A vida de Jesus foi autêntica, real, quando comia, dormia, caminhava, falava, amava... Também o foi quando morreu. Sua morte foi plenamente humana,
A morte não perdoou nada a Jesus (basta lermos os Evangelhos). Jesus
foi morto por homens concretos (Mt 27, 20), observantes fiéis da Lei da
região, guardiões da ordem, encerrados em um sistema de valores
intocável e inquestionável. “A incredulidade de seus parentes” “e a
incompreensão de seus discípulos” deixaram Jesus abandonado diante da
morte. (Concílio de Puebla) A paixão, morte, ressurreição e ascensão de Cristo, constituem o Mistério Pascal, ou Mistério da Páscoa. “O Mistério Pascal da Cruz e Ressurreição de Cristo está no centro
da Boa Nova que os Apóstolos, e depois deles a Igreja, devem anunciar
ao mundo. O desígnio salvífico de Deus cumpriu-se «uma vez por
todas»(He.9,26) pela morte redentora de seu Filho Jesus Cristo”.(CIC nº
571). O acontecimento celebrado na Páscoa Judaica, isto
é, a libertação do povo israelita da escravidão do Egito, é a
antecipação da completa libertação conquistada por Cristo para a raça
humana.Assim, o Mistério Pascal é o Mistério central da fé Cristã,
celebrado no Tríduo da Páscoa com uma solenidade única e sublime.Foi
deste Mistério que nasceu a Igreja e, com ela, a vida sacramental.
Muitas atitudes e palavras de Jesus foram «sinal de contradição»(Lc. 2,34) para as autoridades religiosas de Jerusalém, porque, aparentemente, segundo
eles, Jesus procedia contra as instituições essenciais do povo eleito.
Mas Jesus não aboliu a Lei do Sinal, mas cumpriu-a com tal perfeição
que resgatou as transgressões cometidas contra ela. Jesus, o Messias de
Israel, fazia questão de cumprir a Lei, executando-a integralmente até
nos menores preceitos, porque, segundo Jesus afirmou, Ele não vinha
para revogar a Lei, mas para a aperfeiçoar. Jesus praticou atos que O
manifestaram como sendo o próprio Deus Salvador e isso, para alguns, em
vez de ser uma prova do poder e autoridade de Jesus, foi antes
pretexto de blasfêmia, porque o acusavam de «um homem que se fazia
Deus»(Jo.10,33). Mas, por fim, Jesus provou eloqüentemente toda a
magnitude do seu Mistério Pascal, quando, depois de ter morrido pelos
pecados de toda a humanidade, pelo seu próprio poder Ressuscitou,
dando-nos a possibilidade da nossa regeneração, e essa foi, para as
autoridades do seu tempo, a grande pedra de escândalo.
Por
proclamar, com palavras e ações, o Reinado de Deus, ele foi julgado e
condenado. É o reinado que prestigia os pobres, os pecadores, os
enfermos, sobrepondo-os ao “sábado”, à Lei, ao lugar privilegiado do
Templo e da classe sacerdotal dentro da sociedade judaica, aos
poderosos (Mc 11, 15-19; 12, 38-44). A morte de Jesus foi sendo
preparada ao longo de toda a sua vida. E Jesus preferiu morrer
livremente a renunciar à verdade, a justiça, ao ideal da fraternidade
universal que derramava o amor sobre todos, ainda que pecadores,
inimigos; amor que privilegiava os pobres. Era o enviado do Pai
misericordioso, seu Filho, e não o aceitaram como tal. Aquele mundo não
pôde suportar Jesus: O mundo do Fanatismo Religioso (Mc 2, 27),
do poder (Jo 11, 47-48), da ambição (Mt 23, 6-7), da violência (Mc 15,
7), da hipocrisia (Lc 11, 46)...
Ev. Carlos Borges(CABB)
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