sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

A FIGUEIRA QUE SECOU


Mt. 21.18-22
18-De manhã, quando Jesus estava voltando para a cidade, ele teve fome.
19-E vendo uma figueira na beira da estrada, ele foi até lá para ver se achava alguns figos, mas não achou nada, somente folhas. E ele disse a ela: "Que nunca mais você dê frutos!" E a figueira secou imediatamente.
20-Os discípulos ficaram maravilhados quando viram isso e disseram: "Como a figueira secou tão depressa?”.
21-E Jesus respondeu a eles: “Eu falo a verdade a vocês: Se vocês tiverem fé e não duvidarem, não somente poderão fazer o que foi feito à figueira, mas até se dizer a este monte: ‘Levante-se e jogue-se no mar’, e isso acontecerá”.
22-”E qualquer coisa que vocês pedirem em oração, se crerem, vocês receberão”.
******************************************************************************************Introdução: Esse acontecimento, narrado nos evangelhos de Mateus e Marcos, é muito rico em ensinamentos de Jesus. Em uma leitura superficial, podemos ficar surpresos e até mesmo confusos com a atitude de Jesus perante a figueira sem frutos.
Na narrativa do evangelho de Marcos, uma informação importante é acrescentada: não era tempo de figos (Mc 11:13).
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I ASPECTO DO MILAGRE
1-A figueira é um símbolo (Mt. 21.19b).
·        No caso da figueira, os frutos aparecem antes da árvore ficar repleta de folhas.
·        O fato dessa figueira apresentar folhas, indicava que ela já teria frutos também.
·        Compreendemos que Jesus não amaldiçoou a figueira pelo simples fato dela não apresentar frutos, mas sim pela sua aparência enganosa de “frutífera”.
·        Essa não foi um ato impensado de indignação, mas uma representação, uma parábola.
·        Jesus estava demonstrando sua ira diante de uma religião vã.
·        Assim como a figueira causava boa impressão a distancia, mas se mostrava infrutífera quando examinada de perto.
·        O templo parecia imponente à primeira vista, mas seus sacrifícios e outras atividades eram vazias, porque não visavam adorar a Deus sinceramente (Mt. 21.43).
·        Os maiores inimigos de Jesus foram os mestres da Lei e os fariseus, que aparentavam ser algo, que na realidade não eram.
·        Eram “homens de Deus”, conhecedores da Lei e religiosos, porém tudo isso não passava de aparência.

2-A figueira deve dar frutos
·        Aqueles que ostentam sua fé, sem coloca-la em pratica, são semelhantes à figueira que secou e morreu por não produzir frutos.
·        Tramavam matar Jesus. Várias vezes, Jesus os chama de hipócritas (Mt 23).
·         Uma pessoa hipócrita é dissimulada, finge ser algo que não é.
·        Ter uma fé genuína significa produzir frutos para o Reino de Deus.
·        A figueira também é usada na Bíblia para representar a nação de Israel (Mq 7:16; Jr 8:13 e 24:3-7; Mt 24:32-33).
·        Apesar dessa nação, ao decorrer da história, ter experimentado o sobrenatural de Deus, Israel não reconheceu Jesus como o Messias.
·         Era uma nação estéril espiritualmente.  

3-A figueira alimenta outros (Mc. 11.14).
·        A figueira seca tinha toda a aparência de uma árvore frutífera.
·        Suas folhagens atraíam os desavisados, praticando assim um tipo de “farisaísmo vegetal”. 
·        Tinha aparência de ter, mas não tinha.
·        Parecia ser, mas não era.
·        E enganava, iludia, passava por algo que não era, que não possuía.
·         O exterior estava lindo, cheia de folhas verdinhas, enquanto que as outras árvores, devido a estação do ano, estavam todas peladas, sem folhas alguma.
·        Interessante que o Mestre, contra as outras figueiras, que estavam sem folhas e sem frutos, de nada reclama.
·        As outras figueiras estavam sem frutos, porém apresentavam sua imagem verdadeira, sem querer se passar por algo que não eram.
·        Estavam sem folhagens; quem as vissem saberiam que não encontrariam figos nelas.
·        Muitos religiosos Israelitas, apesar de terem testemunhado tantos favores divinos através dos séculos, tantos milagres e livramentos, insistiam em apresentar sob sua cultura, uma aparência religiosa e superficial, mas infelizmente, desprovida de frutos de arrependimento.
·        Eles queriam ser vistos pelos homens como melhores, mais justos, mais adoradores, que oravam mais, que jejuavam mais, que se sacrificavam mais.

