quarta-feira, 20 de março de 2013

PERSEVERANDO A DOUTRINA - A MISSÃO CONSERVADORA DA IGREJA - PARTE 1



PRESERVANDO  A  DOUTRINA - A MISSÃO  CONSERVADORA  DA  IGREJA

À Igreja cabe a proclamação, a sustentação e a defesa da sã doutrina entre os homens.

INTRODUÇÃO

- Paulo denomina a Igreja de “coluna e firmeza da verdade” (I Tm.3:15). Como corpo de Cristo, que é a Verdade (Jo.14:6), a Igreja é a única instituição sobre a face da Terra que pode viver a verdade e, por isso, sustentá-la e defendê-la num mundo que vive enganado pelo pai da mentira.

- Como guardiã da verdade e se santificando nela (Jo.17:17), a Igreja tem a difícil tarefa de proclamar, sustentar e defender a sã doutrina, a Palavra de Deus. Lamentavelmente, porém, nos dias de apostasia em que vivemos, cada vez mais notamos o abandono da verdade por milhares de sedizentes cristãos.

I – O QUE É DOUTRINA E O SEU PAPEL NA IGREJA

- Doutrina é palavra de origem latina, cujo significado é “conjunto coerente de idéias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas”. Em latim, “doctrina” significa “ensino, instrução dada ou recebida, arte, ciência, doutrina, teoria, método”. Assim, a doutrina é um ensinamento, uma instrução que alguém dá a outrem. Aliás, a palavra “doctrina” é derivada de “docere”, que significa ensinar. Doutrina, portanto, é um ensinamento, um ensino, uma instrução que alguém que sabe (o sábio ou “doutor”) dá a alguém que não sabe (o aprendiz).

- Vemos, portanto, pelo seu significado latino, que “doutrina” significa ensino e, portanto, quando falamos em “doutrina bíblica” estamos a falar no “ensino da Bíblia”. Ora, a Bíblia é a Palavra de Deus e, portanto, o “ensino da Bíblia” nada mais é que o ensino da Palavra de Deus, o ensino de Deus ao homem. “Doutrina”, portanto, é o ensino que Deus dá ao homem a partir da Sua Palavra, da revelação divina à humanidade, que consta da Bíblia Sagrada.

- Ora, se a doutrina é a Palavra de Deus e esta Palavra, como nos ensinou Jesus, é a Verdade (Jo.17:17), quando o apóstolo Paulo denomina a Igreja de “coluna e firmeza da verdade”(I Tm.3:15), está a dizer que a Igreja é a “coluna e firmeza da doutrina”, ou seja, cabe à Igreja sustentar e manter a doutrina, a Palavra de Deus.

- A primeira vez que surge a palavra “doutrina” nas Versões Almeida (Revista, Corrigida, Fiel e Contemporânea) é em Dt.32:2, onde, no cântico de Moisés, consta a expressão “goteje a minha doutrina”, palavra que é a tradução de “leqach”(לקח), cujo significado é “ensino”, “instrução”, tanto que a palavra é traduzida por “ensino” em outras versões bíblicas (como a Tradução Brasileira, a Nova Tradução na Linguagem de Hoje e a Nova Versão Internacional). Neste primeiro aparecimento da palavra, ainda que em um contexto poético, percebe-se claramente que Moisés considera que todos os ensinos que havia dado ao povo de Israel, ensinos estes que eram resultado da revelação divina ao próprio Moisés, constituíam ensinos que deveriam ser continuamente ministrados ao povo e que representavam para este povo a sua própria fonte de vida, a sua própria renovação, pois deveriam estes ensinos “gotejarem”, ou seja, pouco a pouco, de forma contínua e permanente, cair sobre o povo, a fim de lhe dar vida, assim como a chuva e o orvalho, pela manhã, fazem em relação à terra.

