NOEMI RETORNA A BELÉM

 

Rt.1.6-22

Introdução: Em Rute 1 vemos o ponto de partida para o desenrolar de toda a história deste livro. O marco inicial é Elimeleque e sua esposa, Noemi. Junto com seus filhos, que empurrados pela fome, eles partem para os campos de Moabe e lá permanecem por dez anos.

 I PERSONAGENS PRINCIPAIS

1- Noemi (Rt.1.20)

1.      Elimeleque e Noemi, em meio ao caos da fome, decidem abandonar suas raízes para buscar refúgio em Moabe.

2.       Ao invés de buscar auxílio em Deus e no seu povo, seguiram seu entendimento e abandonaram sua fé.

3.      Seus filhos se casaram com moabitas, esquecendo-se dos ensinamentos do Senhor.

4.      Deus, no perfeito orquestrar de suas vidas, permite que Noemi se torne viúva e perca seus filhos.

5.      Ela sentindo-se vazia: “...Não me chamem de Noemi, mas de Mara, porque o Todo-Poderoso me deu muita amargura. Quando saí daqui, eu era plena, mas o Senhor me fez voltar vazia” (Rute 1.20, 21a).

6.      Noemi, engolida pelas circunstâncias da vida, se torna amargurada, e sua visão a respeito de quem Deus é se torna deturpada.

7.      “[A minha amargura é maior do que a de vocês, porque o Senhor descarregou a sua mão contra mim. ] .

8.      Por que, então, querem me chamar de Noemi, se o Senhor deu testemunho contra mim e o Todo-Poderoso me afligiu?” (Rute 1.13, 21).

 2-Rute a moabita (Rt.1.16)

1.      Não insistas comigo, respondeu Rute, para que eu te deixe e me vá longe de ti.

2.      Aonde fores eu irei; aonde habitares, eu habitarei.

3.      O teu povo é meu povo, e o teu Deus, meu Deus, Rt. 1:16.

4.      Pois todos os teus pedidos não podem abalar a resolução que tuas instruções, dadas anteriormente, fizeram em mim. 

5.      Para onde você for, eu irei – Embora para um país que eu nunca vi, que fui ensinado a desprezar, e muito distante do meu país.

6.       Onde tu alojares, eu alojarei – Embora seja em uma cabana; antes, embora não houvesse alojamento melhor do que Jacó quando colocou as pedras no travesseiro. 

7.      Teu povo será o meu povo – pois, julgando pelo que tenho visto em ti, concluo que devem ser um povo sábio e compreensivo, e me sentirei feliz se for considerado um deles, pode estar associado a eles, e conformado com eles. 

8.      E teu Deus será meu Deus – adeus a Chemosh e a todos os deuses de Moabe, que são vaidades e mentiras.

9.       Adorarei o Deus de Israel, o único Deus vivo e verdadeiro; confiará somente nele, o amará e o servirá sozinho, e em tudo será comandado e governado por ele.

 3-Boaz (Rt.2.1)

1.      Em Rute 2 vemos como a bondade do Senhor começa a interferir na vida de Noemi e Rute.

2.      A partir da disposição de Rute para colher espigas nos campos, exercendo o direito do órfãos e das viúvas de apanhar o que caísse no campo, algo que era lei em Israel, o Senhor Deus abriu generosas portas para elas.

3.      A história delas já era conhecida em toda a comunidade, e quando ela estava colhendo, chegou Boaz, a quem a Bíblia chama de “homem valente e poderoso”. 

4.      Ele era um bom homem, amado por seus servos e temente ao Senhor.

5.      Ele foi generoso com ela, dando-lhe muito mais do que a lei exigia e ordenou a seus servos, que permitisse que ela colhesse em todo o campo.

6.      Rute agradeceu a generosidade de Boaz com muita humildade e submissão.

7.      Noemi exaltou ao Senhor por isso, e lembrou que Boaz era um de seus resgatadores.

8.      Isto significava que caso ele desejasse, poderia pedir ao anciãos de Israel para exercer o direito de resgate e casar com Rute.

 II RETORNANDO A BELÉM

 1-Boas Noticias de Belém (Rt.1.6)

1.      Estando em Moabe, Noemi ficou sabendo que a fome em Belém havia terminado.

2.      Sendo uma viúva com laços familiares que a prendiam àquela cidade, preparou-se para voltar para casa.

3.      Saiu, pois, ela com suas duas noras.

4.       As jovens eram tão apegadas à sogra, que quiseram deixar sua própria pátria para irem com ela a Belém.

5.      Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe. 

6.      Noemi achou que não seriam sábias se as duas jovens deixarem Moabe, sua terra natal.

7.       Elogiou-as pela lealdade para com os seus maridos falecidos e para com ela mesma, e insistiu a que ficassem em sua terra natal.

8.      Noemi achou que as jovens gostariam de tornarem a se casar.

9.       Como foram leais no tempo da adversidade, orou a Deus que lhes desse dias de prosperidade e bênçãos em um segundo casamento.

 2-O Retorno das viúvas (Rt.1.7)

1.      Noemi sugeriu que as duas noras voltassem às suas origens.

2.       Mostrou-lhes o quanto seria difícil estar com ela, e insistiu para que voltassem às suas famílias.

3.      “Então, levantaram a sua voz e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra; porém Rute se apegou a ela” (Rt 1.14).

4.      Orfa, viúva de Quiliom, “beijou a sua sogra”, despediu-se, e foi embora para sua família, e “aos seus deuses” (Rt 1.15).

