segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

PRESERVERANDO A DOUTRINA-MISSÃO CONSERVADORA DA IGREJA- PARTE VII- FINAL

- Mas, além de sustentar o que lhe está acima, a coluna também põe em evidência aquilo que está acima, tanto que a coluna fica imperceptível ante ao que lhe está acima. A coluna é feita para fazer sobressair e para que no topo esteja aquilo que está a sustentar. Assim também, a Igreja não é feita para aparecer, não é feita para se sobressair, mas para que todos vejam, bem acima, em posição superior, a Verdade, ou seja, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

- A Igreja é coluna da verdade e, portanto, faz sobressair o seu Senhor, faz com que os homens vejam a Cristo Jesus em Sua posição de majestade e glória. Quando executamos as boas obras decorrentes de nossa vida de comunhão com Deus, não somos nós quem aparecemos, mas, sim, o nosso Pai que está nos céus, que é, então, glorificado pelos homens (Mt.5:16). Somos apenas luzeiros (Fp.2:15 ARA), verdadeiros espelhos que refletem a glória de Deus(II Co.3:18), pois desaparecemos, já que não mais vivemos, mas Cristo vive em nós (Gl.2:20).

- Como são, portanto, totalmente diferentes da Igreja estes movimentos que se valem das imagens de homens, das chamadas “lideranças-ícone” para terem sucesso e êxito no meio dos homens. Querem que seus movimentos apareçam, que seus líderes apareçam, insistindo mesmo que há a necessidade de ficarmos debaixo de “coberturas apostólicas”, de “unções dos líderes”, para termos comunhão com o Senhor, como se existissem outros mediadores. Devemos tomar todo cuidado com o “culto da personalidade” que tem grassado em muitas igrejas locais, pois isto é idolatria e algo que nada tem que ver com o projeto divino para a Igreja, que é a de ser coluna da verdade, ou seja, de fazer sobressair única e exclusivamente o nome do Senhor Jesus. Somos colunas, por isso, somos vistos pelos homens, mas eles não se impressionam conosco, mas, sim, com a Verdade que sustentamos, com o Rei dos reis e Senhor dos Senhores. Aleluia!

- Quando se deixa de dar o primeiro e único lugar ao Senhor Jesus, a doutrina é, fatalmente, deixada de lado e começam a surgir “revelações”, “evangelhos” e tantas invencionices humanas, para ocupar o lugar da sã doutrina. Nesta vaidade de algumas lideranças, que tomam para si, indevidamente, a glória que somente caberia a Deus, também se manifesta a heresia, pois é próprio dos falsos mestres, doutores, apóstolos e profetas quererem ser o centro das atenções, ter seus discípulos à sua volta, o que faz com que, definitivamente, não se esteja diante de porção da única coluna da verdade.

- Mas a coluna, também, tem uma característica, que, aliás, é a que distingue do pilar: a coluna é usada como ornato em monumentos ou edificações, ou seja, serve para embelezar uma edificação, uma construção, tendo formas e proporções que realçam este papel estético, algo que não há no pilar, que é mero elemento de sustentação. Sendo coluna da verdade, a Igreja serve para embelezar a verdade, ou seja, tem como função tornar agradável, atraente e formoso o Senhor Jesus, que é a Verdade.

- Em Seu ministério terreno, Jesus nunca Se distinguiu pela aparência física. O profeta Isaías afirma que Ele não tinha parecer nem formosura (Is.53:2). Muitos procuram dizer que a cena descrita pelo profeta era a cena da paixão e morte do Senhor, quando já Se encontrava desfigurado pelas agressões violentas da soldadesca romana, mas o fato é que nada há nas Escrituras que demonstrem que Jesus Se distinguisse por Seu aspecto físico, tanto que o traidor Judas Iscariotes precisou beijar o Senhor para que os soldados judeus O prendessem (Mt.26:48; Mc.14:44).

- A beleza do Senhor diz respeito à Sua glória, como se vê no Monte da Transfiguração ou na Sua aparição na ilha de Patmos ao apóstolo Paulo. É esta beleza que deve ser realçada pela Igreja. Faz parte da missão da Igreja sobre a face da Terra, o realce da glória de Deus, da formosura da santidade e do amor do Senhor. Por isso, deve a Igreja dedicar-se à doutrina pois, através dela, poderá fazer com que os homens possam ver a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus (II Co.4:4).

