A VERDADEIRA MENSAGEM
DO MILÊNIO
Um famoso historiador revela que esse 2 mil anos aguardam algo de
extraordinário.
Por Paul Johnson
O que importa na história nem
sempre é o que acontece, mas também o que obstinadamente se recusa a acontecer.
Foi em 1882 que o filósofo Friedrich
Nietzsche fez o célebre e
terrível anúncio: “Deus está morto.”Falava em
nome de muitos intelectuais que
acreditavam que o progresso da ciência levaria a um declínio da fé religiosa –
o cristianismo vindo a ser o principal
perdedor.
Ao aproximar-se o ano 1900,
muitos eminentes pensadores seculares, inclusive George Bernard Shaw e H.G.Wells,
argumentavam que o raiar do século 20 marcaria o fim da fase religiosa da
História.
Ainda em 1957, Julian Huxley, primeiro diretor-geral da
UNESCO, escrevia, em triunfo antecipado: ”Operacionalmente,
Deus começa a parecer não um governante, mas um último evanescente sorriso
cósmico.”.
Mas cá estamos, no limiar de
um novo milênio, e o cristianismo está bem vivo e forte no pensamento e no coração
de incontáveis crentes. E todas as evidências sugerem que ainda estará
florescendo dentro de mais mil anos, pois continua alançar novas raízes e a
recuperar territórios perdidos.
Na África Ocidental, cristãos
– cujos antepassados há dois séculos eram pagãos – construíram uma das maiores igrejas
do mundo, praticamente do tamanho da Basílica de São Pedro em Roma. Na Rússia,
o prédio que por 67 anos abrigou o Museu
da Religião ê do Ateísmo é hoje uma
igreja da fé cristã ortodoxa, repleta de fiéis.
Nos Estados Unidos, quase
metade da população frequenta regularmente um local de culto – a grande maioria
– igrejas cristãs. O catolicismo espalha-se pela África do Sul, o evangelismo
protestante, pelo Brasil e pela América Latina. O cristianismo está até mesmo
voltando a crescer na China, a despeito de 50 anos de esforço por parte do
governo comunista para subvertê-lo.
O milênio, portanto, e nada
menos que um jubileu cheio de mistérios notáveis. E o primeiro mistério é este:
há dois mil anos uma criança nasceu numa aldeia obscura e remota do Império Romano.
A criança cresceu e tornou-se um reformador
religioso que pregou durante três anos e
depois foi condenado à morte por ser um estorvo às autoridades colônias
romanas.Em resumo,trata-se da história de um fracasso,terminando em morte horrenda e vergonhosa.
Hoje o mundo de seis milhões
de habitantes conta os anos e conduz seu ciclo anual em memória desse
fracassado que foi crucificado.Pela
primeira vez, a Igreja Católica
conta com mais de um bilhão de
fiéis e outras igrejas cristãs têm ao
todo quase o mesmo número de seguidores.
É impossível viajar para qualquer parte do globo sem encontrar uma igreja ou
capela, um símbolo ou objeto de arte comemorando a obra de Jesus.
De certo modo, o mistério do
sucesso póstumo de Jesus e a permanência de suas palavras ajudam a explicar outros
mistérios. Pois sua mensagem é: “O poder
é efêmero e o sucesso mundano não passa de pó e cinza.”.
É curioso notar que, em todas
as eras e todas as sociedades, grandes massas de pessoas são atraídas pelos
mansos e não pelos fortes, pelos sofredores e não pelos vencedores, Jesus tocou
nesse ponto sensível da humanidade – a bondade e a compaixão que existe dentro
de nós - e nisso fundou aquela que muitos acreditam seja a mais influente de
todas as religiões.
Se Jesus voltasse às vésperas
do terceiro milênio encontraria tanto fenômenos estranhos quanto familiares.
Estranho seria o esplendor das
muitas instituições eclesiásticas que Ele fez surgir – a Basílica de São Pedro,
por exemplo, ou a Catedral de São Paulo, em Londres.
Familiares a Jesus seria os
ecos preciosos de suas próprias Palavras.
Se Ele ouvisse um sermão comum
pregado na missa de domingo na igreja católica de uma aldeia italiana, ou no ofício
numa capela batista do Texas, ouviria as mesmas injunções que dirigiu ao povo
da Judéia há quase 2 mil anos.
