Luc. 18.9-14
Introdução: Essa parábola
de Jesus foi proferida com o objetivo de atingir alguns homens que “confiavam em si mesmos, por se considerarem
justos, e desprezavam os outros” (Lucas 18.9). Ela mostra a história
de dois tipos de homens diferentes, que em um mesmo dia tiveram um mesmo
pensamento, que foi o de ir até o templo fazer orações. Jesus faz um contraste entre a oração
realizada pelo fariseu, que era um religioso da época e a realizada por um
publicano, que era um cobrador de impostos e, por esse fato, era de um grupo
muito odiado pelas pessoas e até considerado pecador da pior qualidade.
I CARACTERÍSTICA DA PARÁBOLA
1- O Fariseu.
·
As tradições dos
fariseus, bem como a interpretação e a aplicação de suas leis, tornaram-se para
eles tão importante quanto a Lei de Deus.
·
As leis
farisaicas não eram totalmente más, algumas eram até benéficas, mas problemas
surgiram quando os lideres religiosos:
(1) - Sustentavam a ideia de que as leis
elaboradas por eles(homens) eram iguais às criadas por Deus; (2) - Recomendavam a todos que obedecessem a suas
leis, porém eles mesmos não as
respeitavam; ( 3) – Obedeciam às leis
não para honrar a Deus, mas para
terem uma aparência de homens justos.
·
Jesus geralmente
não condenou o que os fariseus ensinavam, mas a hipocrisia deles.
·
Esses homens
levavam tiras de couro que continham versículos das Escrituras (filactérios)
·
As pessoas muito
religiosas atavam-nas à testa ou aos braços, a fim de obedecerem
literalmente à recomendação de Dt. 6.8 ;
Êx.13.9-16.
·
Mas essas tiras
que eram muito grandes, haviam se tornado mais importante pelo prestigio que
conferiam aos que a usavam do que pela
verdade que continham.
2- O Publicano
·
Os publicanos eram cobradores de impostos para
o império romano. Eles eram
desprezados pelo povo porque muitos eram corruptos.
·
Jesus foi criticado por conviver com
publicanos.
·
Os publicanos
cobravam impostos aos seus compatriotas para o mantimento do império romano.
·
Os impostos do
império eram pesados e os publicanos muitas vezes cobravam demais, enriquecendo
a custa da miséria do povo.
·
Os judeus, que
não gostavam do domínio romano, sentiam-se traídos pelos publicanos.
·
Os publicanos tinham uma reputação muito ruim. O publicano era conhecido como ladrão, avarento, sem
coração.
·
Os fariseus e
outros religiosos se recusavam a conviver com publicanos, para não serem
contaminados.
·
Jesus nunca
rejeitou ninguém que quisesse segui-lo.
·
Jesus
não sentia repugnância pelos publicanos; ele via que eram pessoas que
precisavam muito da salvação.
·
Por isso, ele
fazia amizade com publicanos, visitava suas casas e até comia com eles.
·
Jesus não aprovava de sua conduta, mas ele
oferecia perdão e uma chance para mudarem de vida (Mateus
9:11-13).
·
Alguns publicanos
se tornaram seguidores de Jesus. Mateus,
um dos apóstolos era publicano (Mateus
10:2-3). Zaqueu, o chefe dos
publicanos, também se converteu.
3- A questão da oração
·
Jesus faz um
contraste entre a oração realizada pelo fariseu, que era um religioso da época
e a realizada por um publicano, que era um cobrador de impostos e, por esse
fato, era de um grupo muito odiado pelas pessoas e até considerado pecador da
pior qualidade.
·
Essa parábola
mostra claramente que a religiosidade que ostentamos em nossa vida não
significa nada para Deus se não brotar de um coração sincero e se não for de
acordo com a vontade Dele.
·
O fariseu e o
publicano tiveram atitudes de religiosos, pois estavam buscando a Deus em
oração, porém, o fariseu, o mais religioso dos dois, é reprovado, pois sua
religiosidade – e oração – era vazia.