- Tudo o que de belo há para ser contemplado pela humanidade tem sua origem em Deus, como podemos verificar quando da contemplação da criação, das matas, florestas, paisagens naturais em geral, dos céus com seus corpos e astros. Assim também, a Igreja, ao ser contemplada pelos homens, faz com que vejam a glória divina, a formosura do esplendor da glória de Deus, motivando, assim, o desejo e a esperança dos homens de poderem, uma vez mais, desfrutar da comunhão com o Senhor, arrependendo-se dos seus pecados.

- A Igreja é a expressão desta beleza espiritual, é espelho da glória de Deus e, por isso, desde sempre, é vista pelos incrédulos como um povo diferente e que, apesar das perseguições e incompatibilidades, é visto em grande estima (At.5:13).

- A importância de a Igreja ser a coluna da verdade sobre a face da Terra se ressalta na própria expressão do Senhor Jesus na Sua carta à igreja de Filadélfia, quando promete, aos vencedores, que eles serão “coluna no templo do Meu Deus” (Ap.3:12). Somente quem tiver sido coluna da verdade sobre a face da Terra será digno de ser “coluna no templo de Deus” na Jerusalém celestial. Ser coluna, como adianta o Senhor, é receber o nome de Deus, o nome da cidade de Deus e o novo nome do Senhor. Quem é coluna, como já vimos, não tem desejo de aparecer, quer apenas glorificar ao Senhor e, por isso, ao adentrar nos céus, vitorioso, receberá o nome de Deus, o nome da Jerusalém celestial e o novo nome de Cristo, pois terá servido fielmente ao Senhor e, como foi fiel no pouco, também o será no muito (Mt.25:21,23).

- Mas a Igreja não é só coluna da verdade. É também firmeza da verdade. A expressão “firmeza” é tradução do grego “hedraioma” (έδραίωμα), que significa “fundamento”, “alicerce”, “apoio”, “baluarte”. Esta expressão mostra-nos que o Senhor conta com a Sua Igreja para mostrar-Se ao mundo sem Deus e sem salvação. Assim como a Igreja ergue bem alto o Senhor para que todos O admirem e nEle creiam, por intermédio do testemunho, da obediência, da defesa e da glorificação do Senhor, Jesus, também, atua, por intermédio da Igreja, para confirmar a Palavra, para comprovar, por meio de sinais e maravilhas, que a Igreja está a dizer o que é verdadeiro.

- Ser “firmeza da verdade” é ser instrumento do Senhor para confirmação de tudo quanto tiver sido pregado e ensinado. Por isso, quando os discípulos partiram por todas as partes, pregando a Palavra, o Senhor Jesus com eles cooperou, operando sinais e maravilhas, para confirmação da pregação do Evangelho (Mc.16:20).

- Ser “firmeza da verdade” é ter a experiência do poder de Deus na vida da Igreja, é se pôr à disposição do Senhor, em inteira certeza de fé, para que Jesus, dentro de Sua vontade soberana, atue de modo a confirmar tudo quanto for pregado. Cabe à Igreja deixar-se usar pelo Senhor, confiar na Sua Palavra e fazer tudo aquilo que Ele tem mandado. Foi assim que fizeram os discípulos, é assim que têm os servos do Senhor feito durante estes quase dois mil anos de história da Igreja.

- O apóstolo Paulo pôde dizer aos irmãos que estavam em Corinto que a sua pregação não havia consistido apenas de belas palavras persuasivas, de uma técnica retórica que o apóstolo, formado na escola filosófica de Tarso, certamente tinha domínio. Paulo, porém, tinha plena convicção que sua pregação fora confirmada pelo Senhor com demonstração de poder e do Espírito Santo (I Co.2:4), porque era ele “firmeza da verdade”, a base sobre a qual o Senhor poderia cooperar e confirmar a pregação do Evangelho.

- A doutrina, portanto, traz manifestação do poder de Deus, ao contrário do que muitos “fervorosos” têm pregado e afirmado nos nossos dias, especialmente entre os que se dizem “pentecostais”. O poder de Deus é conseqüência de uma estruturação doutrinária, é uma confirmação de uma vida feita com prioridade e base na Palavra do Senhor. Fora disso, teremos, muito certamente, um misticismo inócuo e que, como se tem visto ao longo dos séculos e, particularmente, nos dias em que vivemos, se degenera em feitiçaria e paganismo travestido de pregação do Evangelho.

- Temos sido coluna e firmeza da verdade? Estamos de pé diante do Senhor? Temos mostrado Cristo em nossas vidas? Temos defendido a Palavra de Deus? Temos impedido que a heresia e o mundanismo penetrem em nossas igrejas locais? Tomemos cuidado de nós mesmos e da doutrina.

Pr. Carlos Borges(CABB)

Nenhum comentário:

Postar um comentário