- Esta expressão de Moisés, também, mostra-nos
que a doutrina é algo que vem do alto, que vem do céu, seja na forma de chuva,
seja por meio da condensação do vapor d’água encontrado no ar(o orvalho),
indicando-se que a doutrina não é obra do homem, mas resultado da revelação
divina, de um ensino vindo diretamente da parte do Senhor.
- Por fim, a expressão de Moisés dá-nos a nítida noção de que o trabalho da
doutrina é manter a vida e uma vida renovada no ser humano, pois é comparada ao
chuvisco sobre a erva e a gotas d’água sobre a relva. Todos nós já divisamos,
pela manhã cedinho, o orvalho que está a manter molhadas as ervas e a relva,
mantendo-as bem verdes, dando-lhes vida, vigor e exuberância (i.e., beleza). Os
campos verdes, pela manhã, aquele frescor que sentimos quando nos encontramos
em uma área verde logo pela manhã, que tão bem nos faz à saúde, é o resultado
desta ação refrescante da chuva e do orvalho. Este é o papel da doutrina em
nossa vida espiritual: refrigério para a nossa alma, renovação de nossas forças
espirituais, concessão de beleza e de prazer aos nossos corações e a todos
quantos travam contacto conosco. Bem se vê, portanto, que bem ao contrário dos
que dizem que a doutrina torna o homem insensível a Deus, vemos que o papel da
doutrina é precisamente o de nos conceder vida, vida abundante, refrescor e
sensibilidade diante de Deus e dos homens.
- Por isso, a Igreja, na sua função de “coluna e firmeza da verdade”, faz com
que o refrigério de Cristo alcance as vidas humanas. Ao defender a sã doutrina,
a Igreja não está fazendo outra coisa senão levar aos homens o amor de Deus, o
consolo do Senhor, a felicidade e a dignidade de que o homem é tão carente,
separado que está de seu Criador pelo pecado. Não é outro o sentido da pregação
de Pedro, registrada em At.3:19, quando disse aos ouvintes que deveriam se
arrepender e se converter, para que os pecados fossem apagados e viessem os
tempos do refrigério pela presença do Senhor.
- O refrigério pela presença do Senhor é algo que somente advém ao ser humano
mediante o ensino da Palavra de Deus, mediante a ministração da doutrina.
Jesus, mesmo, afirmou que somente encontraríamos descanso para as nossas almas
quando aprendêssemos dEle, que era manso e humilde de coração (Mt.11:29).
“Refrigério”, como sabemos, é o “ato ou efeito de refrigerar(-se); sensação
agradável produzida pela frescura; consolo, alívio de qualquer natureza; conforto
moral “. Somente através do “refrigério”, conseguimos ter a mudança de nosso
caráter, tornando-o o nosso “eu”, sem empenho, arrefecido, esfriado, pois
“refrigério” vem da palavra latina “frigere”, que tem, entre outros
significados, o de esfriar, perder o empenho, arrefecer.
- Jesus afirmou que, para nós O seguirmos, precisamos renunciar a nós mesmos.
Quem não renuncia a si mesmo não pode ser discípulo de Jesus (Mt.16:24;
Lc.14:33). Para renunciarmos a nós mesmos, temos de fazer com que o velho homem,
a velha natureza seja crucificada com Cristo (Gl.2:20) e isto só é possível se
tivermos o refrigério pela presença do Senhor, ou seja, o aprendizado de
Cristo, o que se dá única e exclusivamente pela doutrina. É preciso que
soframos a sã doutrina (II Tm.4:3), isto é, que suportemos a doutrina, que nos
submetamos a ela, pois só assim teremos descanso para as nossas almas, só assim
manteremos o velho homem, a natureza pecaminosa sob domínio do Espírito Santo e
poderemos servir a Jesus até o dia da glorificação.
- Esta tarefa da ministração da doutrina é mais uma das missões destinadas pelo
Senhor Jesus à Igreja. O Senhor constituiu na Igreja pessoas para esta tarefa
de ministrar a Palavra de Deus,
Pr. Carlos Borges(CABB)
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