Mt. 18.23-30
Introdução: Quando Jesus disse, “Isto é o meu sangue da nova
aliança, que é derramado em favor de muitos, para o perdão de pecado” (Mateus
26:28), não apenas descreve o cálice da comunhão como um testamento do seu
sangue. Ele também nos direciona a entender a natureza do perdão dos pecados,
feito por Deus. Perdão envolve a remissão de uma dívida; colocá-la de lado,
como se tivesse sido plenamente paga por alguém que não pode pagar.
I CARACTERÍSTICA DA PARÁBOLA
1-O Contexto
·
O perdão ao
seu semelhante era um dever previsto na Lei, explicitado nos Profetas e,
costumeiramente, praticado pela tradição judaica.
·
Pedro tinha
esse conhecimento; porém, o questionamento central era: quantas vezes devemos
perdoar?
·
Há limite,
afinal? Pedro tinha o entendimento de que sete vezes era suficiente.
·
A resposta
de Jesus deve ter sido surpreendente para os apóstolos: “Não te digo que até
sete vezes, mas até setenta vezes sete”.
·
Isso é a
perfeição vezes a perfeição, vezes a perfeição! Há a ideia do infinito,
relacionando à grandiosa misericórdia de Deus, que não pode ser medida.
·
Esse é o
padrão de misericórdia que devemos ter quanto ao próximo.
·
A parábola
do Servo Incompressível insere-se neste aspecto: o questionamento de Pedro
sobre o perdão ao próximo.
2- O Resumo
· Jesus contou o procedimento de um rei para com os
oficiais que administravam os negócios de seu domínio.
· Alguns recebiam grandes somas de dinheiro
pertencentes ao Estado.
· E, quando o rei investigava a administração desse
depósito, foi-lhe apresentado um homem cuja conta mostrava uma dívida para com
seu senhor, na imensa soma de 10 mil talentos.
· A dívida era impossível de ser paga e, segundo o
costume, o rei ordenou que o servo fosse vendido com tudo quanto tinha
(família, imóveis e escravos), para que se fizesse o pagamento.
· Apavorado, o homem prostrou-se aos pés do
governante e suplicou-lhe, dizendo: “Senhor,
sê generoso para comigo, e tudo te pagarei”.
· Então, o rei, movido pela compaixão, soltou-o e
perdoou-lhe toda a dívida.
· Ao sair da presença do rei, aquele servo encontrou
um conservo que lhe devia 100 denários. Sufocando-o, disse: “Paga-me o que me
deves.”.
·
Então, o
companheiro, prostrando-se aos seus pés, rogou-lhe, dizendo: “Sê generoso para comigo, e tudo pagarei”.
· Ele, no entanto, não perdoou e mandou seu conservo a
prisão, até que pagasse a dívida, os Conservos que viram toda a cena foram
contar ao rei o que se passara.
· Então, o seu
senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: “Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste”. Não
devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive
misericórdia de ti?
·
“E, indignado, o seu senhor entregou-o aos
atormentadores, até que pagasse tudo o que devia”.
3-Tema Principal
·
Os servos ou
escravos citados por Jesus estão na posição de administradores dos bens dos
seus senhores; não se encontram em estado muito inferior na escala social.
·
No contexto da Palestina no primeiro século,
havia encarceramento de famílias por conta de dívidas e a tortura dos devedores
nas mãos de vários opressores.
· O “talento” é uma medida de peso em ouro,
prata ou cobre.
· Dez mil talentos representariam por volta de
270 toneladas de metal.
· Um talento era equivalente a cerca de 6.000
denários.
· Para um trabalhador comum quitar a dívida,
necessitaria de 164 mil anos! Ou seja, impossível para aquele servo pagar a
dívida com o rei!
· O rei da parábola é representação de Cristo,
que anulou todas as nossas dívidas com Deus.
·
A esse
ato chamamos de redenção, que pode ser definida como o preço pago para resgatar
algo que estava em penhor; o dinheiro pago para resgatar prisioneiros de
guerra, e o dinheiro para comprar a liberdade de um escravo.
·
Ao receber o
perdão divino, transformamo-nos em canal do perdão.
·
Não existe
uma pessoa salva que não tenha sido perdoada.
·
Temos uma certeza: na Nova Jerusalém só
entrarão os perdoados.
·
Diante
desses pressupostos, é impossível ser um cristão sem exercitar o perdão.
II LIÇÕES DA PARÁBOLA
1-Não faça contas.
·
A ausência
do perdão causa males sem precedentes.
·
As
Escrituras estão recheadas de exemplos do perigo devastador da mágoa dentro da
família e da Igreja.
·
Podemos
citar Caim e Abel; José e seus irmãos; Absalão e Amnon, Todos retratam essa
triste realidade.
·
Há pessoas
que não conseguem avançar em sua vida profissional ou relacional por conta de
desavenças passadas.
·
Outras estão
prisioneiras por causa de traumas ou abusos sofridos na infância.
·
O perdão tem
caráter libertador e terapêutico para todos esses conflitos e ressentimentos.
·
Ele promove
reconciliação em situações em que a indiferença quebrou o relacionamento.
Perdoar ao próximo é expressar o triunfo da graça em nossas vidas.
·
Não se
preocupe quantas vezes terá que perdoar, simplesmente perdoe, o perdão faz bem
a alma, ao espírito e ao corpo.