Ele observaria ainda que suas
palavras não perderam a importância.
Podemos usar a internet e ver o
mundo pela TV, mas basicamente somos iguais aos pecadores, plantadores de
olivais e pastores que se sentavam aos pés de Jesus no monte. Um dos temas dos
ensinamentos de Jesus conserva até hoje
pertinência especial e, além
disso, explica por que o cristianismo
não precisa recear os desafios do terceiro milênio.Esse tema central é o de que Deus, e não o homem,
é a autoridade final.Somente Deus tem
direitos. Os seres humanos têm deveres, e negar a Deus seus direitos é
um risco que corremos por nossa conta.
Vivemos um século terrível de
guerra e destruição precisamente porque homens poderosos usurparam as
prerrogativas de Deus. Denomino o século 20 o Século da Física, inaugurado
pelas teorias espaciais e geral de Einstein.Durante
esse período, a Física tornou-se a
ciência dominante, produzindo a energia nuclear e as viagens espaciais.
Este último século também
gerou a engenharia social – a prática de mover grandes massas de seres humanos
de um lado para outro, como se fossem terra ou concreto.
A engenharia social foi uma característica
- chave dos regimes totalitários nazista e comunista, onde se combinou com o
relativismo moral – crença de que o certo e o errado podem ser modificados
segundo a conveniência das sociedades humanas – e a negociação dos direitos de Deus.
Para Hitle, “ a lei maior do partido” tinha
precedência sobre os Dez Mandamentos.
Lênin louvava a “consciência
revolucionária” como guia mais seguro para a humanidade do que a
consciência inculcada pela religião.
Este século está terminando e
a Física não é mais a ciência da moda. Seu lugar foi ocupado pela Biologia, desde a descoberta
da estrutura em dupla hélice do DNA, em
1953, por Watson-Crick, e o
nascimento da moderna ciência da genética.Nestes últimos 50 anos revelamos muitos
dos segredos da vida.Agora entramos no século 21, o Século da Biologia, que nos
ameaça com experiências em grande escala da engenharia genética – não
apenas em plantações e animais, mas
também em seres humanos.
Alguns cientistas acreditam
que o recém-adquirido conhecimento de genes nos oferece a oportunidade de
transformar o evolucionismo em direções “progressistas”, tornando as pessoas mais
sadias, mais inteligentes e longevas. Portanto, o terceiro milênio poderá
começar com seres humanos “clonados”, “bebês projetados” e outras demonstrações
alarmantes de que o homem tem hoje o
poder de brincar de Deus.
Diante desse panorama
científico, é confortador lembrar que o cristianismo, com sua mensagem
essencial de submissão a um ser superior, permanecem tão fortes e expressivos. As
palavras de Jesus criaram um conjunto de
fé e moral que permitiu a humanidade derrotar a engenharia social e hoje fornece defesa contra a ameaça
da engenharia genética.
Há dois mil anos um homem
chegou ao mundo pregando uma doutrina de bondade, amor e humildade de espírito,
que prevaleceu e floresceu. E continua conosco.Esses vinte séculos demonstraram
que a doutrina não consegue eliminar completamente o lado mais tenebroso da humanidade.
Não pode acabar com as guerras,
a crueldade, a ganância e o sofrimento dos pobres. Mas alivia tudo isso e oferece uma visão perene
de nosso eu melhor e mais puro, e do
mundo melhor e mais puro que poderíamos criar.Seja quais forem os males que surjam entre nós, a mensagem de Cristo contém os meios de superá-los.
Nos dois milênios da era cristã
vencemos muitos flagelos da humanidade – repetidos períodos de fome, a varíola.
Mas não vencemos a morte. Talvez o maior mérito do cristianismo seja fornecer
uma chave para esse último mistério.Ele
oferece um antídoto ao medo que a morte desperta em nós, uma promessa firme de
outro mundo além deste e o meio de nele ingressar.
É este o legado duradouro
deixado pelo homem nascido há dois mil anos, legado que não se enfraqueceu em
todos esses anos e que nos transporta com fé e esperança para o terceiro
milênio, sem temer o que quer que essa nova era nos traga.
Copilado da revista Seleções Reader’s Digest (Dezembro de 1999).
Postado por Alberto (CABB)
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