5.      Mas Rute demonstrou outra atitude.

6.       Preferiu acompanhar sua amada sogra.

7.      Uma situação critica duas viúvas, que estavam lutando pela própria sobrevivência.

8.      Noemi coloca as suas noras nas mãos de Deus.

9.      Uma retorna aos seus familiares, porém a outra se apega a Noemi, juntas retornam a Belém.

 

3-Declaração de Rute (Rt.1.16)

1.      Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe, e me obrigues a não seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; (Rute 1:16).

2.      Como ter certeza de que aceitamos a Cristo de verdade?

3.      O que significa primeiro amor?

4.      E como vou saber se meu “irmão” é um verdadeiro cristão? Como saber que ele não é apenas um falso convertido no meio da igreja?

5.      A resposta para tudo isso é simples, dor e perda.

6.      O sofrimento é a luz que revela quem aceitou a Cristo de verdade, quem ama a Deus de verdade, quem é falso e quem é verdadeiro.

7.      E qual é o sofrimento de Rute? Muitos.

8.      Na cultura daquele tempo, o homem mandava em tudo, inclusive no que a sua família iria acreditar.

9.      Quando Rute e Orfa, mulheres moabitas, aceitaram se casar com Malom e Quiliom, homens israelitas, elas estavam aceitando ao Deus de Israel.

10.    Elas sabiam que isso significa deixar de servir a Camos (deus dos moabitas), para servir a Jeová, Deus do céu e da terra.

11.    E agora que morreram os homens na família, ficando apenas as 3 mulheres (Rt 1:1-6);

12.    Rute e Orfa precisam tomar uma nova decisão, ir com Noemi para Belém, ou ficar em Moabe.

13.    Isso significa continuar servindo ao Deus de Israel ou voltar a servir a Camos.

III CHEGADA A BELÉM

1-A Recepção em Belém (Rt.1.19)

1.      Quando Noemi e Rute chegam a Belém toda a população “se alvoroçou” ou “se comoveu” (v. 19).

2.      Isso sugere que foram impactados pela situação e provavelmente também se solidarizaram com elas.

3.       Qual é a reação das pessoas na igreja diante do sofrimento alheio?

4.      Como podemos nos solidarizar?

5.      Veja como Noemi descreve sua partida de Belém e seu retorno? 

6.      Compare o v. 21 com o v. 1. Se havia fome na terra quando de lá ela partiu, a que Noemi se refere quando diz “cheia” eu parti?

7.      Qual é a explicação de Noemi para o seu sofrimento?

8.      As últimas palavras do v. 22 dizem que Noemi e Rute chegaram a Belém no tempo de colheita. Veja o contraste disso com o 1.1. Diante da sua situação, o que a colheita representa à Noemi?

9.      Qual é o papel de Deus (Senhor / Todo Poderoso) na vida de Noemi?

 2- A Reação amarga de  Noemi (Rt.1.20)

1.      Noemi pede para ser chamada de Mara, pois representa melhor a sua realidade.

2.       Seu nome Noemi não representava mais a vida que teve em Moabe.

3.      A mudança de nome de Noemi também representa o movimento da graça para a não graça ou desgraça.

4.      O restante do relato vai nos dizer o que aconteceu com essa Mara, a mulher amarga.

5.      Mais uma vez encontramos a declaração de que o Todo-Poderoso, o Senhor estava por trás de tudo que estava acontecendo (v. 20, 21).

6.      Essa afirmação não retrata necessariamente uma revolta, mas provê uma explicação e uma forma de superação da dificuldade.

7.      Talvez retrate a amargura de Noemi/Mara, mas também revela a crença fundamental na providência de Deus por todas as estações da vida.

3- A Época da colheita  (Rt.1.20)

1.      Há um paradoxo neste capítulo como um todo quando comparamos o percurso da narrativa.

2.      O capítulo começa com a fome e termina com o tempo de colheita, um movimento de escassez para abundância.

3.       Por outro lado, quanto à Noemi, começa em fartura e termina amarga, movimento de abundância para escassez.

4.      Ainda que o alimento seja uma necessidade básica do ser humano, e a fome, por causa natural ou por má distribuição da renda, precise ser combatida, não é ela o único elemento de sentido existencial ao ser humano.

5.       Se Noemi diz que partiu em fatura em meio à fome e volta vazia em meio à colheita é porque morte, solidão, abandono e pobreza também afetam a auto percepção das pessoas sobre o sentido da vida.

6.      Além de ter clareza na percepção sobre si mesma, Noemi demonstra uma compreensão sobre sua experiência e os fatos da vida na perspectiva do Deus que realiza todas as coisas.

7.       Para Noemi, tudo que acontece vem da parte de Deus.

8.      A vida é uma dádiva de Deus e a ele pertence.

Para terminar

1.      Nessa época que vivemos explicamos os acontecimentos em termos de causas e efeitos naturais, humanos, econômicos, políticos etc. Qual é o benefício de olhar para os acontecimentos na perspectiva de Noemi de que o Senhor é a causa absoluta de todos os acontecimentos?

2.      O que significa entender que Deus está em controle de todas as coisas? Essa maneira de ver as coisas nos leva ao conformismo, apatia e alienação ou nos torna mais responsáveis, engajados e solidários?

3.      Quando Noemi e Rute chegam a Belém toda a população “se alvoroçou” ou “se comoveu” (v. 19). Isso sugere que foram impactados pela situação e provavelmente também se solidarizaram com elas. Qual é a reação das pessoas na igreja diante do sofrimento alheio? Como podemos nos solidarizar?

                                           

        Pr.Cap.Carlos Borges (CABB)