Ef. 4.11-14
Introdução: Os dons espirituais são de grande valor
e merecem um cuidadoso estudo
bíblico para se evitar desordens na igreja que afete sua
unidade. Eles proporcionam um conhecimento mais profundo de Cristo, e de toda a
riqueza espiritual disponível para desempenho da missão que ele tem em nossa
vida. Segundo a Palavra de
Deus, conforme 1 Co 12.8-10 os dons do Espírito Santo são
instrumentos para o crente utilizar na obra do Mestre.
I CONHECENDO OS DONS
1-Definição
·
Os dons espirituais são dádivas de Deus à igreja para a realização do
ministério e a edificação dos santos. Não são dotes naturais, mas capacitação
sobrenatural. Não são alcançados por mérito, mas distribuídos pela graça.
·
Não são distribuídos conforme o querer humano, mas segundo a vontade
soberana do Espírito Santo. Quatro verdades merecem ser destacadas sobre os
dons espirituais.
·
Em primeiro lugar, a
origem dos dons espirituais. Os dons espirituais não procedem
do homem, mas de Deus. Não podem ser confundidos com talentos naturais.
·
Não é um pendor humano nem uma habilidade inata que alguém desenvolve.
Os dons espirituais são concedidos aos membros do corpo de Cristo, pelo
Espírito Santo, quando creem em Cristo, e são desenvolvidos na medida em que os
fiéis os utilizam para a glória de Deus e edificação dos salvos.
2-Propósito
·
Nenhum membro do corpo de Cristo ficou sem dons e nenhum recebeu todos
os dons. Devemos suprir as necessidades uns dos outros. Dependemos uns dos
outros. No corpo há unidade, diversidade e mutualidade.
·
Os membros não têm vida independente do corpo. Cada membro do corpo tem
sua função. Cada membro precisa exercer o seu papel para que o corpo cresça de
forma harmoniosa e saudável. O corpo cresce de forma harmoniosa e saudável
quando servimos uns aos outros conforme o dom que recebemos.
·
Os dons espirituais têm dois propósitos: a glória de Deus e a
edificação da igreja.
3-Recebimento
· Os dons espirituais são
recebidos de Deus e exercidos com Deus, por Deus e para Deus para que a igreja
de Cristo tenha suas necessidades supridas e possa, assim, cumprir cabalmente
sua missão no mundo. Não nos bastamos a nós mesmos.
·
Cumprida a recomendação bíblica, muitos problemas decorrentes do mau
uso dos dons, seriam evitados.
·
O dom não é para uso particular. A pessoa
com um dom, não pode usá-lo como se fosse proprietária dele, porque é recebido
pela graça, é dom de Deus.
·
Os dons podem ser recebidos em qualquer
ponto da carreira cristã, independente da condição espiritual da pessoa.
·
Muitas vezes, um crente mais antigo, fica
constrangido diante de uma pessoa recém-convertida que começa a manifestar um
dom.
·
A
Igreja madura saberá conduzir o novato na fé, no caminho do entendimento
espiritual, discipulando-o e acompanhando-o, até que ele possa alcançar o
equilíbrio na utilização do seu dom.
·
Os dons devem ser desejados e buscados s com
perseverança.
4-Diversividade
· Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o
mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. “E há
diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (1
Coríntios 12.4-6).
·
O Espírito Santo revela-Se não
apenas em uma só pessoa nem de uma só maneira. A Igreja, o Corpo de Cristo, é
como um corpo humano normal.
·
Assim como Deus diferenciou os
membros de nosso corpo, assim o Espírito Santo faz ao formar o Corpo de Cristo.
Ele coloca cada membro no lugar que designou, dando a cada um o dom que é
necessário para aquele lugar específico. Essa diversidade marca e forma o
Corpo.
·
Na variedade de dons, a voz do
Espírito pode ser ouvida, e as várias necessidades do Corpo são satisfeitas.
·
Podemos não ter a menor idéia da
extensão das necessidades dos crentes, mas Ele concede dons para corresponder a
cada uma delas. Contudo, Ele não as concede para uma única pessoa nem para um
grupo pequeno. Quanto a isso, o apóstolo Paulo é uma exceção, pois tinha todos
os dons.
II OS DONS MINISTERIAIS
1-Apóstolos
· O título “apóstolo” se
aplica a certos líderes cristãos no NT. O verbo apostello significa enviar
alguém em missão especial como mensageiro e representante pessoal de quem o
envia.
· O título é usado para Cristo (Hb 3.1), os doze
discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2), o apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2Co 1.1;
Gl 1.1) e outros (At 14.4,14; Rm 16.7; Gl 1.19; 2.8,9; 1Ts 2.6,7).
·
O termo “apóstolo” era usado no NT em sentido geral, para um representante
designado por uma igreja, como, por exemplo, os primeiros missionários
cristãos. Logo, no NT o termo se refere a um mensageiro nomeado e enviado como
missionário ou para alguma outra responsabilidade especial (ver At 14.4,14; Rm
16.7; cf. 2Co 8.23; Fp 2.25).
