mas os falsos amigos. Que haja mil demônios fora da Igreja, antes que um
só em seu seio! Não nos inquietemos com os ataques daqueles de fora, mas
tenhamos cuidado, oh! Tenhamos cuidado com estes lobos vorazes que vêm até nós
vestidos de cordeiro. É contra esses que os ministros da Palavra devem
denunciar, com uma santa cólera, os terríveis julgamentos de Deus; é por eles
que devem derramar suas mais copiosas lágrimas, porque eles são os mais
perigosos inimigos da cruz de Cristo.
Mas, precisemos melhor, e indiquemos resumidamente alguns dos desagradáveis efeitos que resultam da presença dos formalistas na Igreja.
Mas, precisemos melhor, e indiquemos resumidamente alguns dos desagradáveis efeitos que resultam da presença dos formalistas na Igreja.
Em primeiro lugar, eles entristecem e afligem singularmente o corpo de
Cristo, a assembléia dos fiéis. Eles são a causa, sem igual, dos gemidos mais
dolorosos que jamais escaparam do coração dos filhos de Deus. Que um incrédulo
me insulte, e me cubra de lama na rua, creio que lhe agradeceria a honraria que
me fez, se eu sei que me injuria pelo nome de Cristo; mas se um que se diz
cristão, faz jorrar sobre a causa de meu Mestre a sujeira de uma vida
desregrada, meu coração lamentaria dentro em mim, porque eu sei que tais
escândalos são mais prejudiciais ao Evangelho que as fogueiras e as torturas.
Que todo o homem que odeia o Senhor Jesus me sobrecarregue de maldições, não
derramarei uma única lágrima; mas quando eu vejo um de seus pretensos
discípulos renegá-lo e traí-lo, como não afligirei minha alma e qual o cristão
que não se afligiria comigo?
Em segundo lugar, os falsos irmãos trazem infalivelmente, como consequência,
divisões na Igreja. Eu digo isto com a mais inteira persuasão. Se voltássemos à
origem de nossas discórdias eclesiásticas, encontraríamos que todas, ou quase
todas, deveriam ser colocadas na conta dos formalistas, que, por sua conduta inconsequente,
obrigaram os cristãos vibrantes a se separarem deles. Haveria mais unidade
entre nós, se os hipócritas não se infiltrassem em nosso meio; haveria mais
cordialidade, mais abandono, mais amor fraternal, se esses hábeis sedutores não
nos tivessem ensinado, às nossas custas, a nos mostrar reservados e cheios de
suspeita. E mais, eles são sempre os primeiros a falar mal dos crentes
verdadeiros, e a semear divisões entre eles. E em todo o tempo tem sido assim.
O que fez a Igreja de Deus sofrer os mais graves danos jamais sofridos por ela?
Não foram as tramas mortais de seus inimigos confessos? Não foram os incêndios
secretamente semeados em seu próprio campo pelos homens, vestidos, é verdade,
da máscara da piedade, mas que não são menos que espiões e traidores?
Notemos, além disso, que tais pessoas fazem um mal incalculável aos não
convertidos. Quantos pobres pecadores, que começaram a voltar-se para Cristo,
são mantidos longe dele pelos escandalosos paradoxos existentes entre a conduta
e os princípios de certos cristãos! Quantas vidas, nascendo para a piedade, que
vão se quebrar cada dia nessa pedra de tropeço!
