domingo, 31 de março de 2013

PERSEVERANDO A DOUTRINA A MISSÃO CONSERVADORA DA IGREJA PARTE VI


com os pecadores. A Igreja não pode se excluir da sociedade, pois está no mundo, mas jamais pode compactuar com o pecado, pois não é do mundo. Cabe à Igreja sempre manter-se como porta-voz do Senhor, resistindo bravamente a toda investida do adversário, a toda distorção das Escrituras, a toda heresia e falsa doutrina que se apresente.

- A Igreja é o sal da terra e, como tal, deve preservar o alimento, impedir a sua deterioração. Não deve permitir que a sã doutrina, formada pelos asmos da sinceridade ( I Co.5:8), seja misturada com o fermento dos fariseus(Mc.8:15; Lc.12:1). Por isso, tem a Igreja de defender a doutrina, de contradizer todo e qualquer ensinamento falso, mostrando, nas Escrituras, a Verdade e a vontade de Deus aos homens.

- Ser coluna da verdade é defender a verdade, é defender a fé cristã. Temos aqui a chamada “missão apologética da Igreja”. A Igreja deve defender a sã doutrina, mostrando aos hereges, uma e outra vez, onde estão errados, a fim de que possam se converter e retornar à ortodoxia doutrinária, mas sem contender e sem criar pelejas e debates intermináveis, que não produzam qualquer edificação. É por isso que o apóstolo Paulo recomenda a Tito que admoeste o herege uma e outra vez, mas que, depois, verificada a sua apostasia, seja ele evitado, pois debates intermináveis, polêmicas doutrinárias não devem ser perseguidas quando se verifica que não produzirão qualquer edificação espiritual, pois o convencimento não se dá por força do intelecto ou da razão humanas, mas única e exclusivamente por meio do Espírito Santo (I Tm.1:3,4; 6:3-5).

- Vivemos dias de proliferação dos falsos ensinos, que surgem a cada instante em número cada vez maior, pois o espírito do anticristo já está à solta para enganar a tantos quantos negligenciem no estudo da doutrina (II Ts.2:7-12; I Jo.2:18,19; 4:1-3). Muitos, no entanto, apesar desta situação lamentável, têm se deixado intimidar pelo adversário e, covardemente, se calam diante das distorções doutrinárias, permitindo, inclusive, que verdadeiras “sinagogas de Satanás” sejam erigidas em suas igrejas locais (Ap.2:9; 3:9), tornando-as em verdadeiras “abominações da desolação” (Mt.24:15). Como os sacerdotes apóstatas dos dias dos Macabeus e dos dias de Jesus, permitem que a casa de Deus deixe de ser casa de oração para ser covil de ladrões (Mt.21:13), para ser a abominação da desolação (Dn.11:21). Estes tímidos, porém, pagarão caro por sua covardia, pois ficarão do lado de fora da Jerusalém celestial (Ap.21:8). Devemos, assim como o profeta, cuidar para sempre tirar a morte que se introduza dentro da panela (II Rs.4:40,41).

OBS: “…1.TÍMIDOS. Acreditamos que os tais sejam os apóstatas que, por covardia, viraram as costas ao combate da fé e que, em tempo de tribulação, abandonaram a Criusto e Seu testemunho, a fim de salvarem a pele. Negaram a Cristo na terra e, em conseqüência disso, serão negados no céu (Mt.10:33)…” (SILVA, Severino P. da. Apocalipse versículo por versículo. 3.ed., p.267).

Cumprindo o que havia sido profetizado por Daniel, em Dn.11:21, o rei sírio Antíoco, o Grande, profanou o templo de Jerusalém, com a aquiescência da cúpula sacerdotal que havia apostatado do judaísmo, em 175 a.C., estabelecendo um culto ao deus grego Zeus. O templo seria retomado pelos judeus em 166 a.C. e novamente dedicado a Deus, o que deu ocasião ao surgimento da festa da dedicação, mencionada em Jo.10:22. Este episódio histórico é figura do que o Anticristo fará com o terceiro templo, na metade da Grande Tribulação.

