Jo. 8.7-11
Introdução: Do ponto de vista
exegético, precisamos chamar a atenção para vários elementos. Primeiro de tudo
diante de Jesus é colocado um caso jurídico cuja resolução era bastante óbvia,
do ponto de vista da Torá, visto que tanto o Levítico (20,10) quanto o
Deuteronômio (22,22) dizem que toda a mulher e homem surpreendidos em adultério
devem ser condenados à morte. Isso representa o que a Lei e Moisés dizem. Interpelam
Jesus dizendo: "e tu o que dizes?" É evidente que há um confronto
entre a Primeira Lei, a Torá e o ensinamento de Jesus.
I PERDÃO PARA A MULHER
ADÚLTERA
1- Sentença de morte (Jo. 8.1-11)
·
O texto conta que a Jesus, quando ensinava no
Templo, é apresentada uma mulher que havia sido descoberta cometendo adultério.
·
Lembram a ele que a Lei diz que tal mulher
deveria ser morta, apedrejada e perguntam o que ele pensa.
·
Não responde e começa a escrever com o dedo na
terra.
·
Voltam a questionar e ele diz: quem não tem pecado atire a primeira pedra.
·
Todos vão embora e Jesus diz à mulher: "eu também não te condeno. Vai e não
peques mais".
·
Êxodo
31,18: Quando ele terminou de falar com Moisés no Monte Sinai,
entregou-lhe as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra escritas pelo dedo de Deus.
·
Deuteronômio
9,10: Yahweh deu-me então as duas tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.
·
Portanto, a Torá é a lei escrita pelo dedo de
Deus.
·
É o mesmo que Jesus faz.
·
Está escrevendo uma nova lei, sobre a terra e
não sobre a pedra.
·
A terra é de todos: é uma lei universal!
2- A crueldade dos acusadores ( Jo.8.4-7)
·
A
posição da mulher no Séc. I d.C. Antes
de mais convém que se esclareça que a posição da mulher na cultura do primeiro
século era socialmente muito difícil.
·
Elas tinham como função apenas só cuidar da casa e dos filhos e por pouca
coisa eram subjugadas e repudiadas.
· Os “mestres da lei” procurando montar
uma cilada a Jesus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em flagrante adultério e
pensavam que tinham encontrado a fórmula certa de descredibilizar o mestre.
· Isto porque segundo a lei judaica este
era um crime punível com apedrejamento e caso Jesus, como Rabino e Mestre, se
negasse a aplicar a lei, seria desconsiderado como tal perante o povo.
· Mas por outro lado se a aplicasse da forma que
os fariseus queriam, toda a sua postura de amor e misericórdia pelo pecador
cairia por terra.
· Para os fariseus e mestres da lei esta
seria a armadilha perfeita para descredibilizar o Senhor.
3-A Misericórdia de
Jesus (Jo. 8.7-11)
·
Estranhamente
inclinou-se e começou a escrever na terra e fê-lo por duas vezes, e no fim da
primeira escrita afirmou: “
Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.”
·
Como vemos na passagem após as intrigantes escritas
do mestre, os fariseus e mestres da lei acusados por sua própria consciência
abandonaram o local começando do mais velho até ao mais novo.
·
Mas então o que poderá ter o Senhor escrito para
totalmente envergonhar esses “mestres da lei” fazendo-os bater em retirada?
·
Podemos
com confiança afirmar que Jesus apenas escreveu a lei dos judeus na terra, e
como veremos só isso destruía por completo todo o plano arquitetado contra ele.
·
No
caso de adultério, a pena de morte deveria ser aplicada. Todavia, existe algo
errado nesse “tribunal farisaico” pois no Velho Testamento diz que serão mortos o homem e a mulher que
adulterarem: “Se se encontrar um homem dormindo com uma mulher
casada, todos os dois deverão morrer: o homem que dormiu com a mulher, e
esta da mesma forma. Assim, tirarás o mal do meio de ti.” Deuteronômio
22:22.
II VERDADE QUE LIBERTA
1- Escravos do Pecado (Jo. 8.
31-36)
· Jesus, agora, se dirige aos que crerem nele,
aprofundando o entendimento das implicações
da fé.
· Alguns pontos merecem destaque em seu
discursos.
· A exigência da disciplina.
· Um discípulo não é um crente superficial,
mas alguém que permanece em Cristo.
· Não basta ter um entusiasmo inicial e depois retrocede, como a
semente que caiu em solo rochoso.
·
Não
basta crer e alimentar no coração outras preocupações, como a semente que caiu
no meio do espinheiro.
·
A
verdadeira fé que desemboca no verdadeiro
discipulado é evidenciada por um relacionamento estreito com Cristo.
2- Verdadeiramente Livres (Jo.
8.36)
·
Jesus é
o verdadeiro libertador.