E aqui, permitam-me, meus irmãos, de lhes contar um fato que confirma, de uma maneira surpreendente, a verdade a que me referi. Eu espero discernir o que há de importante e oro a Deus que lhes faça sentir também. Um jovem ministro, de passagem por uma Igreja de uma cidade, pregou um sermão que pareceu causar uma profunda impressão sobre o auditório. Um jovem em particular foi tão tocado pelas palavras graves do pregador, que resolveu ter uma entrevista com ele. Em vista disso, ele o atendeu na saída da Igreja e ofereceu-se a lhe acompanhar até sua casa. Caminho andado, o ministro lhe falou de tudo, exceto do Evangelho. Grande era a angústia do jovem. Este bem que tentou colocar ao ministro que o acompanhava, uma ou duas questões sobre a salvação de sua alma, mas o pastor lhe respondia friamente e de uma maneira evasiva, como se o assunto fosse de pouca importância. Enfim, chegaram à sua casa; várias pessoas se achavam reunidas, e logo nosso pregador travou uma conversa das mais leves, que temperou com boas palavras e piadas exageradas. Logo, encorajado, sem dúvida pelos risos de aprovação que acolheram suas primeiras pilhérias, sem perceber pronunciou palavras que poderíamos chamar quase licenciosas. Indignado, fora de si, o jovem se levantou bruscamente; saiu para o quintal da casa, e aquele que há uma hora atrás chorava ouvindo falar do Senhor, agora gritava com raiva: “A religião é uma mentira! De agora em diante eu não creio mais nem em Cristo nem em Deus. Se eu for condenado, que minha alma seja requerida desse homem, porque foi ele quem a fez se perder! Faria assim, se tivesse convencido das coisas que ensina aos outros? Não! É um vil hipócrita; e de agora em diante não quero mais escutar nem a ele, nem seu Evangelho." O infeliz cumpriu a palavra; entretanto, quando, algum tempo depois, se viu estendido sobre seu leito de morte, pediu para ver o jovem ministro. Por uma notável coincidência, este, que habitava numa paróquia distante, se encontrava naquele momento na cidade, onde Deus, sem dúvida, lhe havia trazido, afim de que lá recebesse a pena de seu pecado. Sua Bíblia à mão, entrou no quarto do moribundo e se apressou a ler e orar, quando o doente lhe fez parar e disse: "Eu lhe ouvi pregar uma vez."- lhe falou olhando fixamente. "Deus seja louvado!" – respondeu o ministro, crendo ter sido usado na conversão daquela alma. "Que eu saiba, não há motivo algum para louvar a Deus, continuou friamente o doente; você está lembrado de ter pregado aqui tal dia, sobre tal texto? - Sim, eu me lembro perfeitamente. – Bem, senhor, naquele dia eu tremi ao lhe ouvir; eu estava perdido. Eu deixei a Igreja com a intenção firme de dobrar meus joelhos diante de Deus e de procurar seu perdão em Cristo. Mas, o senhor se lembra de algumas atitudes tomadas pelo senhor naquela casa? – Não, disse o ministro. – É preciso, então, que eu ajude sua memória, meu senhor, respondeu o moribundo. Mas antes de tudo, deixe-me dizer que, por causa da sua conduta naquela noite, minha alma deverá ser condenada; e se é verdade que ainda tenho um sopro de vida, também é verdade que eu lhe acusarei diante do tribunal de Deus por ter sido a causa de minha condenação!". Tendo dito isso, o infeliz fechou os olhos e expirou.
E aqui, permitam-me, meus irmãos, de lhes contar um fato que confirma, de uma maneira surpreendente, a verdade a que me referi. Eu espero discernir o que há de importante e oro a Deus que lhes faça sentir também. Um jovem ministro, de passagem por uma Igreja de uma cidade, pregou um sermão que pareceu causar uma profunda impressão sobre o auditório. Um jovem em particular foi tão tocado pelas palavras graves do pregador, que resolveu ter uma entrevista com ele. Em vista disso, ele o atendeu na saída da Igreja e ofereceu-se a lhe acompanhar até sua casa. Caminho andado, o ministro lhe falou de tudo, exceto do Evangelho. Grande era a angústia do jovem. Este bem que tentou colocar ao ministro que o acompanhava, uma ou duas questões sobre a salvação de sua alma, mas o pastor lhe respondia friamente e de uma maneira evasiva, como se o assunto fosse de pouca importância. Enfim, chegaram à sua casa; várias pessoas se achavam reunidas, e logo nosso pregador travou uma conversa das mais leves, que temperou com boas palavras e piadas exageradas. Logo, encorajado, sem dúvida pelos risos de aprovação que acolheram suas primeiras pilhérias, sem perceber pronunciou palavras que poderíamos chamar quase licenciosas. Indignado, fora de si, o jovem se levantou bruscamente; saiu para o quintal da casa, e aquele que há uma hora atrás chorava ouvindo falar do Senhor, agora gritava com raiva: “A religião é uma mentira! De agora em diante eu não creio mais nem em Cristo nem em Deus. Se eu for condenado, que minha alma seja requerida desse homem, porque foi ele quem a fez se perder! Faria assim, se tivesse convencido das coisas que ensina aos outros? Não! É um vil hipócrita; e de agora em diante não quero mais escutar nem a ele, nem seu Evangelho." O infeliz cumpriu a palavra; entretanto, quando, algum tempo depois, se viu estendido sobre seu leito de morte, pediu para ver o jovem ministro. Por uma notável coincidência, este, que habitava numa paróquia distante, se encontrava naquele momento na cidade, onde Deus, sem dúvida, lhe havia trazido, afim de que lá recebesse a pena de seu pecado. Sua Bíblia à mão, entrou no quarto do moribundo e se apressou a ler e orar, quando o doente lhe fez parar e disse: "Eu lhe ouvi pregar uma vez."- lhe falou olhando fixamente. "Deus seja louvado!" – respondeu o ministro, crendo ter sido usado na conversão daquela alma. "Que eu saiba, não há motivo algum para louvar a Deus, continuou friamente o doente; você está lembrado de ter pregado aqui tal dia, sobre tal texto? - Sim, eu me lembro perfeitamente. – Bem, senhor, naquele dia eu tremi ao lhe ouvir; eu estava perdido. Eu deixei a Igreja com a intenção firme de dobrar meus joelhos diante de Deus e de procurar seu perdão em Cristo. Mas, o senhor se lembra de algumas atitudes tomadas pelo senhor naquela casa? – Não, disse o ministro. – É preciso, então, que eu ajude sua memória, meu senhor, respondeu o moribundo. Mas antes de tudo, deixe-me dizer que, por causa da sua conduta naquela noite, minha alma deverá ser condenada; e se é verdade que ainda tenho um sopro de vida, também é verdade que eu lhe acusarei diante do tribunal de Deus por ter sido a causa de minha condenação!". Tendo dito isso, o infeliz fechou os olhos e expirou.