- Esta expressão de Moisés, também, mostra-nos que a doutrina é algo que vem do alto, que vem do céu, seja na forma de chuva, seja por meio da condensação do vapor d’água encontrado no ar(o orvalho), indicando-se que a doutrina não é obra do homem, mas resultado da revelação divina, de um ensino vindo diretamente da parte do Senhor.

- Por fim, a expressão de Moisés dá-nos a nítida noção de que o trabalho da doutrina é manter a vida e uma vida renovada no ser humano, pois é comparada ao chuvisco sobre a erva e a gotas d’água sobre a relva. Todos nós já divisamos, pela manhã cedinho, o orvalho que está a manter molhadas as ervas e a relva, mantendo-as bem verdes, dando-lhes vida, vigor e exuberância (i.e., beleza). Os campos verdes, pela manhã, aquele frescor que sentimos quando nos encontramos em uma área verde logo pela manhã, que tão bem nos faz à saúde, é o resultado desta ação refrescante da chuva e do orvalho. Este é o papel da doutrina em nossa vida espiritual: refrigério para a nossa alma, renovação de nossas forças espirituais, concessão de beleza e de prazer aos nossos corações e a todos quantos travam contacto conosco. Bem se vê, portanto, que bem ao contrário dos que dizem que a doutrina torna o homem insensível a Deus, vemos que o papel da doutrina é precisamente o de nos conceder vida, vida abundante, refrescor e sensibilidade diante de Deus e dos homens.

- Por isso, a Igreja, na sua função de “coluna e firmeza da verdade”, faz com que o refrigério de Cristo alcance as vidas humanas. Ao defender a sã doutrina, a Igreja não está fazendo outra coisa senão levar aos homens o amor de Deus, o consolo do Senhor, a felicidade e a dignidade de que o homem é tão carente, separado que está de seu Criador pelo pecado. Não é outro o sentido da pregação de Pedro, registrada em At.3:19, quando disse aos ouvintes que deveriam se arrepender e se converter, para que os pecados fossem apagados e viessem os tempos do refrigério pela presença do Senhor.

- O refrigério pela presença do Senhor é algo que somente advém ao ser humano mediante o ensino da Palavra de Deus, mediante a ministração da doutrina. Jesus, mesmo, afirmou que somente encontraríamos descanso para as nossas almas quando aprendêssemos dEle, que era manso e humilde de coração (Mt.11:29). “Refrigério”, como sabemos, é o “ato ou efeito de refrigerar(-se); sensação agradável produzida pela frescura; consolo, alívio de qualquer natureza; conforto moral “. Somente através do “refrigério”, conseguimos ter a mudança de nosso caráter, tornando-o o nosso “eu”, sem empenho, arrefecido, esfriado, pois “refrigério” vem da palavra latina “frigere”, que tem, entre outros significados, o de esfriar, perder o empenho, arrefecer.

- Jesus afirmou que, para nós O seguirmos, precisamos renunciar a nós mesmos. Quem não renuncia a si mesmo não pode ser discípulo de Jesus (Mt.16:24; Lc.14:33). Para renunciarmos a nós mesmos, temos de fazer com que o velho homem, a velha natureza seja crucificada com Cristo (Gl.2:20) e isto só é possível se tivermos o refrigério pela presença do Senhor, ou seja, o aprendizado de Cristo, o que se dá única e exclusivamente pela doutrina. É preciso que soframos a sã doutrina (II Tm.4:3), isto é, que suportemos a doutrina, que nos submetamos a ela, pois só assim teremos descanso para as nossas almas, só assim manteremos o velho homem, a natureza pecaminosa sob domínio do Espírito Santo e poderemos servir a Jesus até o dia da glorificação.

- Esta tarefa da ministração da doutrina é mais uma das missões destinadas pelo Senhor Jesus à Igreja. O Senhor constituiu na Igreja pessoas para esta tarefa de ministrar a Palavra de Deus, 


Ev. Carlos Borges(CABB)

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