·
Jesus
arremata seu argumento apresentando-se como mais uma vez aos judeus como o
Filho de Deus e, agora, especialmente, como o único que pode libertá-los da escravidão do Pecado
·
O
Pecado escraviza, mas Jesus liberta.
·
O
pecado produz morte, mas Jesus é a vida.
·
O
pecado condena, mas Jesus perdoa.
·
O
pecado mata, mas Jesus Salva e dá vida eterna.
3- O perigo da religiosidade (
Jo. 37-47).
·
Muitas pessoas acham que estão servindo a Deus
com certos costumes religiosos, mas será que estão mesmo?
·
A religiosidade
exagerada é realmente um veneno que volta o ser humano contra o
próprio Deus, embora esteja convencido de que só está fazendo as coisas certas
para Ele.
·
A religiosidade exagerada despreza as pessoas
necessitadas, deixando os crentes mais insensíveis e arrogantes
quanto às necessidades alheias.
·
A religiosidade exagerada faz o crente ficar
fanático e cego.
·
O crente religioso é descaradamente falso para
com Deus, vive só de aparências e gosta de “tirar onda” diante dos outros.
·
A religiosidade exagerada foi responsável pela
crucificação de Jesus.
·
O crente religioso é realmente um pregador da
Palavra, mas não um praticante dela!
·
O religioso quer glória para si mesmo!
·
O crente religioso pensa que está trabalhando
para Deus em tudo o que faz, mas…
·
PERIGO! Crentes fanáticos apegam-se com exagero
ao ministério dos profetas do Antigo Testamento e acabam cometendo erros…
III A CURA DO CEGO DE NASCENÇA
1- Uma pergunta perturbadora ( Jo.9.2)
·
Jesus ainda está Jerusalém.
·
Ao caminhar, vê um homem cego de nascença.
·
Mas Jesus parou, para falar com o cego de nascença. Isso é
realmente maravilhoso!
Jesus se importa com cada ser humano. Sem distinção.
·
O mestre mostra aos seus discípulos que não
havia nenhum castigo e nenhuma maldição hereditária
sobre a vida daquele homem.
·
Ao contrário, havia, na realidade humana daquela
geração, uma cegueira muito mais profunda e
pavorosa do que aquela em que se deixa de ter a visão
física desta realidade.
·
“Jesus
respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem
nele as obras de Deus.” João 9:3.
·
A pior cegueira é aquela em que se deixa de
enxergar o sentido
real da vida.
·
Pela reação dos fariseus à cura daquele pobre
homem cego de nascença (pois se deu num sábado), podemos ver em quão densas trevas
eles estavam.
·
Levando uma vida sem nenhum sentido nobre e
real, eles se prenderam a legalismos e rituais pesados. Deixaram esfriar o amor
nos corações e se esqueceram do principal da lei,
que era o perdão
e a misericórdia.
2- Uma resposta esclarecedora (Jo. 9.3)
·
Jesus
responde que nem ele pecou nem seus pais, mas ele nasceu cego para que se
manifestassem as obras de Deus.
·
Jesus
estava dizendo que o sofrimento alheio não deve ser alvo de especulação, e sim
de uma ação misericordiosa.
·
Então alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, pois não guarda
o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E
havia dissensão entre eles.” João 9:16.
·
Para estes Jesus se declara como o sentido real,
pelo
qual eles deveriam viver e caminhar, para que não andassem mais em trevas.
Assim como declarou numa ocasião imediatamente anterior: “Falou-lhes,
pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas
terá a luz da vida.” João 8:12.
·
De forma que, quem tem a Jesus como norte, como
rumo, passa a enxergar e nunca
andará confuso ou em escuridão.
3- Um milagre inédito (Jo. 9.6,7)
·
Esse milagre é inédito na história.
·
Não havia ainda nenhum registro de que um cego
de nascença tivesse sido curado.
· Não
foi a restauração de uma visão perdida.
· Foi
um ato de criação: criar algo que não
existia.
· Cada
cura de Jesus tinha um sinal diferente
· Ele
nunca tratou as pessoas como massa.
· Sempre
cuidou de cada individuo de forma pessoal e singular.
· Nesse
caso, Jesus usou um método aparentemente estranho.
· Antes
de curar o homem, Jesus cuspiu na terra,
fez um lodo com a saliva e passou essa terra molhada ( saliva) nos olhos do
cego.
· Assim
o lodo feito com sua saliva, passa a representar a
cegueira espiritual, que precisava ser lavada.
· “Tendo
dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os
olhos do cego. E disse-lhe: Vai, lava-te
no tanque de Siloé (que significa o Enviado).” João 9:6.
· Sua
visão se abriu de tal forma que, diferente dos seus pais, ele não temeu ao ser
interrogado pelos fariseus. Ele fez uma declaração que mostrou que a sua cura total,
era incontestável.
· “Respondeu
ele, pois, e disse: Se é pecador, não
sei; uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo.” João 9:25.
Pr. Carlos Borges (CABB).
Nenhum comentário:
Postar um comentário