- A Igreja deve ter amplo conhecimento da Palavra de Deus, grande experiência com Deus através da prática da sã doutrina, para, com ousadia, proclamar a Verdade e defendê-la diante dos homens e de suas vãs filosofias, crendices, mitologias, religiões e doutrinas, cada vez mais numerosas. Entretanto, para que possamos defender a Bíblia, é preciso que creiamos nela. A timidez somente desaparece quando surge a fé (Mc.4:40). É preocupante, porém, vermos hoje quantos mestres nas igrejas locais titubeiam e são visivelmente duvidosos no seu contacto com a Bíblia Sagrada. Ensinam sem convicção e, não raras vezes, procuram esconder sua ignorância e falta de fé em expressões como “isto é mistério”, quando não recorrem à “tábua de salvação” mais comum que é Dt.29:29. Isto, porém, não é ser coluna da verdade, não é suportar a verdade, não é resistir, não é defender a Palavra de Deus. A estes claudicantes, repetimos as palavras do Senhor a Tomé: “…não sejas incrédulo, mas crente.” (Jo.19:27 “in fine”).

- Sustentar tem o significado de nutrir, alimentar, matar a fome, satisfazer por muito tempo as necessidades de alimento. A Igreja tem de alimentar os homens com a Palavra de Deus, pois a Palavra do Senhor verdadeiramente é comida (Jo.6:55). Não podemos viver espiritualmente sem o pão da vida, sem Jesus Cristo, que é o Verbo de Deus (Jo.1:1;6:35,48). Ser coluna da verdade é ministrar a Palavra ao povo, é matar-lhe a fome e sede da Palavra de Deus, mantê-lo alimentado para o cotidiano de luta contra o mundo e o mal até a volta de Cristo. Por isso, os apóstolos dedicavam-se com zelo e prioridade ao ministério da Palavra (At.6:2,4).

- Todavia, como não deixamos de escrever seguidamente neste espaço, não é isso que temos presenciado em muitas igrejas locais, onde, como diz o professor Aristóteles Torres de Alencar Filho, há cada vez mais “louvorzão” e cada vez mais “palavrinha”. Muitos não têm mais alimentado o povo com a sã doutrina, com a Palavra de Deus e o resultado é que muitos são crentes subnutridos ou desnutridos, cristãos que estão irremediavelmente comprometidos na sua saúde e desenvolvimento espirituais.

- O escritor aos hebreus foi claríssimo ao mostrar que o risco da apostasia que rondava aqueles crentes a quem escreveu a epístola era resultado direto de um crescimento espiritual defeituoso, conseqüência da falta de uma instrução doutrinária condizente (Hb.5:12-6:3). De igual modo, o apóstolo Paulo apontou que os problemas sérios vividos pela igreja em Corinto era, também, produto de um defeituoso crescimento espiritual (I Co.3:1-3).

- Ser coluna da verdade é ministrar a Palavra, nutrir o povo de Deus com a Palavra, ensinar a Palavra, pregar a Palavra, admoestar e exortar com a Palavra. Entretanto, nos dias em que vivemos, o tempo da Palavra vai diminuindo dia após dia em nossas reuniões, que, cada vez mais, é ocupado por um sem-número de atividades, cujo único propósito é enfraquecer o povo de Deus, que, sem Palavra, seguirá sendo um povo espiritualmente desnutrido. Desnutrir nada mais é que nutri-se mal, de forma inadequada, que deixar de se nutrir, que definhar por falta de alimentação apropriada ou por falta de víveres.

- Quando falamos em desnutrição, logo nos vêm à mente as figuras daqueles crianças esqueléticas do continente africano, testemunhas vivas do horror da fome, a grande vergonha da humanidade, a grande face da perversão gerada pelo pecado no meio dos homens. Espiritualmente, estejamos certos, o Senhor vê muitos crentes em iguais condições, que estão a perecer de forma cruel no aspecto espiritual, porque não têm sido corretamente nutridos nas suas igrejas locais. Vivemos praticamente os dias profetizados por Amós, que dizia que haveria tempo em que haveria fome e sede, não de pão, mas de ouvir a Palavra de Deus (Am.8:11,12).