·
O publicano não
era considerado um religioso, mas tinha um coração que agradava a Deus.
·
O fariseu mostrou
o quanto estava distante de Deus quando exaltou suas próprias obras como sendo,
na visão dele, o motivo de Deus o “aceitar” em Sua presença.
·
Porém, ele apenas
mostrou o quanto adorava a si mesmo e não a Deus.
·
O publicano,
apesar de não ser um atuante religioso, foi até a presença de Deus com uma
visão bíblica de si mesmo e de sua situação corrompida de pecador.
·
De cabeça baixa,
batia no peito, clamando pela misericórdia de Deus sobre sua vida.
II
LIÇÕES DA PARÁBOLA
1- O orgulho Atrapalha
·
A oração do
fariseu indica dois sintomas de orgulho espiritual.
·
Primeiro, ele
julga o cobrador de impostos e todos os outros.
·
Em segundo lugar,
a oração é toda sobre ele, suas boas obras e justiça.
·
Ao contrário do
fariseu, o cobrador de impostos (publicano) está cheio do temor de Deus.
·
Para ele a
presença de Deus é como um espelho que reflete o estado de sua alma.
·
Ele se arrepende
e busca a misericórdia de Deus, ele não se gaba nem julga o fariseu.
·
Os fariseus eram
ícones da espiritualidade enquanto os cobradores de impostos eram símbolos do
pecado, o publicano sai justificado, mas o fariseu saiu da mesma forma que
entrou.
·
Deus é
misericordioso para com os humildes de coração, mas despreza os soberbos (Tiago
4:6).
2- Considere as outras pessoas
·
Esta parábola tem
três lições para nós.
·
Se aplicarmos
estas três verdades não vamos sair da presença de Deus da mesma forma que
entramos; como o publicano vamos sair justificados, transformados e com paz de
espírito.
·
1 -Não
julgue-Julgar os outros significa pronuncia-los culpados.
v É o fruto do orgulho espiritual.
v
Exemplo: fofoca,
crítica, maledicência, condenação, denuncias falsas e etc.
v
Não usar a
correção como uma cobertura para julgar os outros. A correção é pessoal,
amorosa e respeitosa, mas julgar não é, (Mateus 18:15-17).
·
2-Não se gabe- Não ir à igreja para mostrar suas habilidades, riqueza ou conhecimento.
v Deus condena tais motivos, peça ao Espírito Santo para
lhe mostrar seus defeitos quando você estiver diante da presença de Deus.
v
Arrepender-se e buscar a misericórdia de Deus.
v
Ore para que ele lhe dê a graça de abandonar
seus velhos hábitos.
·
3-Dependa de Deus- A
falsa espiritualidade dos fariseus era usada como uma tampa para encobrir suas
fraquezas e deficiências.
v
Na igreja também
alguns cristãos muitas vezes cobrem suas fraquezas com uma sensação de falsa
espiritualidade.
v
Não deixe que o
ministério ou qualquer outra coisa sustentar sua autoimagem. Dependa de Deus e
ele te exaltará, (... quem se humilha será exaltado... Lucas 18:14).
3- O Valor do Arrependimento
·
Muitos entendem
que o termo “arrependimento”
significa “tornar-se contra o pecado”,
essa não é a definição bíblica de arrependimento.
·
Na Bíblia, a
palavra “arrepender” significa “mudar de ideia/convicção”.
·
A Bíblia também
nos diz que arrependimento verdadeiro vai resultar em uma mudança de
comportamento (Lucas 3:8-14; Atos 3:19).
·
Arrependimento e
fé podem ser entendidos como “dois lados
da mesma moeda”.
·
É impossível
colocar nossa fé em Jesus Cristo como Salvador sem primeiro mudarmos nossa
convicção sobre quem Ele é e o que Ele tem feito.
·
Na Bíblia,
arrependimento resulta em uma mudança de comportamento.
