quarta-feira, 22 de maio de 2019

A MULHER ADÚLTERA E O CEGO DE NASCENÇA



Jo. 8.7-11
Introdução: Do ponto de vista exegético, precisamos chamar a atenção para vários elementos. Primeiro de tudo diante de Jesus é colocado um caso jurídico cuja resolução era bastante óbvia, do ponto de vista da Torá, visto que tanto o Levítico (20,10) quanto o Deuteronômio (22,22) dizem que toda a mulher e homem surpreendidos em adultério devem ser condenados à morte. Isso representa o que a Lei e Moisés dizem. Interpelam Jesus dizendo: "e tu o que dizes?" É evidente que há um confronto entre a Primeira Lei, a Torá e o ensinamento de Jesus.


I PERDÃO PARA A MULHER ADÚLTERA
1- Sentença de morte (Jo. 8.1-11)
·        O texto conta que a Jesus, quando ensinava no Templo, é apresentada uma mulher que havia sido descoberta cometendo adultério.
·        Lembram a ele que a Lei diz que tal mulher deveria ser morta, apedrejada e perguntam o que ele pensa.
·        Não responde e começa a escrever com o dedo na terra.
·        Voltam a questionar e ele diz: quem não tem pecado atire a primeira pedra.
·        Todos vão embora e Jesus diz à mulher: "eu também não te condeno. Vai e não peques mais".
·        Êxodo 31,18: Quando ele terminou de falar com Moisés no Monte Sinai, entregou-lhe as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra escritas pelo dedo de Deus.
·        Deuteronômio 9,10: Yahweh deu-me então as duas tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.
·        Portanto, a Torá é a lei escrita pelo dedo de Deus.
·        É o mesmo que Jesus faz.
·        Está escrevendo uma nova lei, sobre a terra e não sobre a pedra.
·        A terra é de todos: é uma lei universal!

2- A crueldade dos acusadores ( Jo.8.4-7)
·        A posição da mulher no Séc. I d.C. Antes de mais convém que se esclareça que a posição da mulher na cultura do primeiro século era socialmente muito difícil. 
·        Elas tinham como função apenas  só cuidar da casa e dos filhos e por pouca coisa eram subjugadas e repudiadas.
·       Os “mestres da lei” procurando montar uma cilada a Jesus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em flagrante adultério e pensavam que tinham encontrado a fórmula certa de descredibilizar o mestre.
·       Isto porque segundo a lei judaica este era um crime punível com apedrejamento e caso Jesus, como Rabino e Mestre, se negasse a aplicar a lei, seria desconsiderado como tal perante o povo.
·        Mas por outro lado se a aplicasse da forma que os fariseus queriam, toda a sua postura de amor e misericórdia pelo pecador cairia por terra.
·       Para os fariseus e mestres da lei esta seria a armadilha perfeita para descredibilizar o Senhor.

3-A Misericórdia de Jesus (Jo. 8.7-11)
·        Estranhamente inclinou-se e começou a escrever na terra e fê-lo por duas vezes, e no fim da primeira escrita afirmou: “ Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.”
·        Como vemos na passagem após as intrigantes escritas do mestre, os fariseus e mestres da lei acusados por sua própria consciência abandonaram o local começando do mais velho até ao mais novo. 
·        Mas então o que poderá ter o Senhor escrito para totalmente envergonhar esses “mestres da lei” fazendo-os bater em retirada?
·        Podemos com confiança afirmar que Jesus apenas escreveu a lei dos judeus na terra, e como veremos só isso destruía por completo todo o plano arquitetado contra ele.
·        No caso de adultério, a pena de morte deveria ser aplicada. Todavia, existe algo errado nesse “tribunal farisaico” pois no Velho Testamento diz que serão mortos o homem e a mulher que adulterarem: “Se se encontrar um homem dormindo com uma mulher casada, todos os dois deverão morrer: o homem que dormiu com a mulher, e esta da mesma forma. Assim, tirarás o mal do meio de ti.” Deuteronômio 22:22.
II VERDADE QUE LIBERTA
1- Escravos do Pecado (Jo. 8. 31-36)
·       Jesus, agora, se dirige aos que crerem nele, aprofundando o entendimento das implicações  da fé.
·       Alguns pontos merecem destaque em seu discursos.
·       A exigência da disciplina.
·       Um discípulo não é um crente superficial, mas alguém que permanece em Cristo.
·       Não basta ter um entusiasmo  inicial e depois retrocede, como a semente  que caiu em solo rochoso.
·        Não basta crer e alimentar no coração outras preocupações, como a semente que caiu no meio do espinheiro.
·        A verdadeira fé que desemboca no verdadeiro  discipulado é evidenciada por um relacionamento estreito com Cristo.

