sábado, 19 de setembro de 2015

OS DONS ESPIRITUAIS



Ef. 4.11-14
Introdução: Os dons espirituais são de grande valor e merecem um cuidadoso estudo bíblico para se evitar desordens na igreja que afete sua unidade. Eles proporcionam um conhecimento mais profundo de Cristo, e de toda a riqueza espiritual disponível para desempenho da missão que ele tem em nossa vida. Segundo a Palavra de Deus, conforme 1 Co 12.8-10 os dons do Espírito Santo são instrumentos para o crente utilizar na obra do Mestre.

I CONHECENDO OS DONS
1-Definição
·       Os dons espirituais são dádivas de Deus à igreja para a realização do ministério e a edificação dos santos. Não são dotes naturais, mas capacitação sobrenatural. Não são alcançados por mérito, mas distribuídos pela graça.
·       Não são distribuídos conforme o querer humano, mas segundo a vontade soberana do Espírito Santo. Quatro verdades merecem ser destacadas sobre os dons espirituais.
·       Em primeiro lugar, a origem dos dons espirituais. Os dons espirituais não procedem do homem, mas de Deus. Não podem ser confundidos com talentos naturais.
·       Não é um pendor humano nem uma habilidade inata que alguém desenvolve. Os dons espirituais são concedidos aos membros do corpo de Cristo, pelo Espírito Santo, quando creem em Cristo, e são desenvolvidos na medida em que os fiéis os utilizam para a glória de Deus e edificação dos salvos.

2-Propósito
·       Nenhum membro do corpo de Cristo ficou sem dons e nenhum recebeu todos os dons. Devemos suprir as necessidades uns dos outros. Dependemos uns dos outros. No corpo há unidade, diversidade e mutualidade.
·       Os membros não têm vida independente do corpo. Cada membro do corpo tem sua função. Cada membro precisa exercer o seu papel para que o corpo cresça de forma harmoniosa e saudável. O corpo cresce de forma harmoniosa e saudável quando servimos uns aos outros conforme o dom que recebemos.
·       Os dons espirituais têm dois propósitos: a glória de Deus e a edificação da igreja.

3-Recebimento
·       Os dons espirituais são recebidos de Deus e exercidos com Deus, por Deus e para Deus para que a igreja de Cristo tenha suas necessidades supridas e possa, assim, cumprir cabalmente sua missão no mundo. Não nos bastamos a nós mesmos.
·       Cumprida a recomendação bíblica, muitos problemas decorrentes do mau uso dos dons, seriam evitados.
·       O dom não é para uso particular. A pessoa com um dom, não pode usá-lo como se fosse proprietária dele, porque é recebido pela graça, é dom de Deus.
·       Os dons podem ser recebidos em qualquer ponto da carreira cristã, independente da condição espiritual da pessoa.
·       Muitas vezes, um crente mais antigo, fica constrangido diante de uma pessoa recém-convertida que começa a manifestar um dom.
·        A Igreja madura saberá conduzir o novato na fé, no caminho do entendimento espiritual, discipulando-o e acompanhando-o, até que ele possa alcançar o equilíbrio na utilização do seu dom.
·       Os dons devem ser desejados e buscados s com perseverança.

4-Diversividade
·       Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. “E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (1 Coríntios 12.4-6).
·       O Espírito Santo revela-Se não apenas em uma só pessoa nem de uma só maneira. A Igreja, o Corpo de Cristo, é como um corpo humano normal.
·       Assim como Deus diferenciou os membros de nosso corpo, assim o Espírito Santo faz ao formar o Corpo de Cristo. Ele coloca cada membro no lugar que designou, dando a cada um o dom que é necessário para aquele lugar específico. Essa diversidade marca e forma o Corpo. 
·       Na variedade de dons, a voz do Espírito pode ser ouvida, e as várias necessidades do Corpo são satisfeitas.
·       Podemos não ter a menor idéia da extensão das necessidades dos crentes, mas Ele concede dons para corresponder a cada uma delas. Contudo, Ele não as concede para uma única pessoa nem para um grupo pequeno. Quanto a isso, o apóstolo Paulo é uma exceção, pois tinha todos os dons.

II OS DONS MINISTERIAIS
1-Apóstolos
·       O título “apóstolo” se aplica a certos líderes cristãos no NT. O verbo apostello significa enviar alguém em missão especial como mensageiro e representante pessoal de quem o envia.
·        O título é usado para Cristo (Hb 3.1), os doze discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2), o apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2Co 1.1; Gl 1.1) e outros (At 14.4,14; Rm 16.7; Gl 1.19; 2.8,9; 1Ts 2.6,7).
·       O termo “apóstolo” era usado no NT em sentido geral, para um representante designado por uma igreja, como, por exemplo, os primeiros missionários cristãos. Logo, no NT o termo se refere a um mensageiro nomeado e enviado como missionário ou para alguma outra responsabilidade especial (ver At 14.4,14; Rm 16.7; cf. 2Co 8.23; Fp 2.25).
·       Eram homens de reconhecida e destacada liderança espiritual, ungidos com poder para defrontar-se com os poderes das trevas e confirmar o Evangelho com milagres.
·       Cuidavam do estabelecimento de igrejas segundo a verdade e pureza apostólicas. Eram servos itinerantes que arriscavam suas vidas em favor do nome de nosso Senhor Jesus Cristo e da propagação do evangelho (At 11.21-26; 13.50; 14.19-22; 15.25,26). Eram homens de fé e de oração, cheios do Espírito (ver At 11.23-25; 13.2-5,46-52; 14.1-7,21-23).