Ev. Carlos Borges(CABB)

sexta-feira, 29 de março de 2013

PERSEVERANDO A DOUTRINA -A MISSÃO CONSERVADORA DA IGREJA PARTE V


demonstração de que o amor do Pai já neles não está (I Jo.2:15). Em virtude disto, como amam o mundo e o pecado (pois no mundo só há a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – I Jo.2:16), não aceitam mais sofrer a sã doutrina, não querem saber de viver separados do pecado e, por isso, enganam-se a si mesmos amontoando para si falsos doutores, que tragam mensagens que os estimule a continuar pecando, achando que, mesmo assim, poderão servir a Deus.

- Assim, um dos principais motivos para a proliferação dos falsos mestres, apóstolos, profetas e doutores nos nossos dias é a circunstância de que há cada vez mais pessoas que estão a esfriar o seu amor para com Deus, a deixar de observar a doutrina, a deixarem a sua posição vertical de colunas, para se prostrarem ao pecado e ao mal, pois quem pratica o pecado, torna-se servo dele (Jo.8:34).

- A primeira característica da Igreja como coluna da verdade é, portanto, manter-se fiel ao Senhor, obediente à Sua Palavra, separando-se do mal e do pecado, mantendo-se como o remanescente fiel, que não contaminou os seus vestidos e que, por isso, andarão de branco com o Senhor (Ap.3:4). A preservação da doutrina depende, em primeiro lugar, portanto, da observância da Palavra de Deus, de santidade, de sinceridade de vida, de uma vivência das Escrituras Sagradas.

- Mas a coluna não só tem de estar fundada na rocha e se manter numa posição vertical, como também deve ser o elemento de sustentação do que lhe está acima, “in casu”, da verdade. A Igreja não só deve estar em pé, mas deve sustentar a verdade.

- “Sustentar” é “segurar por baixo, carregar com o peso de; suster, suportar; evitar a queda, manter o equilíbrio de; segurar no alto, levar nas mãos; portar, carregar; manter a resistência a; resistir, agüentar(-se); dar ou receber alimentação; alimentar(-se), nutrir(-se); matar a fome; satisfazer por muito tempo as necessidades de alimento”.

- A Igreja tem o dever de carregar o peso da Palavra de Deus, o que Jesus denominou de “tomar a cruz” (Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23). Quem não toma a cruz, não pode ser considerado discípulo de Cristo (Mt.10:38; Lc.14:27).

- Suportar a Palavra de Deus, tomar a cruz nada mais é que observar a Palavra de Deus no dia-a-dia, demonstrar a sua fé em Cristo fazendo aquilo que Ele nos manda em Sua Palavra, ainda que isto represente desvantagens momentâneas e temporárias. Cumprir a Palavra de Deus tem um peso, traz um grande ônus para o servo do Senhor. Por isso, tanto Ezequiel quanto João, quando instados, em visão, a comer um livrinho, verificaram que este livro, era doce como mel em suas bocas (Ez.3:3; Ap.10:9), mas, para João, o livrinho tornou-se amargo no seu ventre (Ap.10:10). Isto nos diz que falar a Palavra de Deus é algo suave, agradável, mas cumpri-la é difícil e causa constrangimentos, dissabores e aflições.

- No entanto, a coluna é feita para suportar o peso do que lhe está acima. A Igreja foi feita para suportar o peso da Verdade, ou seja, de Cristo, da Palavra de Deus. Por causa desta obediência às Escrituras e do amor a Cristo, que se mostra e prova pela guarda de Seus mandamentos, temos de tomar a cruz e sofremos o ódio de todos quantos nos cercam e que, por não terem qualquer compromisso com o Senhor e com a verdade, perseguem-nos e querem apenas o nosso mal (Jo.15:18-23). Como corpo de Cristo, assim como a cabeça, nada temos com o príncipe deste mundo (Jo.14:30).