II O QUE REVELA SOBRE JESUS
1-Ele tem direito (Mt. 21.18).
·        A parábola da figueira estéril nos dá um importantíssimo ensinamento. 
·        Somos todos filhos do nosso Pai celeste, somos iguais.
·         Não há ninguém “melhor do que ninguém”.
·        Se nos submetermos em amor às águas do Espírito Santo, em igualdade, em irmandade, Ele o nosso agricultor, cuidará de nós, para que no tempo certo, apresentemos nossos frutos em amor.
·       No tempo certo, de tempos em tempos, frutificai.
·        Ante o susto dos Apóstolos, o Senhor evita comentar a questão da figueira seca em si, mas lhes incute o valor da oração.
·        Ela é muito poderosa quando feita com fé ardente (cf. Mt 17,19), e é atendida não conforme os nossos caprichos, mas, sim, segundo a vontade de Deus.
·         Ele, por exemplo, não afasta o cálice de Cristo – a Paixão – como Este pede (cf. Mc 14,36-37), mas Lhe dá algo muito maior.
·         O faz vencedor da morte e – mais que isso – Senhor dos vivos e dos mortos (cf. Hb 5,7; Ap 2,8).
2-Ele tem expectativa (Mc. 11.13).
·        Tudo fica mais fácil se interpretarmos a figueira como o sistema do Templo de Jerusalém, que não respondia mais as propostas divinas, com seus sacrifícios, prescrições, festas anuais, e separação de pessoas entre puros e impuros.
·        Esta maldição de Jesus que faz a figueira secar, está profetizando que Jerusalém será castigada  e o castigo atingirá toda a nação escolhida por Deus.
·        Marcos compara o sistema do Templo a figueira com exuberante folhagem verde, mas que não produzia mais frutos era estéril.
·        O Judaísmo da época de Jesus, com o esplendor de Templo, de seus Cultos, com praticas religiosas feitas na perfeição, desejando ardentemente a chegada do Messias está prevendo uma safra superabundante de frutos, que seria o amor a Deus, o fazer sua vontade e abertos a salvação do Messias.
·        A maldição da figueira feita por Jesus nos fala em uma grande ameaça: Deus não suporta está situação, Ele vai ferir o povo eleito, com uma punição severa, pois seu povo não correspondia mais a seus designíos, estava estéril.
·        Marcos nos apresenta mais uma de suas já conhecidas inclusões, em que intercala dois textos aparentemente independentes, mas teologicamente implicados.
·        No relato seguinte, Jesus amaldiçoa uma figueira sem fruto.
·        (A), expulsa os vendedores que simbolizam um sistema religioso igualmente infrutífero.
·        (B) e finalmente retorna ao destino da figueira que, sem fruto, não servem para nada.

3-Ele julga (Mt. 21.20).
·        Pela manhã, novamente no caminho, na intimidade do discipulado, Jesus e os discípulos passam pela figueira – agora ressecada “até a raiz” (v. 20).
·        Pedro nota o acontecido e interroga Jesus (v. 21).
·         O Mestre começa sua resposta por aquilo que faltava no Templo e que o fará secar, cedo ou tarde: “Tem fé em Deus” (v. 22).
·         E explica o sentido da fé e da oração: é já a realização esperançosa daquilo que se pede a Deus (v. 23-24); ou o exercício da gratuidade e do perdão, tal como os experimentamos do Pai (v. 25).
·         Não se trata de mesquinhez, troca ou usura, como no Templo, há pouco.
·        Mas da generosidade e da misericórdia – frutos genuínos da fé e da oração.


III ENSINAMENTOS
1-Aparencia não serve (Mt. 21.19b).
·        De fato, os sistemas religiosos de todos os tempos correm o mesmo risco.
·         Por tratarem daquilo que as pessoas consideram e buscam como mais sagrado, as religiões e as autoridades religiosas podem se esquecer de seu papel de “dispensadores do mistério” e “administradores generosos da graça de Deus” (1 Pe. 4,10-11).
·         Em vez disso, podem se tornar proprietários mesquinhos e gananciosos, disponíveis a todo tipo de negociata em troca dos bens sagrados; antros de corrupção e adulteração; distribuidores de culpas e misérias àqueles que buscam refúgio e misericórdia; focos de poder tirano que esmaga em vez de fazer viver – tudo em nome do Deus que pretendem representar.
·         Aos olhos de Jesus, são apenas figueiras sem fruto. E, por mais belas que sejam suas folhas, seu destino é um só: a maldição.

2- Frutos sinalizam maturidade (Mt. 21.21).
·        Também nisso Jesus é um “Messias inesperado”, pois não vem dar novo alento às instituições clássicas de Israel.
·         Se não é um “Messias–Rei”, também não é um “Messias–Sacerdote”.
·        O Templo tinha finalidade basicamente penitencial.
·         Digno de castigo segundo a Lei, o pecador oferecia no Templo uma vítima em seu próprio lugar, para expiação da culpa cometida e reconquista do favor de Deus.
·        A execução do sacrifício era condição para reconquistar a pureza moral e, em certa medida, a cidadania civil.
·         O que Marcos nos diz é que, a partir de Jesus, todos têm acesso à misericórdia de Deus, sem pessoas ou instituições que se interponham como condição indispensável e quantificadora desse perdão divino.
·        A fé e o coração contrito, expressos na oração sincera, são a única condição para acolher o perdão que Deus sempre concede a todos quantos os busquem.
·        Há lugar para a instituição religiosa?
·        Sim, desde que em função da manutenção e aprofundamento dessa Aliança – graça de Deus e acolhida pessoal.

3-Fruto que Deus quer (Mt. 21.22).
·        Esse versículo não é a garantia de que podemos obter qualquer coisa se, simplesmente, pedirmos a Jesus e crermos.
·        Deus não concede favores que possam ferir alguém ou que violem a vontade e a natureza divina.
·        A afirmação de Jesus não é um cheque em branco.
·        Para serem concedidos, nossos pedidos devem estar em harmonia com os princípios do Reino de Deus.
·        Quanto maior for a nossa fé e quanto mais as nossas suplicas estiverem de acordo com a vontade de Deus, mais ELE FICARÁ FELIZ EM ATENDÊ-LAS. 

Pr. Carlos Borges (CABB)

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