·
Por isso João Batista convidou as pessoas a
produzir “frutos dignos de
arrependimento” (Mateus 3:8).
·
Uma pessoa que
realmente se arrependeu de sua rejeição de Cristo e passou a ter fé nEle vai
tornar isso evidente através de uma vida transformada (2 Coríntios 5:17;
Gálatas 5:19-23; Tiago 2:14-26).
·
Arrependimento,
propriamente definido, é necessário para salvação.
·
Arrependimento
bíblico é mudar de convicção sobre Jesus Cristo e tornar-se para Deus em fé
para salvação (Atos 3:19).
·
Tornar-se contra
o pecado não é uma definição de arrependimento, mas é um dos resultados do
arrependimento genuíno que foi baseado em fé verdadeira pelo Senhor Jesus
Cristo.
III
CONCLUSÃO DA PARÁBOLA
1- O Perigo da teatralidade
·
Os fariseus seguiam não somente a lei escrita de Deus, mas também as
tradições orais que lhes tinham sido passadas. Eles acreditavam que ambas era a
vontade de Deus.
·
Jesus não seguiu as tradições deles; daí, eles atacaram-no (Mateus
15:1-14; Marcos 7:1-13). Ele respondeu às críticas deles distinguindo
claramente entre a lei de Deus e os mandamentos dos homens.
·
Jesus guardou todas as leis de Deus, mas sempre ignorou as regras do
homem. Ele lhes mostrou que, guardando a tradição, os fariseus na realidade
quebravam a palavra de Deus (Mateus 15:3-6).
·
Muitas igrejas modernas imitam os fariseus. Elas se agarram a suas
tradições acima da palavra de Deus.
·
Muitas delas têm credos ou catecismos junto com a Bíblia aos quais eles
dão sua fidelidade. Outros colocam os ensinamentos do pastor, pregador ou papa
no mesmo nível com as Escrituras.
·
Jesus advertiu: "Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são
preceitos de homens" (Mateus 15:9).
2 - Oração é mais que Palavras
·
A melhor
definição encontra-se, é óbvio, está na
Bíblia.
·
Nenhum conceito teológico expressa com a mesma
clareza e simplicidade o que ela significa.
·
A oração é
segundo as Escrituras, uma via de mão dupla através da qual o crente, com seu
clamor, chega à presença de Deus, e este vem ao seu encontro, com as respostas
(Jr 33:3 –“ Invoca-me, e te responderei;
anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes.”).
·
A oração é fruto
espontâneo da consciência de um relacionamento pessoal com o Todo-Poderoso,
onde não há espaço para o monólogo, pois quem ora não apenas fala, mas também
precisa estar disposto a ouvir.
·
É um diálogo onde o crente aprofunda sua comunhão
com Deus e ambos conversam numa linguagem que tem como intérprete o Espírito
Santo (Rm 8:26-27- “Também o Espírito,
semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como
convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimível.”
·
“E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do
Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.”
3-O Publicano é justificado
·
O fariseu saiu “sentindo-se justificado”.
·
Ele tinha acabado de falar com Deus.
·
Ele se impressionou e, sem dúvida, o outros também, que tinham ouvido
sua recitação hipócrita de valores.
·
Ele tinha cumprido sua responsabilidade e, em sua mente, tinha-a
cumprido muito bem. O coletor de impostos, por outro lado, saiu justificado por
Deus, porque se humilhou.
·
Ele saiu justificado porque possuía a chave do oferecimento de uma
oração que é aceitável por Deus.
·
Ele demonstrava as qualidades da
verdadeira grandeza no reino do céu como é descrita em Mateus 20:26-28. " Quem
quiser ser o primeiro entre vos será vosso servo".
·
Este homem desceu á sua casa justificado porque percebia que quem quer
que se humilhe será exaltado (Mateus 23:12). "Ó Deus, sê propício a mim, pecador"?
Pr. Carlos Borges (CABB)
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