segunda-feira, 23 de julho de 2018

O CREDOR INCOMPASSIVO



Mt. 18.23-30
Introdução: Quando Jesus disse, “Isto é o meu sangue da nova aliança, que é derramado em favor de muitos, para o perdão de pecado” (Mateus 26:28), não apenas descreve o cálice da comunhão como um testamento do seu sangue. Ele também nos direciona a entender a natureza do perdão dos pecados, feito por Deus. Perdão envolve a remissão de uma dívida; colocá-la de lado, como se tivesse sido plenamente paga por alguém que não pode pagar.

I CARACTERÍSTICA DA PARÁBOLA
1-O Contexto
·        O perdão ao seu semelhante era um dever previsto na Lei, explicitado nos Profetas e, costumeiramente, praticado pela tradição judaica.
·        Pedro tinha esse conhecimento; porém, o questionamento central era: quantas vezes devemos perdoar?
·        Há limite, afinal? Pedro tinha o entendimento de que sete vezes era suficiente.
·        A resposta de Jesus deve ter sido surpreendente para os apóstolos: “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”.
·        Isso é a perfeição vezes a perfeição, vezes a perfeição! Há a ideia do infinito, relacionando à grandiosa misericórdia de Deus, que não pode ser medida.
·        Esse é o padrão de misericórdia que devemos ter quanto ao próximo.
·        A parábola do Servo Incompressível insere-se neste aspecto: o questionamento de Pedro sobre o perdão ao próximo.

2- O Resumo
·       Jesus contou o procedimento de um rei para com os oficiais que administravam os negócios de seu domínio.
·       Alguns recebiam grandes somas de dinheiro pertencentes ao Estado.
·       E, quando o rei investigava a administração desse depósito, foi-lhe apresentado um homem cuja conta mostrava uma dívida para com seu senhor, na imensa soma de 10 mil talentos.
·       A dívida era impossível de ser paga e, segundo o costume, o rei ordenou que o servo fosse vendido com tudo quanto tinha (família, imóveis e escravos), para que se fizesse o pagamento.
·       Apavorado, o homem prostrou-se aos pés do governante e suplicou-lhe, dizendo: “Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei”.
·       Então, o rei, movido pela compaixão, soltou-o e perdoou-lhe toda a dívida.
·       Ao sair da presença do rei, aquele servo encontrou um conservo que lhe devia 100 denários. Sufocando-o, disse: “Paga-me o que me deves.”.
·       Então, o companheiro, prostrando-se aos seus pés, rogou-lhe, dizendo: “Sê generoso para comigo, e tudo pagarei”.
·       Ele, no entanto, não perdoou e mandou seu conservo a prisão, até que pagasse a dívida, os Conservos que viram toda a cena foram contar ao rei o que se passara.
·        Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: “Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste”. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?
·       “E, indignado, o seu senhor entregou-o aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia”.

3-Tema Principal
·       Os servos ou escravos citados por Jesus estão na posição de administradores dos bens dos seus senhores; não se encontram em estado muito inferior na escala social.
·        No contexto da Palestina no primeiro século, havia encarceramento de famílias por conta de dívidas e a tortura dos devedores nas mãos de vários opressores.
·       O “talento” é uma medida de peso em ouro, prata ou cobre.
·       Dez mil talentos representariam por volta de 270 toneladas de metal.
·       Um talento era equivalente a cerca de 6.000 denários.
·       Para um trabalhador comum quitar a dívida, necessitaria de 164 mil anos! Ou seja, impossível para aquele servo pagar a dívida com o rei!
·       O rei da parábola é representação de Cristo, que anulou todas as nossas dívidas com Deus.
·       A esse ato chamamos de redenção, que pode ser definida como o preço pago para resgatar algo que estava em penhor; o dinheiro pago para resgatar prisioneiros de guerra, e o dinheiro para comprar a liberdade de um escravo.
·       Ao receber o perdão divino, transformamo-nos em canal do perdão.
·       Não existe uma pessoa salva que não tenha sido perdoada.
·        Temos uma certeza: na Nova Jerusalém só entrarão os perdoados.
·       Diante desses pressupostos, é impossível ser um cristão sem exercitar o perdão.

II LIÇÕES DA PARÁBOLA
1-Não faça contas.
·       A ausência do perdão causa males sem precedentes.
·       As Escrituras estão recheadas de exemplos do perigo devastador da mágoa dentro da família e da Igreja.
·       Podemos citar Caim e Abel; José e seus irmãos; Absalão e Amnon, Todos retratam essa triste realidade.
·       Há pessoas que não conseguem avançar em sua vida profissional ou relacional por conta de desavenças passadas.
·       Outras estão prisioneiras por causa de traumas ou abusos sofridos na infância.
·       O perdão tem caráter libertador e terapêutico para todos esses conflitos e ressentimentos.
·       Ele promove reconciliação em situações em que a indiferença quebrou o relacionamento. Perdoar ao próximo é expressar o triunfo da graça em nossas vidas.
·       Não se preocupe quantas vezes terá que perdoar, simplesmente perdoe, o perdão faz bem a alma, ao espírito e ao corpo.
·       Devemos fazer como Jesus fez na cruz do Calvário, “Pai perdoa-lhes eles não sabem o que fazem”...

