deus por todos”.
·
O QUE É SEU É SEU, MAS O QUE É MEU PODE SER SEU
TAMBÉM - O bom samaritano enxergou o outro como parte de si. Ele entendeu o
verdadeiro sentido do reino de Deus.
2-Os Samaritanos
·
Os
samaritanos eram um grupo religioso que tinha conflito com os judeus no tempo
de Jesus. Eles viviam na região de Samaria e misturavam o
judaísmo com outras crenças.
·
Jesus
escandalizou muitos judeus porque não rejeitava os samaritanos.
·
Os
samaritanos surgiram quando o povo de Israel se misturou com pessoas de outros
povos e crenças.
·
Depois do reinado de Salomão, o povo de Israel
se dividiu em duas nações: Israel e Judá
(1 Reis 12:20).
·
Em Judá o povo continuou a adorar a Deus em
Jerusalém, mas em Israel o povo se virou para a idolatria e misturou a adoração
a Deus com outras religiões.
·
A capital do reino de Israel era Samaria.
·
Depois de muito tempo de idolatria, o reino de
Israel foi conquistado pelo rei da Assíria. Muitos israelitas foram deportados
para outras partes do império assírio e pessoas de outras nações conquistadas
foram colocadas em Samaria (2 Reis 17:23-24).
·
Os novos habitantes de Samaria aprenderam sobre
Deus, mas misturaram o judaísmo com a
adoração de outros deuses.
·
Os judeus que restaram em Samaria se misturaram
com os novos habitantes e surgiram assim os samaritanos.
3- O Conceito do próximo
·
Quem é o nosso próximo? A quem realmente devemos
nos importar e demonstrar o nosso amor cristão?
·
Jesus contou esta história ao um doutor,
"Intérprete da Lei" (V.25) a quem demonstrava que o único caminho
para a vida eterna era : "Amar a
Deus em primeiro lugar e amar o próximo como a si mesmo. A isto o doutor
perguntou, “E quem é o meu próximo”?
·
Próximo não está relacionado com distancia, mas,
sim com disponibilidade de fazer um bem, a quem estiver necessitando do mesmo.
·
É uma questão de amor ao seu semelhante, é ter
compaixão, misericórdia, ajudar quem está necessitado.
·
Na história do Bom Samaritano, os indivíduos não
são identificados pelos nomes, mas caracterizados pelas funções e ações.
·
O homem
assaltado é um anônimo: talvez um viajante, um desempregado em busca de
trabalho; quem sabe um boia-fria.
·
Enfim, é alguém carente, desprotegido,
marginalizado, sem amigos, sem dinheiro, sem família - sem ninguém - a sós no
mundo, como milhões de outros por aí. Lá está ele: jogado à beira da estrada,
caído na sarjeta abandonado.
II LIÇÕES DA PARÁBOLA
1-As três Filosofias de vida.
·
Os
assaltantes pensavam da seguinte maneira: O que é meu é meu; o que é teu deve ser meu também.
·
Esse tipo de mentalidade olha para o próximo com
a intenção de tirar vantagem dele.
·
Está
certo que poucos de nós chegaríamos ao ponto de assaltar alguém, mas quantas
vezes não nos aproximamos de alguém para conseguir alguma coisa para nós
mesmos?
·
Quantas vezes não cobiçamos aquilo que é do
outros, sentindo inveja de seu sucesso, de sua casa, de sua família?
·
Essa mentalidade egoísta sempre nos levará para
longe de Deus e para longe de qualquer felicidade verdadeira.
·
O pensamento do levita e do sacerdote pode ser expresso da seguinte
forma: O que é meu é meu; o que é seu é
seu.
·
O levita e o sacerdote representam as pessoas
religiosas, que conhecem a lei de Deus detalhadamente, mas não entendem o real
sentido dela.
·
Provavelmente o homem que foi assaltado na
parábola estava sujo de sangue, ferido.
·
Se os
religiosos tivessem tocado nele ficariam “impuros
cerimonialmente” e não poderiam entrar no templo.
·
Por isso, preferiram passar ao largo, cuidar de
sua própria vida.
·
Muitas vezes nos esquivamos daqueles que
precisam de ajuda porque não queremos tocá-los.
2- A Religiosidade que aliena
·
Hoje, o que importa é anunciar um Cristo
milagreiro, que soluciona qualquer problema pessoal, que é capaz de promover
riquezas, curas, bem-estar pessoal etc.
·
Há uma verdadeira dosagem de alienação a partir
do culto, da pregação da palavra e das músicas.
·
O culto ou a celebração gira em torno de
louvores, orações prolongadas desvinculadas da vida sofrida do povo, aplausos,
choros, lágrimas, pula, pula, gritaria, chegando às vezes ao histerismo.