- A Igreja, portanto, tem de suportar o peso da Palavra de Deus e sofrer a inimizade do mundo e viver em constante luta com os valores, crenças e princípios mundanos. A coluna da verdade suporta a doutrina, agüenta o peso da Palavra de Deus e nada tem com o mundo ou com o pecado. Quem procura contemporizar com o pecado, quem procura conviver com o mundanismo e apresenta tolerância com a concupiscência, já não é mais coluna, pois a coluna tem de suportar a verdade e não a mentira.

- Prega-se, hoje em dia, um Evangelho de facilidades, de prosperidade, de leveza, de “sombra e água fresca”. Este, porém, não é o genuíno e autêntico Evangelho. O Evangelho pregado por Cristo exige de nós que tomemos a cruz e que estejamos em constante batalha contra as portas do inferno (Mt.16:18; Ef.6:12). Ser coluna é suportar a Verdade, é suportar a sã doutrina, não o pecado. Não podemos aceitar as astutas ciladas do diabo, que procura estabelecer “tréguas” e “cessar-fogo” com os crentes, engodando-os, pois não é possível haver comunhão entre a luz e as trevas.

- Os que não suportam mais a sã doutrina, como já se disse supra, acabam amontoando para si doutores conforme as suas próprias concupiscências, acabam negando o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmo repentina destruição (II Pe.2:1). Deixam de adorar a Deus e preferem desfrutar da glória efêmera dos reinos deste mundo, adorando ao diabo, o deus deste século, ainda que indiretamente (Mt.4:8,9). São as astutas ciladas do adversário que, infelizmente, têm seduzido a muitos.

- Uma das grandes armadilhas lançadas pelo adversário para fazer com que muitos deixem de suportar a Verdade são as riquezas desta vida. Quem ama as riquezas (denominadas nas Escrituras de “Mamom”), jamais amará ao Senhor (Mt.6:24) e, por isso, muitos, querendo ser ricos, caem em tentação, em laço e em muitas concupiscências nocivas e loucas (I Tm.6:9). Não suportam, assim, a doutrina, pois não amam mais a Deus e, por isso, passam a amar as riquezas desta vida, a amar o dinheiro. Seu fim, infelizmente, será a perdição eterna, pois se desviam da fé (I Tm.6:10), ficando do lado de fora da Jerusalém celestial, já que todo avarento é idólatra (Cl.3:5; Ap.21:8; 22:15).

- Aqueles, porém, que suportarem a Verdade, que agüentarem as dificuldades da vida, mesmo as de ordem econômico-financeira, estes serão vencedores e estarão com o Senhor para todo o sempre, pois devemos ajuntar o nosso tesouro no céu (Mt.6:20,21).

- Sustentar é, também, portar, carregar, levar nas mãos, manter a resistência, resistir. A Igreja tem o dever de carregar a Verdade, de proclamar a Verdade, de resistir com a Verdade a todos os ataques da mentira, a todos os dardos inflamados do inimigo. A Bíblia é clara ao dizer que devemos resistir ao diabo e que só assim ele fugirá de nós (Tg.4:7; I Pe.5:8,9).

- A resistência ao diabo dá-se através do uso da Palavra de Deus, da sua proclamação, do seu ensino, como Jesus nos provou quando de Sua tentação. A Igreja deve sempre, em todas as ocasiões, proclamar a Palavra de Deus e dizer aos homens qual é a vontade de Deus sobre todo e qualquer assunto, sobre toda e qualquer questão que se levante entre os homens.