­2-Profetas
·       Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza da igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito Santo e revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo (At 2.17; 4.8; 21.4).
·       O ministério profético do AT ajuda-nos a compreender o do NT. A missão principal dos profetas do AT era transmitir a mensagem divina através do Espírito, para encorajar o povo de Deus a permanecer fiel, conforme os preceitos da antiga aliança.
·        Às vezes eles também prediziam o futuro conforme o Espírito lhes revelava. Cristo e os apóstolos são um exemplo do ideal do AT (At 3.22,23; 13.1,2).
·       A função do profeta na igreja incluía o seguinte: (a) Proclamava e interpretava cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina. Sua mensagem visava admoestar, exortar, animar, consolar e edificar (At 2.14-36; 3.12-26; 1Co 12.10; 14.3).
·       Era dever do profeta do NT, assim como para o do AT, desmascarar o pecado, proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e combater o mundanismo e frieza espiritual entre o povo de Deus (Lc 1.14-17).

3-Evangelista
·       No NT, evangelistas eram homens de Deus, capacitados e comissionados por Deus para anunciar o evangelho, i.e., as boas novas da salvação aos perdidos e ajudar a estabelecer uma nova obra numa localidade. A proclamação do evangelho reúne em si a oferta e o poder da salvação (Rm 1.16).
·       Filipe, o “evangelista” (At 21.8), claramente retrata a obra deste ministério, segundo o padrão do NT. (a) Filipe pregou o evangelho de Cristo (At 8.4,5, 35). (b) Muitos foram salvos e batizados em água (At 8.6,12). (c) Sinais, milagres, curas e libertação de espíritos malignos acompanhavam as suas pregações (At 8.6,7, 13). (d) Os novos convertidos recebiam a plenitude do Espírito Santo (At 8.14-17).
·       O evangelista é essencial no propósito de Deus para a igreja. A igreja que deixar de apoiar e promover o ministério de evangelista cessará de ganhar convertidos segundo o desejo de Deus. Tornar-se-á uma igreja estática, sem crescimento e indiferente à obra missionária. A igreja que reconhece o dom espiritual de evangelista e tem amor intenso pelos perdidos, proclamará a mensagem da salvação com poder convincente e redentor (At 2.14-41).



4- Pastores
·       Os pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também são chamados “presbíteros” (At 20.17; Tt 1.5) e “bispos” ou supervisores (1Tm 3.1; Tt 1.7).
·       A tarefa do pastor é cuidar da sã doutrina, refutar a heresia (Tt 1.9-11), ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1Ts 5.12; 1Tm 3.1-5), ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8), e esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb 12.15; 13.17; 1Pe 5.2).
·       Sua tarefa é assim descrita em At 20.28-31: salvaguardar a verdade apostólica e o rebanho de Deus contra as falsas doutrinas e os falsos mestres que surgem dentro da igreja. Pastores são ministros que cuidam do rebanho, tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo 10.11-16; 1Pe 2.25; 5.2-4).

5-Mestres ou doutores
·       Os mestres são aqueles que têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, a fim de edificar o corpo de Cristo (4.12).
·       A missão dos mestres bíblicos é defender e preservar, mediante a ajuda do Espírito Santo, o evangelho que lhes foi confiado (2Tm 1.11-14). Têm o dever de fielmente conduzir a igreja à revelação bíblica e à mensagem original de Cristo e dos apóstolos, e nisto perseverar.
·       O propósito principal do ensino bíblico é preservar a verdade e produzir santidade, levando o corpo de Cristo a um compromisso inarredável com o modo piedoso de vida segundo a Palavra de Deus.
·       As Escrituras declaram em 1 Tm 1.5 que o alvo da instrução cristã (literalmente “mandamento”) é a “caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida” (1Tm 1.5).