·
Devemos
fazer como Jesus fez na cruz do Calvário, “Pai
perdoa-lhes eles não sabem o que fazem”...
·
3-Todos devemos ao Rei
O apóstolo Paulo, em carta aos romanos, afirmou que o julgamento de Deus será justo e imparcial.
O apóstolo Paulo, em carta aos romanos, afirmou que o julgamento de Deus será justo e imparcial.
·
(Romanos
2:9-11) Todos que pecaram perecerão ou serão julgados, indiferentemente de
serem judeus ou gentios, ou seja, quer tenham a lei mosaica, quer tenha ou não.
·
Não haverá
dois pesos e medidas – Deus será absolutamente justo no julgamento.
·
Ao mesmo
tempo, temos de ter a consciência de que, quanto maior o nosso conhecimento
moral, maior será a responsabilidade diante do juízo.
·
O juízo de
Deus abrangerá as áreas ocultas de nossa vida: Deus julgará os segredos dos
homens.
·
Ele conhece nossos corações.
·
E, no Dia do
Juízo, todos os fatos de nossa vida virão a público, inclusive as nossas
motivações mais ocultas.
·
Nesse sentido, não há possibilidade de que a
justiça não seja aplicada.
3-Por que perdoar?
·
A
intenção da parábola é mostrar que o ato inicial de misericórdia e perdão,
exercido por Deus, deveria ser estendido as outras pessoas por nosso
intermédio.
·
Não
haverá utilidade se tivermos o conhecimento teórico sobre o assunto estudado e
não o aplicarmos no cotidiano. As lições não terão os objetivos cumpridos se
não servirem de canal de reflexão à mudança de direcionamento de nossas vidas.
·
O texto
que narra à história do credor Incompassivo informa-nos que Deus perdoou-nos, e
que esse perdão deve direcionar os nossos relacionamentos.
·
Precisamos
perdoar, porque já fomos perdoados por Deus (Jesus), e se não perdoamos,
corremos serio perigo de não sermos perdoados, das nossas transgressões,
presente e futuras, e, consequentemente seremos banidos da presença de Deus.
·
A
misericórdia do Senhor e o juízo de Deus, elementos intimamente ligados, são
exaltados na história narrada por Jesus.
III A CONCLUSÃO DA PARÁBOLA
1-A ênfase da misericórdia
·
Esta
parábola nos ensina que a abundância da misericórdia é que deve formar a base
da moral cristã.
·
Aqui
vemos que o rei pôde compreender e perdoar a ignorância, a desonestidade, os
erros e as falhas humanas, mas não a injustiça, a desumanidade, a crueldade e a
ingratidão.
·
Aquele
servo foi maldoso, egoísta e imoral.
·
Não
compreendeu o perdão, a misericórdia e a generosidade do rei. Fora-lhe perdoada
uma dívida tão grande, que muitos atos de bondade de sua parte não seriam suficientes
para expressar gratidão ao seu credor.
·
Entretanto,
não teve compaixão de quem lhe devia; pelo contrário, agiu de modo exatamente
oposto, lançando seu humilde servo no cárcere.
·
A
bondade do rei fora tão grande que ninguém seria capaz de explicar a razão de
sua atitude.
·
Todos nós encontramo-nos na situação daquele
homem cruel.
·
Fomos alvos da compaixão divina e recebemos o
perdão de Deus por intermédio de Jesus Cristo. Jamais pagaríamos nossa dívida!
Se ela era tão grande, e fomos perdoados, como não perdoarmos as ínfimas
dívidas dos nossos devedores (Mt 6.12)?
2-A questão do Juízo
·
A base do perfeito juízo é declarada por nosso
Senhor Jesus Cristo com as seguintes palavras: “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo;
e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade
daquele que me enviou.” (João 5.30).
·
De modo que podemos inferir, que todo juízo
justo é aquele que é realizado segundo a perfeita vontade de Deus.
·
Para ser segundo a vontade de Deus deve ser
segundo a reta justiça, e não segundo a aparência, conforme assim o expressa o
Senhor Jesus.
·
Disto se infere, que o juízo que nos é proibido
conforme suas palavras em Mateus 7.1,2 é somente aquele que for
temerário, ou seja, precipitado, apressado, e que está baseado em motivações
diferentes de um reto juízo que promova a glória de Deus.
3-Mitos que sabotam o perdão
·
Perdoar é esquecer-
É
muito comum ouvirmos que quem perdoou não deve lembrar a situação que fez com
que tivesse que perdoar. Mas então, será que quando nós perdoamos, Deus apaga a
nossa memória?
·
Não, perdão não é amnésia.
·
Cada ofensa precisa ser perdoada apenas uma vez-Quando
perdoamos, não significa que a dor vai desaparecer instantaneamente.
·
Até pode acontecer, Deus tem poder para isso,
mas muitas vezes vamos voltar a sofrer por causa de alguma coisa que fizeram
conosco. Por esse motivo, temos que perdoar novamente sempre que essa dor
volta.
·
Pessoas
que insistem no erro não merecem perdão -O número mencionado por Jesus é
ilustrativo.
·
Quando
Pedro perguntou para Jesus se deveria perdoar 7 vezes, ele pensava que estava
sendo generoso, pois 7 vezes é um bom número para perdoar alguém.
·
Apesar disso, Jesus demonstrou como Deus é muito
mais generoso que nós, e devemos perdoar sempre que alguém nos ofende.
Pr. Carlos Borges(CABB).
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