Mt 25.1-8
Introdução: A
Parábola das Dez Virgens é uma das parábolas de Jesus mais conhecidas pelos
cristãos. Embora seja tema de muitos sermões, sem dúvida ela é
uma das parábolas mais difíceis de interpretar. Essa parábola encontra-se
exclusivamente no Evangelho de Mateus, capítulo 25 e versículos 1 a 13.
A Parábola das Dez Virgens está posicionada no Evangelho de Mateus
imediatamente após o Sermão
Escatológico de Jesus. Na
última parte do sermão (capítulo 24), Jesus faz um alerta sobre a separação
entre os bons e os maus (santos e ímpios) que haverá por ocasião de sua
repentina vinda.
I CARACTERÍSTICA DA PARÁBOLA
1-Contexto
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Ao longo dos anos, grandes teólogos
aplicaram interpretações diferentes sobre a Parábola das Dez Virgens. Todos concordam que o Noivo é Cristo.
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Sobre o direcionamento
da parábola, alguns defendem que ela se aplica exclusivamente aos judeus,
enquanto outros acreditam que ela se refira a todos os que professam a fé
cristã (verdadeiros e nominais).
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O principal argumento utilizado por quem defende
a aplicação exclusiva aos judeus, é que a Igreja é a noiva e não as madrinhas.
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Também
defendem que a voz que anuncia o Noivo é a voz dos profetas que proclamaram que
o Messias viria.
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Sob este aspecto as virgens loucas são os
judeus que acreditavam que sua religiosidade seria suficiente e não se
prepararam para Ele, enquanto as prudentes seriam os judeus que reconheceram
que Jesus é o Cristo e, estes, pertencem então aos remanescentes que serão
salvos (Rm 9:27).
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Embora seja possível nessa parábola fazer alguns
paralelos com os judeus em relação à primeira vinda de Cristo na terra, penso
que se considerarmos o capítulo anterior (capítulo 24), e naturalmente
percebermos a continuação dos ensinos apresentados nele ainda na composição do
capítulo 25, será impossível não aplicá-la sob as verdades do dia do Juízo de Deus, da separação entre os
bons e os maus, dos cristãos verdadeiros e dos hipócritas.
2-Aspecto Culturais
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Todas
eram virgens: historicamente a virgindade sempre esteve
relacionada à religiosidade e ao sagrado.
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Na
parábola tanto as prudentes quanto as loucas eram virgens. Isso não significa
que alguns perderão a salvação, mas que alguns nunca a tiveram.
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As
virgens loucas em nenhum momento foram prudentes, e as prudentes em nenhum
momento se tornaram loucas.
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A parábola começa e termina com cinco prudentes
e cinco loucas.
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Se aqui a
virgindade se refere à religiosidade, claramente podemos perceber então que tal
religiosidade não poderá salvar ninguém.
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Não basta ser virgem, é preciso ter o azeite.
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As loucas
eram virgens, tinham lâmpadas, mas saíram sem o azeite (Mt 25:3).
3-Elementos da Parábola
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As
aparências enganam: as dez eram virgens, possuíam lâmpadas e,
pelo que o versículo 8 nos diz, saíram ao encontro do esposo com as lâmpadas
acessas.
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Nesse momento talvez fosse praticamente
impossível humanamente separá-las, pois aparentemente eram idênticas.
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Realmente é muito difícil conseguir separar
alguns crentes nominais dos crentes verdadeiros.
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Eles
frequentam as mesmas igrejas, ouvem os mesmos sermões e cantam os mesmos
louvores.
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Alguns se destacam e acabam fazendo grandes
prodígios.
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Eles oram
fervorosamente, pregam eloquentemente, curam doentes, expulsam demônios e dizem
levar o nome de Cristo.
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Eles
enganam os homens, mas não enganam a Deus.
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Curiosamente na Parábola das Dez Virgens
(vers. 12) Jesus usa praticamente a mesma expressão que Ele já havia utilizado
em Mateus 7, “[…] Nunca vos conheci;
apartai-vos de mim...” (Mt 7:23). Nosso Deus é justo, e naquele dia
não haverá intruso (cf. Mt 22:1-14).
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As
lâmpadas apagaram: Se por um lado inicialmente é muito difícil
perceber quem são os prudentes e quem são os insensatos, há um momento em que
essa diferença se torna duramente visível: ao apagar das lâmpadas.
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O cristão nominal, com sua fé histórica, não
conseguirá manter sua lâmpada acessa no momento em que o Noivo vier.
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Sua hipocrisia, sua religiosidade e sua aparência
podem até iluminar o caminho de sua vida por um tempo, e de maneira tal que há
quem o siga.
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Quando olhamos para a lua durante a noite
ficamos admirados por sua luz, mas logo de manhã a verdade de que ela não
possui luz alguma vem à tona.
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Ela reflete uma luz que não é dela.
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A fé histórica é assim, brilha por um tempo, mas
nunca terá o brilho definitivo da verdadeira fé salvadora.
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O azeite
é pessoal: como já dissemos, nesse ponto os estudiosos defendem
significados diferentes para a figura do azeite, porém seja a Graça de Deus ou
a presença do Espírito Santo, ambos os significados são insubstituíveis,
indivisíveis e notórios na vida do verdadeiro salvo em Cristo Jesus.
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Quando a Graça de Deus alcança o pecador ele é
regenerado pelo Espírito Santo e passa conhecer a fé salvadora.
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Esse azeite não se pode dividir, é pessoal,
suficiente apenas para os prudentes.
