quarta-feira, 27 de março de 2013

PERSEVERANDO A DOUTRINA -A MISSÃO CONSERVADORA DA IGREJA -PARTE IV


Vemos que o procônsul Sérgio Paulo se admirou da doutrina pregada por Paulo (At.13:12), que não era de Paulo, mas do Senhor, como também, em Atenas, quiseram os filósofos do Areópago ter conhecimento da nova doutrina, precisamente a que era ensinada pelo apóstolo (At.17:19). Paulo, por sinal, em seus escritos, sempre demonstrou sua preocupação para que a doutrina tivesse sempre um espaço privilegiado não só na vida de cada crente, mas nas igrejas locais, pois entendia que ser salvo era ter adotado uma nova doutrina (Rm.6:17), que os inimigos dos crentes são os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina (Rm.16:17), que um culto não tem sentido se não houver doutrina (I Co.14:6,26), que a vida familiar deve ser construída, notadamente a educação dos filhos, pela doutrina do Senhor (Ef.6:4), que a vida do ministro está indissociavelmente vinculada ao ensino e à observância da sã doutrina (I Tm.1:3,10; 4:6,16; 5:17; 6:1,3; II Tm.4:2,3; Tt.2:1,7,10).

- O autor aos hebreus também demonstrou sua preocupação para com a doutrina, mostrando ser ela o verdadeiro alicerce que impede a apostasia do crente (Hb.6:1,2). O apóstolo João, também, mostrou a necessidade de o crente sempre observar a sã doutrina e nela perseverar (II Jo.2,9), bem assim, no Apocalipse, registrando as palavras do Senhor Jesus para as igrejas da Ásia, mostrou quão abominável é ao Senhor que os santos se desviem dos santos caminhos por causa de outras doutrinas (Ap.2:14,15 e 24).

II – IGREJA: COLUNA E FIRMEZA DA VERDADE

- Pelo que pudemos observar pelas referências bíblicas relacionadas à doutrina, esta é uma das principais tarefas da Igreja, que foi mesmo denominada de “coluna e firmeza da verdade” (I Tm.3:15). Uma das razões de ser da Igreja, portanto, é a de sustentar e manter a Palavra de Deus, que é a Verdade (Jo.17:17).

- A palavra “coluna” traduz o grego “stylos” (στυλος), cujo significado vem da arquitetura e da engenharia. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “coluna” é “suporte vertical, cilíndrico ou quase cilíndrico, usado como ornato em edificações e monumentos ou como elemento de sustentação para partes elevadas de um edifício, abóbadas, arcos etc., e consta geralmente de base ou pedestal, fuste e capitel.” A palavra vem do latim “columna”, que tem a mesma origem de “columen”, que deu origem à palavra “cume”, que significa topo, ponto mais alto e elevado.

- Como podemos verificar, uma “coluna” é uma peça que tem o papel de suportar algo, de sustentar algo que está acima de si. É ela quem mantém de pé aquilo que é sustentado, estando ela própria numa posição vertical. Ao se dizer que a Igreja é a coluna da verdade, a Bíblia Sagrada mostra-nos, em primeiro lugar, que a Igreja deve se manter em pé, não pode se dobrar, não pode se manter curvada, mas deve se manter com firmeza sobre o solo, a fim de poder sustentar aquilo que está acima de si, que é a verdade.

- Estar de pé é uma exigência de todo aquele que pertence à Igreja (I Co.10:12). Estar em pé é não cair, ou seja, estar em pé é se manter fiel a Deus, não ceder ao pecado nem às tentações, pois cair é se submeter, novamente, à vontade da carne, ao domínio do pecado e do mal (Mt. 6:13 APF, NVI, TB). Estamos em pé quando mantemos a nossa fé em Deus (II Co.1:24). Estamos em pé quando tomamos cuidado de nós mesmos e somente o fazemos quando tomamos cuidado da doutrina (I Tm.4:16).