·       3-Todos devemos ao Rei
O apóstolo Paulo, em carta aos romanos, afirmou que o julgamento de Deus será justo e imparcial.
·       (Romanos 2:9-11) Todos que pecaram perecerão ou serão julgados, indiferentemente de serem judeus ou gentios, ou seja, quer tenham a lei mosaica, quer tenha ou  não.
·       Não haverá dois pesos e medidas – Deus será absolutamente justo no julgamento.
·       Ao mesmo tempo, temos de ter a consciência de que, quanto maior o nosso conhecimento moral, maior será a responsabilidade diante do juízo.
·       O juízo de Deus abrangerá as áreas ocultas de nossa vida: Deus julgará os segredos dos homens.
·        Ele conhece nossos corações.
·       E, no Dia do Juízo, todos os fatos de nossa vida virão a público, inclusive as nossas motivações mais ocultas.
·        Nesse sentido, não há possibilidade de que a justiça não seja aplicada.

3-Por que perdoar?
·        A intenção da parábola é mostrar que o ato inicial de misericórdia e perdão, exercido por Deus, deveria ser estendido as outras pessoas por nosso intermédio.
·        Não haverá utilidade se tivermos o conhecimento teórico sobre o assunto estudado e não o aplicarmos no cotidiano. As lições não terão os objetivos cumpridos se não servirem de canal de reflexão à mudança de direcionamento de nossas vidas.
·        O texto que narra à história do credor Incompassivo informa-nos que Deus perdoou-nos, e que esse perdão deve direcionar os nossos relacionamentos.
·        Precisamos perdoar, porque já fomos perdoados por Deus (Jesus), e se não perdoamos, corremos serio perigo de não sermos perdoados, das nossas transgressões, presente e futuras, e, consequentemente seremos banidos da presença de Deus.
·        A misericórdia do Senhor e o juízo de Deus, elementos intimamente ligados, são exaltados na história narrada por Jesus.
III A CONCLUSÃO DA PARÁBOLA
1-A ênfase da misericórdia
·        Esta parábola nos ensina que a abundância da misericórdia é que deve formar a base da moral cristã.
·        Aqui vemos que o rei pôde compreender e perdoar a ignorância, a desonestidade, os erros e as falhas humanas, mas não a injustiça, a desumanidade, a crueldade e a ingratidão.
·        Aquele servo foi maldoso, egoísta e imoral.
·        Não compreendeu o perdão, a misericórdia e a generosidade do rei. Fora-lhe perdoada uma dívida tão grande, que muitos atos de bondade de sua parte não seriam suficientes para expressar gratidão ao seu credor.
·        Entretanto, não teve compaixão de quem lhe devia; pelo contrário, agiu de modo exatamente oposto, lançando seu humilde servo no cárcere.
·        A bondade do rei fora tão grande que ninguém seria capaz de explicar a razão de sua atitude.
·         Todos nós encontramo-nos na situação daquele homem cruel.
·         Fomos alvos da compaixão divina e recebemos o perdão de Deus por intermédio de Jesus Cristo. Jamais pagaríamos nossa dívida! Se ela era tão grande, e fomos perdoados, como não perdoarmos as ínfimas dívidas dos nossos devedores (Mt 6.12)?

2-A questão do Juízo
·        A base do perfeito juízo é declarada por nosso Senhor Jesus Cristo com as seguintes palavras: “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.” (João 5.30).
·        De modo que podemos inferir, que todo juízo justo é aquele que é realizado segundo a perfeita vontade de Deus.
·        Para ser segundo a vontade de Deus deve ser segundo a reta justiça, e não segundo a aparência, conforme assim o expressa o Senhor Jesus.
·        Disto se infere, que o juízo que nos é proibido conforme suas palavras em Mateus 7.1,2 é somente aquele que for temerário, ou seja, precipitado, apressado, e que está baseado em motivações diferentes de um reto juízo que promova a glória de Deus.
3-Mitos que sabotam o perdão
·        Perdoar é esquecer- É muito comum ouvirmos que quem perdoou não deve lembrar a situação que fez com que tivesse que perdoar. Mas então, será que quando nós perdoamos, Deus apaga a nossa memória?
·        Não, perdão não é amnésia.
·        Cada ofensa precisa ser perdoada apenas uma vez-Quando perdoamos, não significa que a dor vai desaparecer instantaneamente.
·        Até pode acontecer, Deus tem poder para isso, mas muitas vezes vamos voltar a sofrer por causa de alguma coisa que fizeram conosco. Por esse motivo, temos que perdoar novamente sempre que essa dor volta.
·        Pessoas que insistem no erro não merecem perdão -O número mencionado por Jesus é ilustrativo.
·         Quando Pedro perguntou para Jesus se deveria perdoar 7 vezes, ele pensava que estava sendo generoso, pois 7 vezes é um bom número para perdoar alguém.
·        Apesar disso, Jesus demonstrou como Deus é muito mais generoso que nós, e devemos perdoar sempre que alguém nos ofende.

            Pr. Carlos Borges(CABB).

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