II LIÇÕES DA PARÁBOLA
1-Tenha azeite reserva
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O azeite
não pode ser obtido por esforço humano: Talvez as virgens
loucas da parábola não levassem consigo azeite porque acharam que o noivo viria
rapidamente.
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Quando perceberam que o noivo tardou em vir,
então desesperadamente tentaram comprar o azeite que lhes faltava.
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A
parábola termina com as virgens loucas batendo à porta do Noivo, e sendo por
Ele rejeitadas.
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Pode ser que elas queriam mostrar que se
“esforçaram” para estarem ali, correram em busca de azeite para que pudessem
participar das bodas, mas seus esforços nada puderam fazer por elas.
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Assim como as virgens insensatas não puderam
usar o óleo das prudentes, ninguém poderá depender da vida espiritual do outro.
2-Não Ignore a vigilância
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A
prudência e a vigilância: muitos pregadores de maneira
equivocada pregam apenas que as virgens loucas dormiram, mas as prudentes
também dormiram.
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Como vimos anteriormente, existem diferentes
opiniões sobre a natureza desse sono, mas uma coisa é certa: o sono não foi o
sinal de loucura, ou seja, as virgens prudentes não passaram a ser loucas pelo
fato de terem dormido.
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Isso quer
dizer que a prudência não está relacionada ao sono, mas ao fato de ter ou não o
azeite, isto é, ser prudente e estar preparado é possuir o azeite.
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A lição
principal dessa parábola é o mandamento de “vigiar”. A
vigilância prudente é aquela que nos prepara para uma longa espera.
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É fácil esperar pouco tempo.
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Na fila
de um banco, quando o tempo de atendimento é curto, todos permanecem esperando,
mas quando a fila é imensa e demorada muitos desistem.
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A demora da volta de Cristo separa os prudentes
dos loucos, os sábios dos tolos.
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Precisamos ser zelosos todo o tempo de nossas
vidas.
·
O zelo temporário pela volta de Cristo não serve
para nada.
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Precisamos estar prontos, e isso pode
significar uma longa espera.
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Essa parábola nos ensina tal diferença, as
virgens néscias esperaram o Noivo a qualquer momento, mas apenas as prudentes
esperaram a todo tempo.
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Elas tinham o azeite, elas estavam preparadas
para uma longa espera, elas vigiaram.
3-Não seja Imprevidente
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Historicamente, as sociedades religiosas
acreditavam que a virgindade concedia às mulheres capacidades mágicas ou
sagradas.
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Atrelava-se à virgindade a pureza do corpo e
da alma, assim essas virgens tinham uma auto percepção de santidade pelo
simples fato de serem virgens.
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E ignoravam o fato de que precisavam de alguma
coisa mais, além disso.
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Por isso
não guardaram o azeite precioso do amor ao próximo em reserva.
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As virgens néscias haviam decidido guardar a sua
virgindade em prol de uma prática religiosa, como um meio de sacrifício auto
imposto, visando apenas merecer por si mesmas a entrada nas bodas do cordeiro.
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Porém isto não foi suficiente para manter acesa
a chama da luz divina em seus corações. Por final, elas terminam na escuridão
fria da religião.
III CONCLUSÕES DA PARÁBOLA
1-Hoje é tempo de preparo
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E este óleo precioso é de um valor tão alto, que
é necessário vender tudo o que se tem para poder comprá-lo.
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É preciso
se doar por completo.
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Vender
tudo é se desfazer do "EU" espiritual, se entregando à Deus em
ardente prática da graça.
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Mas Jesus nos deixou um alerta na parábola das
dez virgens, para vivermos nesta prática santa, pois pode não dar tempo de
voltar, se por ventura a deixarmos.
2-É necessário conteúdo
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Vigiar é não deixar de amar o próximo e
continuar a levar esta mensagem de perdão e reconciliação entre Deus e os
homens, através do seu filho Jesus.
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Será que
tem faltado oração, perdão,
arrependimento, amor, paciência, temperança, paz, fé, mansidão, longanimidade,
bondade, diferença, obediência, confiança, meditação na palavra e etc?
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Se tudo isso
faltar na sua vida certamente seu vaso de azeite está vazio!
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E isso não é um
bom sinal, pois o noivo esta as portas.
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Comesse a encher
a vasilha da reserva, para que a chama do Espírito Santo nunca venha a apagar
em sua vida, e quando o noivo chegar você estará pronto!
3- O azeite é intransferível
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A
salvação é individual, então, cada um de nós deverá prestar contas de nossas práticas.
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Tudo vai depender se vivemos em amor e
obediência a Palavra de Deus, ou se praticamos o mal e desejamos apenas o
reconhecimento dos homens, e não do Senhor.
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"Como tem
sido a sua espera pelo Noivo? Você tem óleo suficiente para manter a lâmpada do
Espírito Santo acesa até a volta de Jesus? Está preocupado (a) em conservar a
sua obediência para manter o caminho iluminado que vai te conduzir à salvação?"
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Entretanto, o Senhor nosso Salvador, diz que o
reino dos céus não tem aparência exterior, visível, com formas e estruturas
conforme o mundo conhece e sabe que existe.
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O Senhor
está dizendo que o reino dos céus tem outra dimensão e não tem aparência
exterior, mas interior, nem visível, mas invisível e que realmente existe.
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Evangelho de Lucas, capítulo 17, diz o Senhor: "20. E, interrogado pelos fariseus
sobre quando havia de vir o reino de Deus respondeu-lhes, e disse: O reino de
Deus não vem com aparência exterior; 21. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou, Ei-lo ali;
porque eis que o reino de Deus está
entre vós.”.
Pr. Carlos Borges (CABB)