- A Igreja deve manter-se intolerante com o pecado, o que não 


Ev. Carlos Borges(CABB)

quarta-feira, 27 de março de 2013

PERSEVERANDO A DOUTRINA -A MISSÃO CONSERVADORA DA IGREJA -PARTE IV


Vemos que o procônsul Sérgio Paulo se admirou da doutrina pregada por Paulo (At.13:12), que não era de Paulo, mas do Senhor, como também, em Atenas, quiseram os filósofos do Areópago ter conhecimento da nova doutrina, precisamente a que era ensinada pelo apóstolo (At.17:19). Paulo, por sinal, em seus escritos, sempre demonstrou sua preocupação para que a doutrina tivesse sempre um espaço privilegiado não só na vida de cada crente, mas nas igrejas locais, pois entendia que ser salvo era ter adotado uma nova doutrina (Rm.6:17), que os inimigos dos crentes são os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina (Rm.16:17), que um culto não tem sentido se não houver doutrina (I Co.14:6,26), que a vida familiar deve ser construída, notadamente a educação dos filhos, pela doutrina do Senhor (Ef.6:4), que a vida do ministro está indissociavelmente vinculada ao ensino e à observância da sã doutrina (I Tm.1:3,10; 4:6,16; 5:17; 6:1,3; II Tm.4:2,3; Tt.2:1,7,10).

- O autor aos hebreus também demonstrou sua preocupação para com a doutrina, mostrando ser ela o verdadeiro alicerce que impede a apostasia do crente (Hb.6:1,2). O apóstolo João, também, mostrou a necessidade de o crente sempre observar a sã doutrina e nela perseverar (II Jo.2,9), bem assim, no Apocalipse, registrando as palavras do Senhor Jesus para as igrejas da Ásia, mostrou quão abominável é ao Senhor que os santos se desviem dos santos caminhos por causa de outras doutrinas (Ap.2:14,15 e 24).

II – IGREJA: COLUNA E FIRMEZA DA VERDADE

- Pelo que pudemos observar pelas referências bíblicas relacionadas à doutrina, esta é uma das principais tarefas da Igreja, que foi mesmo denominada de “coluna e firmeza da verdade” (I Tm.3:15). Uma das razões de ser da Igreja, portanto, é a de sustentar e manter a Palavra de Deus, que é a Verdade (Jo.17:17).

- A palavra “coluna” traduz o grego “stylos” (στυλος), cujo significado vem da arquitetura e da engenharia. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “coluna” é “suporte vertical, cilíndrico ou quase cilíndrico, usado como ornato em edificações e monumentos ou como elemento de sustentação para partes elevadas de um edifício, abóbadas, arcos etc., e consta geralmente de base ou pedestal, fuste e capitel.” A palavra vem do latim “columna”, que tem a mesma origem de “columen”, que deu origem à palavra “cume”, que significa topo, ponto mais alto e elevado.

- Como podemos verificar, uma “coluna” é uma peça que tem o papel de suportar algo, de sustentar algo que está acima de si. É ela quem mantém de pé aquilo que é sustentado, estando ela própria numa posição vertical. Ao se dizer que a Igreja é a coluna da verdade, a Bíblia Sagrada mostra-nos, em primeiro lugar, que a Igreja deve se manter em pé, não pode se dobrar, não pode se manter curvada, mas deve se manter com firmeza sobre o solo, a fim de poder sustentar aquilo que está acima de si, que é a verdade.

- Estar de pé é uma exigência de todo aquele que pertence à Igreja (I Co.10:12). Estar em pé é não cair, ou seja, estar em pé é se manter fiel a Deus, não ceder ao pecado nem às tentações, pois cair é se submeter, novamente, à vontade da carne, ao domínio do pecado e do mal (Mt. 6:13 APF, NVI, TB). Estamos em pé quando mantemos a nossa fé em Deus (II Co.1:24). Estamos em pé quando tomamos cuidado de nós mesmos e somente o fazemos quando tomamos cuidado da doutrina (I Tm.4:16).