2- Verdadeiramente Livres (Jo. 8.36)
·        Jesus é o verdadeiro libertador.
·        Jesus arremata seu argumento apresentando-se como mais uma vez aos judeus como o Filho de Deus e, agora, especialmente, como o único que pode libertá-los  da escravidão do Pecado
·        O Pecado escraviza, mas Jesus liberta.
·        O pecado produz morte, mas Jesus é a vida.
·        O pecado condena, mas Jesus perdoa.
·        O pecado mata, mas Jesus Salva e dá vida eterna.

3- O perigo da religiosidade ( Jo. 37-47).
·        Muitas pessoas acham que estão servindo a Deus com certos costumes religiosos, mas será que estão mesmo?
·        A religiosidade exagerada é realmente um veneno que volta o ser humano contra o próprio Deus, embora esteja convencido de que só está fazendo as coisas certas para Ele.
·        A religiosidade exagerada despreza as pessoas necessitadas, deixando os crentes mais insensíveis e arrogantes quanto às necessidades alheias.
·        A religiosidade exagerada faz o crente ficar fanático e cego.
·        O crente religioso é descaradamente falso para com Deus, vive só de aparências e gosta de “tirar onda” diante dos outros.
·        A religiosidade exagerada foi responsável pela crucificação de Jesus.
·        O crente religioso é realmente um pregador da Palavra, mas não um praticante dela!
·        O religioso quer glória para si mesmo!
·        O crente religioso pensa que está trabalhando para Deus em tudo o que faz, mas…
·        PERIGO! Crentes fanáticos apegam-se com exagero ao ministério dos profetas do Antigo Testamento e acabam cometendo erros…

III A CURA DO CEGO DE NASCENÇA
1- Uma pergunta perturbadora ( Jo.9.2)
·        Jesus ainda está Jerusalém.
·        Ao caminhar, vê um homem cego de nascença.
·        Mas Jesus parou, para falar com o cego de nascença. Isso é realmente maravilhoso! Jesus se importa com cada ser humano. Sem distinção.
·        O mestre mostra aos seus discípulos que não havia nenhum castigo e nenhuma maldição hereditária sobre a vida daquele homem.
·        Ao contrário, havia, na realidade humana daquela geração, uma cegueira muito mais profunda e pavorosa do que aquela em que se deixa de ter a visão física desta realidade.
·        “Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.” João 9:3.
·        A pior cegueira é aquela em que se deixa de enxergar o sentido real da vida.
·        Pela reação dos fariseus à cura daquele pobre homem cego de nascença (pois se deu num sábado), podemos ver em quão densas trevas eles estavam.
·        Levando uma vida sem nenhum sentido nobre e real, eles se prenderam a legalismos e rituais pesados. Deixaram esfriar o amor nos corações e se esqueceram do principal da lei, que era o perdão e a misericórdia.

2- Uma resposta esclarecedora (Jo. 9.3)
·        Jesus responde que nem ele pecou nem seus pais, mas ele nasceu cego para que se manifestassem as obras de Deus.
·        Jesus estava dizendo que o sofrimento alheio não deve ser alvo de especulação, e sim de uma ação misericordiosa.
·         Então alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.” João 9:16.
·        Para estes Jesus se declara como o sentido real, pelo qual eles deveriam viver e caminhar, para que não andassem mais em trevas. Assim como declarou numa ocasião imediatamente anterior: “Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” João 8:12.
·        De forma que, quem tem a Jesus como norte, como rumo, passa a enxergar e nunca andará confuso ou em escuridão.

3- Um milagre inédito (Jo. 9.6,7)
·        Esse milagre é inédito na história.
·        Não havia ainda nenhum registro de que um cego de nascença tivesse sido curado.
·       Não foi a restauração de uma visão perdida.
·       Foi um ato de criação: criar algo que não existia.
·       Cada cura de Jesus tinha um sinal diferente
·       Ele nunca tratou as pessoas como massa.
·       Sempre cuidou de cada individuo de forma pessoal e singular.
·       Nesse caso, Jesus usou um método aparentemente estranho.
·       Antes de curar o homem,  Jesus cuspiu na terra, fez um lodo com a saliva e passou essa terra molhada ( saliva) nos olhos do cego.
·       Assim o lodo feito com sua saliva, passa a representar a cegueira espiritual, que precisava ser lavada.
·       “Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego. E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado).” João 9:6.
·       Sua visão se abriu de tal forma que, diferente dos seus pais, ele não temeu ao ser interrogado pelos fariseus. Ele fez uma declaração que mostrou que a sua cura total, era incontestável.
·       “Respondeu ele, pois, e disse: Se é pecador, não sei; uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo.” João 9:25.
            
          Pr. Carlos Borges (CABB).

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