·
No dicionário Aulete Digital, a pessoa religiosa
é um religioso, e o religioso é o seguidor de uma religião.
·
Vejamos bem o significado de tal religiosidade,
o religioso crê e segue uma religião, ou seja, algo criado por homens.
·
Nós que nos chamamos cristãos temos por
obrigação ser igual a Cristo, isso implica que somos seguidores da Palavra de
Deus, independente de nossa denominação, antes somos cristãos.
3-Ortodoxia sem Misericórdia nada vale
·
O que significa Ortodoxia - É a condição de cumprimento
absoluto com todas as decisões, preceitos e ideais de certo padrões ou dogma
considerado tradicional, de modo rigoroso e rígido.
·
Este termo é normalmente associado a uma
doutrina cristã, que é caracterizada por seguir rigorosamente todas as normas
tradicionais da igreja.
·
A ação social não é um substituto do evangelho,
mas uma demonstração de sua eficácia. As boas obras não são a causa de nossa
salvação, mas o resultado dela. Somos salvos pela graça, mediante a fé, para as
boas obras. Não somos salvos pela fé mais as obras, mas somos salvos pela fé,
para as boas obras. Destacaremos três verdades solenes sobre esse magno
assunto:
·
Em primeiro lugar, a igreja é o povo que
manifesta ao mundo a misericórdia de Deus. A igreja alcançada pela graça
demonstra ao mundo a misericórdia divina, através de atos concretos de bondade.
·
Em segundo lugar, a igreja é o povo que
demonstra o seu amor por Deus ao amar de forma prática os necessitados. Não
podemos dizer que amamos a Deus a quem não vemos se não amamos o nosso próximo
a quem vemos.
·
Em terceiro lugar, a igreja é o povo que faz do
socorro ao necessitado um culto de adoração a Deus. O apóstolo Paulo chamou a
oferta recebida da igreja de Filipos de sacrifício aceitável e aprazível a Deus
(Fp 4.18).
III CONCLUSÃO DA PARÁBOLA
1-Omissão e pecado
·
A falta de amor pode ser um tipo de pecado(1 Jo
4.7). Outra forma muito comum é o pecado de omissão.
·
Essa forma de transgredir as leis divinas,
muitas vezes, é ignorada entre o povo de Deus.
·
Porém, as consequências do seu julgamento não
serão menores diante do Altíssimo (Mt 25.31-46).
·
Não é apenas deixando de obedecer à lei expressa
de Deus que incorremos em pecado, mas de igual modo, quando omitimo-nos de
fazer o bem, pecamos contra Deus e a sua justiça (Lc 10.25-37; Jo 15.22,24).
·
Sendo assim, se podemos fazer o bem e não
fazemos estamos sendo tão pecadores quantos aqueles que fazem o mal e o
problema maior é que jamais conseguiremos esconder isso de Deus, ou seja, Ele
sabe muito bem tudo aquilo que podemos e não podemos, já que é Ele que nos
capacita e nos dá todas as condições de continuar.
2-O herói foi o samaritano
·
O samaritano sabe o que é sofrer, ele foi de
certo modo hostilizado pelos judeus, alguns samaritanos podem até terem sido
espancados pelos seus algozes (judeus).
·
Esperava-se deles(judeus) que fossem praticantes
da palavra de Deus, pois a conheciam. Eles sabiam o que tinham de fazer.
·
Já o
samaritano era considerado pelos judeus uma pessoa de segunda qualidade,
indigna, pois eram inimigos.
·
O detalhe
da história é que o sacerdote e o levita nem ligam para o homem que acabara de
ser assaltado e agredido, mas o samaritano faz de tudo para salvar esse homem.
·
Quando o amor está acima do nosso comodismo,
interesse, fazemos muito mais do que precisa ser feito.
·
O amor é o combustível da caridade, sem amor a
caridade não anda.
3- Vai e faz o mesmo
·
A importância da parábola do bom samaritano para o cristianismo é
algo muito proveitoso, que a nossa mente, não consegue entender.
·
Jesus Cristo utilizou um exemplo fantástico para ensinar sobre o
segundo mandamento.
·
Ele nos apresenta a
essência do que significa amar ao próximo.
·
Quem é o nosso próximo e como devemos tratá-lo.
·
A minha distancia para Deus, deve ser a mesma para o meu próximo,
e vice versa.
·
Em nossos dias é possível que no lugar do sacerdote e do levita,
Jesus Cristo colocasse um padre ou um pastor. E para o lugar do samaritano, um
representante dos grupos minoritários: negro, homossexual, índio, latino,
cigano, pobre, etc.
·
Forte não?
·
Essa era a intenção de
Jesus na parábola. Não importa quem é a pessoa ou o que ela faz, se é um ser
humano, é meu (nosso) próximo.
Pr. Carlos Borges (CABB )
Nenhum comentário:
Postar um comentário