Eu creio, meus irmãos, que lhes seria difícil de conceber o que passou
no coração daquele ministro quando se afastou daquele leito de morte... Toda
sua vida ele deverá arrastar atrás de si este horrível, este terrível remorso:
"Há uma alma no inferno que me acusa por sua condenação!"
E um remorso como esse, eu temo, pesará um dia sobre a consciência de muitos membros de nossas Igrejas. Quantos jovens, de fato, desistiram de uma séria procura da verdade pelas censuras ásperas e amargas dos modernos fariseus!
E um remorso como esse, eu temo, pesará um dia sobre a consciência de muitos membros de nossas Igrejas. Quantos jovens, de fato, desistiram de uma séria procura da verdade pelas censuras ásperas e amargas dos modernos fariseus!
Quantas almas sinceras se tornaram prevenidas contra a sã doutrina, pela
conduta pouco edificante daqueles que fizeram profissão de aderi-la! Ah! Pior
para vocês escribas e fariseus hipócritas! Porque, não somente vocês não entram
no reino dos céus, mas impedem de lá entrar aqueles que gostariam de fazê-lo;
vocês se apoderaram da chave do conhecimento, vocês fecharam o ferrolho da
porta da salvação com duas voltas pelas suas infidelidades, e afastaram, pela
sua flagrante hipocrisia, as almas que estavam dispostas a se aproximar!
Um outro efeito deplorável da conduta dos cristãos formalistas, é que
ela causa uma grande alegria ao demônio e seu partido. Pouco me importa o que
dizem os incrédulos em seus livros e discursos: quão hábeis sejam (certamente
eles precisam ser bem hábeis para provar o absurdo e dar ao erro uma aparência
de verdade), quão hábeis sejam, repito, pouco me importam seus ataques, há
muito tempo que eles se apoiam sobre mentiras. Mas quando nos dirigem
reprovações com base, quando as acusações que intentam contra a Igreja de Deus
são fundadas, oh! Então devem ser temidos, e é também quando Satanás triunfa.
Quando um homem tem uma conduta cristã reta e íntegra, ele desarma logo
a crítica; quando leva uma vida santa e irrepreensível, se cansarão logo de rir
à suas custas; mas se ele manca dos dois lados, se ele age ora como cristão,
ora como mundano, que não esqueça - ele leva almas para os adversários e lhes
dá ocasião de blasfemar do Evangelho. Ah! Quem poderia dizer as imensas
vantagens logradas pelo demônio sobre a Igreja, por causa das infidelidades
daqueles que pretendem ser seus membros? “Vocês dizem e não fazem; suas vidas
não estão de acordo com seus princípios” - tal é a mais temida máquina de
guerra com a qual Satanás rompe as brechas das muralhas da Igreja.
Cuidado, meus caros ouvintes; velem constantemente sobre si mesmos, a
fim de não desonrarem a causa que vocês fazem profissão de amar.
E aqui, me sinto pressionado a me dirigir em particular àqueles que,
como eu, têm trilhado firmemente sobre a eleição da graça. Vocês sabem por que
nós cremos em uma salvação puramente gratuita, por que dizemos como São Paulo:
pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua
misericórdia (Rm 9:16)? Em outros termos, por que nos chamam de
ultra-calvinistas, de antinomianos, nos olham como a escória de toda a terra,
acusam nossas doutrinas de encorajar o vício e a imoralidade? Queremos
realmente, meus amados, refutar vitoriosamente a calúnia? Esforcemo-nos para
viver de uma maneira mais e mais digna de nossa vocação; temamos, por nossas
quedas e nossas fraquezas, para não darmos ocasião aos ataques de nossos
adversários; em uma palavra: tomemos cuidado para não lançarmos lama sobre
estas santas verdades que nos são tão caras quanto à vida, e às quais esperamos
permanecer fiéis até à morte.
Pr. Carlos Borges(CABB)
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