- Para ser coluna, é preciso que tomemos a posição vertical. Mas a coluna somente toma a posição vertical se estiver fundada em um solo forte, resistente, que possa lhe dar fundamento. A coluna, para ficar em pé, deve estar sobre a rocha (Mt.7:24). Somos postos na rocha quando aceitamos a Cristo como nosso Senhor e Salvador e retirados do charco de lodo do pecado (Sl.40:2). Mas, depois de ali termos sido postos por Deus, é necessário que firmemos os nossos passos e isto somente se dá quando confiamos em Deus e passamos a demonstrar esta nossa fé nEle mediante a guarda dos Seus mandamentos, pois só assim permaneceremos no Senhor (Jo.15:10). É desta maneira que, devidamente fundados em Cristo, a pedra principal de esquina (I Pe.2:6), deixamos o mundo de trevas e passamos para a luz (Jo.3:21). Tornamo-nos, assim, luz e, como toda luz, não ficamos escondidos debaixo do alqueire, i.e., de uma vasilha (Mt.5:15), mas somos colocados numa posição vertical, para sermos vistos pelos homens, assim como as colunas eram vistas nas edificações dos tempos apostólicos, nas construções do chamado período helenístico (período iniciado com Alexandre, o Grande e que vai até a queda de Roma, entre os séculos III a.C. e V d.C.). Ao assumirmos a posição vertical, passamos a ser vistos por todos, tornamo-nos a luz do mundo e nossos passos e obras são presenciados por todos, pois estamos no velador, isto é, no candeeiro, que, como sabemos, é a figura da Igreja, não só a universal como também a local (cfr. Ap.1:20).

- Temos, pois, que o primeiro papel da Igreja, como coluna da verdade, é a de praticar a sã doutrina, seguir os ensinamentos de Cristo Jesus, produzir o fruto do Espírito Santo, guardar as Suas palavras. A doutrina inicia-se não apenas pelo aprendizado intelectual, pelo ouvir a Palavra de Deus, mas pela prática, pela sua observância, por um viver de acordo com a vontade do Senhor. A sã doutrina deve ser sustentada, em primeiro lugar, pelo testemunho da Igreja, por uma vida que corresponda ao que é ensinado pela Palavra de Deus.

- Com Jesus, nosso exemplo (I Pe.2:21), não foi diferente. A multidão ficou admirada de Sua doutrina não pelo que Ele dizia, mas, principalmente, pela autoridade demonstrada no ensino (Mt.7:28,29), autoridade esta que se resumia a um fator muito simples: Jesus, ao contrário dos escribas e fariseus, vivia o que ensinava (Mt.23:2,3). De igual modo, a Igreja, corpo de Cristo, tem de viver aquilo que prega, sem o que não poderá se constituir em coluna da verdade, pois a coluna tem de estar na posição vertical e, se não viver o que pregar, o que ensinar, estará a pecar e o pecado fará com que a igreja local ou o crente, individualmente considerado, esteja prostrado, caído, sem ter como se erguer e levantar.

- A falta de uma vida de santidade, de uma vida separada do pecado é o primeiro fator para que se levantem, no meio do povo de Deus, falsos mestres e falsos doutores. Como nos ensina o apóstolo Paulo, os falsos doutores surgem porque há pessoas que querem viver de acordo com as suas concupiscências, ou seja, de acordo com os seus pecados (II Tm.4:3,4).

- É verdade que o surgimento dos falsos mestres, doutores e profetas é um fenômeno relacionado com o término desta dispensação, algo predito pelas Escrituras, mas não devemos nos esquecer que sua proliferação está diretamente vinculada ao esfriamento do amor de quase todos os cristãos (Mt.24:12). O esfriamento do amor nada mais é que deixar de observar a sã doutrina, pois a prova que damos de que amamos a Jesus é por meio da obediência à Sua Palavra (Jo.14:15; 15:9,10).

- Nestes últimos dias, muitos têm permitido que o pecado venha a esfriar o seu amor a Deus e, como conseqüência disto, passam a amar o mundo e o que no mundo há, numa clara 


Ev. Carlos Borges(CABB)

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