III OS DONS DE SERVIÇO
1-Ministério
Responsabilidade para com Cristo.
·         Só fazer o que o Senhor ordenar.
·        Viver de acordo com os valores de Cristo.
·        Dar a Deus toda honra e louvor do que Deus lhe concede. (Ilustração do Jumentinho).
·        Completar as marcas de Cristo.
·        Responsabilidade para com a Igreja (o povo de Deus).
·        “Pastorear” o rebanho por amor – I Pe 5:2.
·        Com espontaneidade – sem constrangimento.
·        Com voluntariedade – sem ganância.
·         Com exemplicidade – sem prepotência
·         Ser exemplo em tudo.
·        Na palavra
·        No caráter
·        Na vida

2-Ensino
·       Sabedoria é o meio pelo qual podemos, de maneira eficaz usar o conhecimento, tanto para defender o evangelho (ser apologista) quanto para poder esclarecer questões controvertidas.
·       Não se trata de sabedoria comum, para o viver diário, que se obtém com estudo e meditação. Esse dom diz respeito mais especificamente a um fragmento da sabedoria de Deus que nos é concedida por meios sobrenaturais, ou seja, pelo Espírito de Deus.
·       É um dom essencial para o governo da Igreja. No pastor ou outro líder da Igreja que recebe o chamado de Deus para o cargo, esse dom é facilmente notado por quem necessita de seus conselhos.

3-Exortar
·       Entende-se por exortar, o poder de exercer influência sobre a vontade e as decisões de outra pessoa. Com o objetivo de guia-la para um código geralmente aceito de comportamento e encorajá-la a observar certas instruções.
·       A exortação sempre pressupõe algum conhecimento prévio. Exortar é dirigir se ao homem integral. Pelo menos no início, abrangem-se o conhecimento, a emoção e a vontade.
·       Este dom não envolve somente a exortação propriamente dita, mas também o conforto, o consolo e o encorajamento. O cristão dotado desta capacitação poderá colocar se ao lado de alguém, simpatizando - se com ele, compreendendo seus problemas e confortando o com uma palavra de exortação.

4-Contribuir
·       O dom de contribuir é a habilidade de dar dinheiro e outras formas de riqueza alegre, sábia e generosamente para satisfazer as necessidades de outros e ajudar a sustentar ministérios.
·       Independentemente da quantia, pessoas com este dom genuinamente veem seus tesouros, talentos e tempo como pertencentes a Deus e não a eles mesmos.
·        Eles são frequentemente movidos a satisfazer as necessidades físicas de outros. Eles gostam de dar de si mesmos e do que têm. Mesmo quando eles não possuem os recursos para ajudar, eles oram fervorosamente para que essas necessidades sejam atendidas.

­5-Governar ou presidir
·       “O que preside, com cuidado...” (Romanos 12:8). Presidir significa “estar à frente de; governar”.
·       Em 1 Coríntios 12:28, o dom de presidir é designado por governos. Então, o dom de governar (ou presidir) é um dom dado a certos membros do corpo de Cristo com o propósito de estar à frente do corpo, de presidir sobre o corpo e de dirigir o corpo.
·       O líder talentoso é aquele que governa, preside ou tem a gestão de outras pessoas na igreja. A palavra significa literalmente "guia" e traz consigo a ideia de alguém que dirige um navio. O que possui o dom de liderança governa com sabedoria e graça e exibe o fruto do Espírito em sua vida ao liderar com o próprio exemplo.

6-Misericórdia
·       Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. - Mateus 5:7
·       Intimamente ligado com o dom de encorajamento, o dom de misericórdia é óbvio naqueles que são compassivos com pessoas que estão em angústia, mostrando simpatia e sensibilidade juntamente com o desejo e os recursos para diminuir seu sofrimento de uma maneira afável e alegre.
·       Um dom muito importante e pouco conhecido e exercido é o dom de misericórdia (Romanos 12:1–8). Poucas vezes pregadores abordam este tema, há rara bibliografia sobre o assunto e poucos cristãos conversam sobre isso. Apesar de não ser algo recorrente entre os seres humanos, a misericórdia é algo importante para o Criador. Fato que comprova o valor da misericórdia para Deus é a frequência que é citada na Bíblia.

7-Socorro
·       Deus estabelece socorros na igreja: são pessoas especialmente dotadas para “segurar com as mãos” o que está em risco de cair. Impelidas pelo poder de Deus elas agem em apoio dos outros membros e das atividades da igreja, a fim de que não se desanimem nem desvaneçam os seus esforços. O seu campo de atuação é vasto, mas exige certas características.
·       Plena consciência da sua função - Quem auxilia não concorre para substituir ao que está auxiliando, mas seu objetivo é sustentá-lo ou colocá-lo de pé novamente para que continue a desenvolver o seu trabalho. Deus não faz o trabalho dos Seus servos.
·       Humildade - Deve ser a característica de todo o crente, mas especialmente de quem presta socorro. Ele é um servidor (diácono em grego) de outros irmãos, que talvez estejam à testa de algum trabalho. Ele não deve esperar que o seu nome ou o seu trabalho seja “glorificado”, pois geralmente está na retaguarda e pouco aparece.
·       Dependência e obediência à vontade de Deus - Para que Deus o possa usar nessa tão nobre função é essencial que esse servo esteja em perfeita comunhão com Ele: aprendendo e cumprindo a Sua Palavra, mantendo suas mãos e coração limpos, e sempre que possível tendo paz e comunhão com os seus irmãos na fé.

Pr. Carlos Borges(CABB)

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