- Para ser coluna, é preciso que tomemos a posição vertical. Mas a coluna somente toma a posição vertical se estiver fundada em um solo forte, resistente, que possa lhe dar fundamento. A coluna, para ficar em pé, deve estar sobre a rocha (Mt.7:24). Somos postos na rocha quando aceitamos a Cristo como nosso Senhor e Salvador e retirados do charco de lodo do pecado (Sl.40:2). Mas, depois de ali termos sido postos por Deus, é necessário que firmemos os nossos passos e isto somente se dá quando confiamos em Deus e passamos a demonstrar esta nossa fé nEle mediante a guarda dos Seus mandamentos, pois só assim permaneceremos no Senhor (Jo.15:10). É desta maneira que, devidamente fundados em Cristo, a pedra principal de esquina (I Pe.2:6), deixamos o mundo de trevas e passamos para a luz (Jo.3:21). Tornamo-nos, assim, luz e, como toda luz, não ficamos escondidos debaixo do alqueire, i.e., de uma vasilha (Mt.5:15), mas somos colocados numa posição vertical, para sermos vistos pelos homens, assim como as colunas eram vistas nas edificações dos tempos apostólicos, nas construções do chamado período helenístico (período iniciado com Alexandre, o Grande e que vai até a queda de Roma, entre os séculos III a.C. e V d.C.). Ao assumirmos a posição vertical, passamos a ser vistos por todos, tornamo-nos a luz do mundo e nossos passos e obras são presenciados por todos, pois estamos no velador, isto é, no candeeiro, que, como sabemos, é a figura da Igreja, não só a universal como também a local (cfr. Ap.1:20).

- Temos, pois, que o primeiro papel da Igreja, como coluna da verdade, é a de praticar a sã doutrina, seguir os ensinamentos de Cristo Jesus, produzir o fruto do Espírito Santo, guardar as Suas palavras. A doutrina inicia-se não apenas pelo aprendizado intelectual, pelo ouvir a Palavra de Deus, mas pela prática, pela sua observância, por um viver de acordo com a vontade do Senhor. A sã doutrina deve ser sustentada, em primeiro lugar, pelo testemunho da Igreja, por uma vida que corresponda ao que é ensinado pela Palavra de Deus.

- Com Jesus, nosso exemplo (I Pe.2:21), não foi diferente. A multidão ficou admirada de Sua doutrina não pelo que Ele dizia, mas, principalmente, pela autoridade demonstrada no ensino (Mt.7:28,29), autoridade esta que se resumia a um fator muito simples: Jesus, ao contrário dos escribas e fariseus, vivia o que ensinava (Mt.23:2,3). De igual modo, a Igreja, corpo de Cristo, tem de viver aquilo que prega, sem o que não poderá se constituir em coluna da verdade, pois a coluna tem de estar na posição vertical e, se não viver o que pregar, o que ensinar, estará a pecar e o pecado fará com que a igreja local ou o crente, individualmente considerado, esteja prostrado, caído, sem ter como se erguer e levantar.

- A falta de uma vida de santidade, de uma vida separada do pecado é o primeiro fator para que se levantem, no meio do povo de Deus, falsos mestres e falsos doutores. Como nos ensina o apóstolo Paulo, os falsos doutores surgem porque há pessoas que querem viver de acordo com as suas concupiscências, ou seja, de acordo com os seus pecados (II Tm.4:3,4).

- É verdade que o surgimento dos falsos mestres, doutores e profetas é um fenômeno relacionado com o término desta dispensação, algo predito pelas Escrituras, mas não devemos nos esquecer que sua proliferação está diretamente vinculada ao esfriamento do amor de quase todos os cristãos (Mt.24:12). O esfriamento do amor nada mais é que deixar de observar a sã doutrina, pois a prova que damos de que amamos a Jesus é por meio da obediência à Sua Palavra (Jo.14:15; 15:9,10).

- Nestes últimos dias, muitos têm permitido que o pecado venha a esfriar o seu amor a Deus e, como conseqüência disto, passam a amar o mundo e o que no mundo há, numa clara 


Ev. Carlos Borges(CABB)

segunda-feira, 25 de março de 2013

PERSEVERANDO A DOUTRINA- A MISSÃO CONSERVADORA DA IGREJA PARTE 3



dizer a vida, também disse ser a verdade (Jo.14:6) e a verdade, disse em outra oportunidade, é a Palavra de Deus(Jo.17:17). Por isso, a doutrina, enquanto ensino da Palavra de Deus, só pode, mesmo, ser a fonte de vida, de modo que não tem qualquer sentido alguém vir a dizer que o estudo, o aprendizado da Palavra de Deus seja causa de morte (interpretando, fora de contexto e sem qualquer fundamento, a expressão “a letra mata” de II Co.3:6). Bem ao contrário, é a doutrina quem nos desvia dos laços de morte, pois só o conhecimento da doutrina da Palavra de Deus nos impede de sermos enganados pelas falsas doutrinas, heresias e modismos que proliferam com cada vez maior intensidade à medida que se aproxima o dia da volta de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