·
Eram homens de reconhecida e destacada liderança espiritual, ungidos
com poder para defrontar-se com os poderes das trevas e confirmar o Evangelho
com milagres.
·
Cuidavam do estabelecimento de igrejas segundo a verdade e pureza
apostólicas. Eram servos itinerantes que arriscavam suas vidas em favor do nome
de nosso Senhor Jesus Cristo e da propagação do evangelho (At 11.21-26; 13.50;
14.19-22; 15.25,26). Eram homens de fé e de oração, cheios do Espírito (ver At
11.23-25; 13.2-5,46-52; 14.1-7,21-23).
2-Profetas
·
Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito
Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza
da igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito Santo e
revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu
povo (At 2.17; 4.8; 21.4).
·
O ministério profético do AT ajuda-nos a compreender o do NT. A missão
principal dos profetas do AT era transmitir a mensagem divina através do
Espírito, para encorajar o povo de Deus a permanecer fiel, conforme os
preceitos da antiga aliança.
·
Às vezes eles também prediziam o
futuro conforme o Espírito lhes revelava. Cristo e os apóstolos são um exemplo
do ideal do AT (At 3.22,23; 13.1,2).
·
A função do profeta na igreja incluía o seguinte: (a) Proclamava e interpretava
cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina. Sua mensagem
visava admoestar, exortar, animar, consolar e edificar (At 2.14-36; 3.12-26;
1Co 12.10; 14.3).
·
Era dever do profeta do NT, assim como para o do AT, desmascarar o
pecado, proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e combater o mundanismo
e frieza espiritual entre o povo de Deus (Lc 1.14-17).
3-Evangelista
·
No NT, evangelistas eram homens de
Deus, capacitados e comissionados por Deus para anunciar o evangelho, i.e., as
boas novas da salvação aos perdidos e ajudar a estabelecer uma nova obra numa
localidade. A proclamação do evangelho reúne em si a oferta e o poder da
salvação (Rm 1.16).
·
Filipe, o “evangelista” (At 21.8), claramente retrata a obra deste
ministério, segundo o padrão do NT. (a) Filipe pregou o evangelho de Cristo (At
8.4,5, 35). (b) Muitos foram salvos e batizados em água (At 8.6,12). (c)
Sinais, milagres, curas e libertação de espíritos malignos acompanhavam as suas
pregações (At 8.6,7, 13). (d) Os novos convertidos recebiam a plenitude do
Espírito Santo (At 8.14-17).
·
O evangelista é essencial no propósito de Deus para a igreja. A igreja
que deixar de apoiar e promover o ministério de evangelista cessará de ganhar
convertidos segundo o desejo de Deus. Tornar-se-á uma igreja estática, sem
crescimento e indiferente à obra missionária. A igreja que reconhece o dom
espiritual de evangelista e tem amor intenso pelos perdidos, proclamará a
mensagem da salvação com poder convincente e redentor (At 2.14-41).
4- Pastores
·
Os pastores são aqueles que
dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também
são chamados “presbíteros” (At 20.17; Tt 1.5) e “bispos” ou supervisores (1Tm
3.1; Tt 1.7).
·
A tarefa do pastor é cuidar da sã doutrina, refutar a heresia (Tt
1.9-11), ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1Ts
5.12; 1Tm 3.1-5), ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8), e
esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb
12.15; 13.17; 1Pe 5.2).
·
Sua tarefa é assim descrita em At 20.28-31: salvaguardar a verdade
apostólica e o rebanho de Deus contra as falsas doutrinas e os falsos mestres
que surgem dentro da igreja. Pastores são ministros que cuidam do rebanho,
tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo 10.11-16; 1Pe 2.25; 5.2-4).
5-Mestres ou doutores
· Os mestres são aqueles que
têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de
Deus, a fim de edificar o corpo de Cristo (4.12).
· A missão dos mestres
bíblicos é defender e preservar, mediante a ajuda do Espírito Santo, o
evangelho que lhes foi confiado (2Tm 1.11-14). Têm o dever de fielmente
conduzir a igreja à revelação bíblica e à mensagem original de Cristo e dos
apóstolos, e nisto perseverar.
·
O propósito principal do ensino bíblico é preservar a verdade e
produzir santidade, levando o corpo de Cristo a um compromisso inarredável com
o modo piedoso de vida segundo a Palavra de Deus.
·
As Escrituras declaram em 1 Tm 1.5 que o alvo da instrução cristã
(literalmente “mandamento”) é a “caridade de um coração puro, e de uma boa
consciência, e de uma fé não fingida” (1Tm 1.5).
III OS DONS DE SERVIÇO
1-Ministério
Responsabilidade para com Cristo.
· Só fazer o que o Senhor ordenar.
· Viver de acordo
com os valores de Cristo.
· Dar a Deus toda
honra e louvor do que Deus lhe concede. (Ilustração do Jumentinho).
· Completar as
marcas de Cristo.
· Responsabilidade
para com a Igreja (o povo de Deus).
· “Pastorear” o rebanho por amor – I
Pe 5:2.
· Com espontaneidade – sem
constrangimento.
· Com
voluntariedade – sem ganância.