- A Igreja, ao ensinar a sã doutrina, portanto, está sendo motivo de vivificação dos homens, estando aí, aliás, como veremos na próxima lição, um dos elementos fundamentais para o exercício da missão dinâmica da Igreja, ou seja, da manutenção dos crentes como “pedras vivas” do edifício de Deus, do avivamento espiritual. Uma igreja local que não prioriza a doutrina é uma igreja que está se adaptando ao modelo da “igreja de Sardo”, uma igreja que tem nome de que vive, mas que está morta, pois sem doutrina, não há possibilidade de vida espiritual (Ap.3:1).

- Em Pv.16:23, a Versão Almeida Revista e Corrigida utiliza a palavra “doutrina”, que é a mesma palavra hebraica “leqach”. Entretanto, tal versão ficou isolada nesta tradução, pois a Versão Atualizada traduziu o termo por “persuasão”, a Fiel e Corrigida por “ensino” e a Edição Contemporânea por “instrução”. De qualquer modo, em que pese o isolamento da versão, temos aqui um outro ensino relevante a respeito da doutrina. É a circunstância de que a doutrina vem do coração, ou seja, o que o sábio ensina é o que lhe vem do coração e, sabemos, que o princípio da sabedoria é o temor do Senhor. Por isso, o que vem do coração do sábio é o que aí foi colocado pelo próprio Espírito Santo e, portanto, temos que a doutrina nada mais é que o resultado da operação do Espírito Santo na vida de alguém. O próprio Jesus nos ensina isto ao dizer que o Espírito Santo, que Ele mandaria para ficar com os Seus servos, nos ensinaria todas as coisas e nos faria lembrar de tudo quanto Jesus, a Palavra, havia dito (Jo.14:26). Vemos, pois, que a doutrina nada mais é que o resultado do ensino do Espírito Santo, o nosso Mestre por excelência. Mais uma vez, portanto, sem qualquer fundamento quem acha que o estudo doutrinário é uma exaltação humana. Bem ao contrário, o que temos é uma demonstração de submissão do homem, de reconhecimento da soberania e supremacia divinas.

- A palavra “doutrina” reaparece na Versão Almeida Revista e Corrigida em Is.29:24, onde, mais uma vez, traduz “leqach”, sendo seguido pela Fiel e Corrigida, já que a Atualizada e a Edição Contemporânea traduzem o termo por “instrução”. No texto, é dito que os murmuradores aprenderiam doutrina quando houvesse a santificação que o profeta prometia para o povo do Senhor. A santificação e o temor a Deus fariam com que os murmuradores, ou seja, aqueles que se queixam de Deus, que se rebelam contra o Senhor, viessem a aprender “doutrina”. Vemos que a “doutrina” só é aprendida por quem se separa do pecado, por quem se submete ao Senhor, por quem prima por uma vida de comunhão com Deus. Por isso, sentimos muita preocupação ao saber que muitos crentes, na atualidade, fogem dos “cultos de doutrina”, dos “cultos de ensino”, prova de que não estão a se santificar.

- A Versão Almeida Revista e Corrigida menciona “doutrina” em Is.42:4, para traduzir, desta feita, “torah”, sendo seguida pela Versão Atualizada. Já a Edição Contemporânea e a Fiel e Corrigida preferiram traduzir o termo por “lei”, mas, como dissemos supra, o termo “torah”, embora tenha adquirido a conotação de “lei” tem como seu significado o de “instrução”, de “doutrina”.