· Com
exemplicidade – sem prepotência
· Ser exemplo em tudo.
· Na palavra
· No caráter
· Na vida
2-Ensino
·
Sabedoria é o meio pelo qual podemos, de maneira eficaz usar o
conhecimento, tanto para defender o evangelho (ser apologista) quanto para
poder esclarecer questões controvertidas.
·
Não se trata de sabedoria comum, para o viver diário, que se obtém com
estudo e meditação. Esse dom diz respeito mais especificamente a um fragmento da
sabedoria de Deus que nos é concedida por meios sobrenaturais, ou seja, pelo
Espírito de Deus.
·
É um dom essencial para o governo da Igreja. No pastor ou outro líder
da Igreja que recebe o chamado de Deus para o cargo, esse dom é facilmente
notado por quem necessita de seus conselhos.
3-Exortar
· Entende-se por exortar, o
poder de exercer influência sobre a vontade e as decisões de outra pessoa. Com
o objetivo de guia-la para um código geralmente aceito de comportamento e
encorajá-la a observar certas instruções.
·
A exortação sempre pressupõe algum conhecimento prévio. Exortar é
dirigir se ao homem integral. Pelo menos no início, abrangem-se
o conhecimento, a emoção e a vontade.
·
Este dom não envolve somente a exortação
propriamente dita, mas também o conforto, o consolo e o encorajamento. O
cristão dotado desta capacitação poderá colocar se ao lado de alguém,
simpatizando - se com ele, compreendendo seus problemas e confortando o com uma
palavra de exortação.
4-Contribuir
·
O dom de contribuir é a habilidade de dar dinheiro e outras formas de
riqueza alegre, sábia e generosamente para satisfazer as necessidades de outros
e ajudar a sustentar ministérios.
·
Independentemente da quantia, pessoas com este dom genuinamente veem
seus tesouros, talentos e tempo como pertencentes a Deus e não a eles mesmos.
·
Eles são frequentemente movidos
a satisfazer as necessidades físicas de outros. Eles gostam de dar de si mesmos
e do que têm. Mesmo quando eles não possuem os recursos para ajudar, eles oram
fervorosamente para que essas necessidades sejam atendidas.
5-Governar ou
presidir
·
“O que preside, com cuidado...” (Romanos
12:8). Presidir significa “estar à frente de; governar”.
· Em
1 Coríntios 12:28, o dom de presidir é designado por governos. Então, o dom de
governar (ou presidir) é um dom dado a certos membros do corpo de Cristo com o
propósito de estar à frente do corpo, de presidir sobre o corpo e de dirigir o
corpo.
·
O líder talentoso é aquele que governa, preside ou tem a gestão de
outras pessoas na igreja. A palavra significa literalmente "guia" e
traz consigo a ideia de alguém que dirige um navio. O que possui o dom de
liderança governa com sabedoria e graça e exibe o fruto do Espírito em sua vida
ao liderar com o próprio exemplo.
6-Misericórdia
·
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia. - Mateus 5:7
·
Intimamente ligado com o dom de encorajamento, o dom de misericórdia é
óbvio naqueles que são compassivos com pessoas que estão em angústia, mostrando
simpatia e sensibilidade juntamente com o desejo e os recursos para diminuir
seu sofrimento de uma maneira afável e alegre.
·
Um dom muito importante e pouco conhecido e exercido é o dom de
misericórdia (Romanos 12:1–8). Poucas vezes pregadores abordam este tema, há
rara bibliografia sobre o assunto e poucos cristãos conversam sobre isso.
Apesar de não ser algo recorrente entre os seres humanos, a misericórdia é algo
importante para o Criador. Fato que comprova o valor da misericórdia para Deus
é a frequência que é citada na Bíblia.
7-Socorro
·
Deus estabelece socorros na igreja: são pessoas especialmente dotadas
para “segurar com as mãos” o que está em risco de cair. Impelidas pelo poder de
Deus elas agem em apoio dos outros membros e das atividades da igreja, a fim de
que não se desanimem nem desvaneçam os seus esforços. O seu campo de atuação é
vasto, mas exige certas características.
·
Plena consciência da sua
função
- Quem auxilia não concorre para substituir ao que está auxiliando, mas seu
objetivo é sustentá-lo ou colocá-lo de pé novamente para que continue a
desenvolver o seu trabalho. Deus não faz o trabalho dos Seus servos.
·
Humildade - Deve ser a característica
de todo o crente, mas especialmente de quem presta socorro. Ele é um servidor
(diácono em grego) de outros irmãos, que talvez estejam à testa de algum
trabalho. Ele não deve esperar que o seu nome ou o seu trabalho seja
“glorificado”, pois geralmente está na retaguarda e pouco aparece.
·
Dependência e obediência
à vontade de Deus - Para que Deus o possa usar nessa tão nobre função é essencial que
esse servo esteja em perfeita comunhão com Ele: aprendendo e cumprindo a Sua
Palavra, mantendo suas mãos e coração limpos, e sempre que possível tendo paz e
comunhão com os seus irmãos na fé.
Pr. Carlos Borges(CABB)
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