OBS: “…Há entre muitos judeus, e também cristãos, uma noção errônea muito difundida de que a tradução exata de ‘Torah’ é ‘Lei’. Esse erro, provavelmente involuntário em sua origem, foi sem dúvida cometidos pelos tradutores judeus de Alexandria, no século III a.E.C., que prepararam a versão grega da Bíblia, denominada Septuaginta. Estimulados, provavelmente, pela predileção pela lei característica do ambiente cultural helenista, traduziram de maneira incompleta o conceito da palavra hebraica, fazendo-a aparecer como ‘Lei’. Uma vez que a versão Septuaginta das Escrituras era quase universalmente usada pelos judeus fora da Judéia e das regiões de língua aramaica do mundo greco-romano — poucos judeus ali sabiam hebraico ou mesmo aramaico (targum) — era natural que a tradução de Torah como ‘Lei’ entrasse nas obras judaicas pós-bíblicas escritas em grego ou traduzidas do hebraico para a língua grega.(…). O conceito de Torah entre os judeus, no entanto, é muito mais amplo e mais profundo do que tão somente a ‘Lei’: no seu sentido etimológico completo, ‘Torah’ também tem a conotação de ‘doutrina’, ‘instrução’ e ‘orientação’. Mesmo o exame mais superficial do Pentateuco comprova que a Torah tenta ser um inspirado guia absoluto para toda a crença e o culto, e abranger todas as ramificações da conduta individual e social. É, portanto, uma supersimplificação encarar a Torah como sendo somente ‘Lei’. A Torah também é uma crônica genealógica dos primórdios de Israel e inclui as biografias de seus ilustres antepassados e dos primeiros líderes. Além disso, é um sermão fervoroso: ensina e moraliza ininterruptamente. Exorta, incansavelmente, o israelita como indivíduo como a coletividade inteira de Israel, a esquivar-se das más ações e tomar os caminhos da verdade, da virtude, da misericórdia e da justiça, imitando os próprios atributos de Deus; a abandonar a adoração de ídolos e a encontrar Deuys vivo na prática do preceito ‘Ama teu próximo como a ti mesmo’, o qual, como disse Rabi Akiva no século II, é o princípio central da religião judaica.…” (AUSUBEL, Nathan. op.cit., p.81-2).

- Ao nos depararmos com este texto do profeta Isaías, vemos claramente que o Servo do Senhor prometido para o futuro seria alguém que traria a “doutrina” de Deus para as ilhas, isto é, até as extremidades da Terra. Neste texto, vemos que a missão de Jesus, o Messias, o Servo do Senhor, era o de levar a “doutrina” do Senhor para toda a Terra, “torah” que havia sido dada inicialmente só a Israel. Por isso, ao iniciar Sua pregação, o Senhor conclamou Seu povo ao arrependimento e a crer no Evangelho(Mc.1:14,15), o mesmo que determinou que fizéssemos depois de Sua ascensão ao céu (Mc.16:15). O “evangelho” é a “doutrina de Cristo”, é a “doutrina de Deus”. Por isso, não podemos crer em qualquer outra doutrina, em qualquer outro evangelho, ainda que seja trazido por anjos (Gl.1:8).

- Esta doutrina foi mantida pelos apóstolos e tal circunstância nos mostra, claramente, que é a doutrina que deve ser seguida pelo povo de Deus, pela Igreja. A primeira nota característica que se escreve a respeito dos salvos reunidos para fora do mundo, a partir do dia de Pentecostes, foi o fato de que “perseveravam na doutrina dos apóstolos” (At.2:42). Na igreja primitiva, o trabalho dos crentes outro não era senão encher Jerusalém da doutrina (At.5:28). A preocupação dos apóstolos era orar e ensinar a Palavra de Deus à igreja, ou seja, dar doutrina (At.6:2,4). Com estas informações que nos vêm do texto sagrado, temos alguma dúvida por que a igreja prosperava e a todo instante o Senhor acrescentava aqueles que haviam de se salvar (At.2:47) ? Simplesmente porque dava o primeiro lugar, em sua atividade, à doutrina!

- Esta primazia da doutrina foi sempre uma característica da igreja nos tempos apostólicos
Ev. Carlos Borges(CABB)